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Médicos e indústria

Seminário suscita polêmica sobre o conflito de interesses

Bráulio Luna Filho, coordenador do encontro (ao centro), entre o presidente Bacheschi e o conselheiro Reinaldo Ayer

Médicos e representantes da indústria farmacêutica tiveram um debate polêmico sobre o conflito de interesses na relação, expondo seus pontos de vista no evento promovido pelo Cremesp, realizado em sua sede, neste dia 26 de novembro. O Seminário A Relação entre os Médicos e as Empresas Farmacêuticas, de Equipamentos, Órteses e Próteses contou com a participação de Luiz Alberto Bacheschi, presidente do Cremesp, Akira Ishida, conselheiro do Cremesp e representante da Associação Médica Brasileira (AMB), Braulio Luna, conselheiro do Cremesp, e Cid Carvalhaes, presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), na mesa de abertura.

Durante a manhã foram apresentados resultados preliminares das pesquisas quantitativa e qualitativa feitas pelo Cremesp com médicos sobre a questão do conflito de interesses. Em sua palestra, Guilherme Brauner Barcellos, médico intensivista, diretor do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers) e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar, relatou que não só é possível como ele realizou um evento sem o patrocínio da indústria farmacêutica. O médico criou o site Alerta – Amostra nunca é grátis para enfatizar que a estratégia da indústria de oferecer brindes, viagens e inscrições para congressos médicos, aparentemente isenta de propósitos comerciais, pode influenciar as prescrições, fazendo com que médicos indiquem ou sugiram determinadas marcas em detrimento das concorrentes.

Barcellos, Barros, Marques Filho e Claudia: debate polêmico

Com mediação do conselheiro do Cremesp, José Marques Filho, o debate seguiu com palestra de José Augusto Cabral de Barros, professor da Universidade Federal de Pernambuco. Ele argumentou que “os médicos podem ser assediados, mas devem colocar os neurônios para funcionar e refletir sobre essas ações”. Claudia Colucci, repórter especial da Folha de S. Paulo, lembrou que os jornalistas também são assediados e sofrem conflitos de interesse ao receberem convites da indústria farmacêutica para participação em congressos médicos.

“É de interesse da sociedade e do mercado que o Estado regule a relação médico-indústria farmacêutica. É uma obrigação constitucional. O governo possui força e legitimidade para isso por meio da Anvisa. Precisamos de pressão da sociedade, dos conselhos e universidades para termos medidas regulatórias mais fortes, que proíbam inclusive a publicidade na mídia”, afirma Renato Azevedo, vice-presidente do Cremesp.

Diretores e conselheiros do Cremesp na primeira fila,
com Carvalhaes, e demais profissionais presentes ao evento

Fotos: Osmar Bustos