

CAPA

EDITORIAL
A Torre de Babel e a saúde do brasileiro

ENTREVISTA
Edson de Oliveira Andrade

CLASSE MÉDICA EM MOVIMENTO 1
A defasagem nos honorários

MERCADO DE TRABALHO
Confira salários pagos pelas maiores prefeituras

CONSELHO
Anuidade de Pessoa Jurídica

ATIVIDADES
Cremesp lança campanha de rádio em defesa da Saúde

CLASSE MÉDICA EM MOVIMENTO 2
Exame de Habilitação Profissional

CLASSE MÉDICA EM MOVIMENTO 3
Os rumos da Medicina e das políticas de saúde no país

RESOLUÇÃO
Não há parto sem risco

BIOÉTICA
Fórum do Cremesp analisa criação do Conselho Nacional de Bioética

SERVIÇOS E AGENDA
Destaque para o Guia de Serviços do Cremesp

NOTAS
Alerta Ético sobre Descanso Médico

PARECER
Retenção de maca em ambulância. Quem responsabilizar?

HISTÓRIA - HOMENAGEM
Luiz Carlos Raya

GALERIA DE FOTOS

CLASSE MÉDICA EM MOVIMENTO 3
Os rumos da Medicina e das políticas de saúde no país
Congresso discute rumos da Medicina e das políticas de saúde
No dia 5 de novembro de 2004, na Faculdade de Medicina da USP, aconteceu o V Congresso Paulista e o IV Congresso Brasileiro de Política Médica, quando profissionais de Medicina de todo o Brasil, lideranças médicas, parlamentares e autoridades reuniram-se para debater os problemas da saúde de nosso país e os rumos da Medicina. A discussão também foi relevante para formular propostas para intervir no processo político, com os objetivos de melhorar a qualidade da assistência aos cidadãos e valorizar tanto o médico quanto a Medicina.
Promovidos pela Associação Paulista de Medicina (APM) e pela Associação Médica Brasileira (AMB), o congresso dedicou painéis para debater temas como o sistema de saúde suplementar e a implantação da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), a questão da proliferação indiscriminada de escolas médicas, os problemas da rede pública de saúde, a Lei do Ato Médico e a formação de uma entidade única dos médicos, entre outros.
O ministro da Saúde, Humberto Costa, um dos convidados, falou sobre Desafios e Perspectivas do Sistema Único de Saúde em mesa composta pelos presidentes da AMB, Eleuses Vieira de Paiva; da APM, José Luiz Gomes do Amaral; e do Conselho Federal de Medicina, Edson de Oliveira Andrade; além do diretor da FMUSP, dr. Giovanni Guido Cerri; e do diretor de Saúde Pública da AMB, Samir Dahas Bittar, como moderador.
As lideranças médicas solicitaram ao ministro explicações para o fato de a Resolução Normativa 82 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) não ter compatibilizado ao rol de procedimentos a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos, quebrando um compromisso assumido anteriormente pela ANS. Humberto Costa não se comprometeu: “estamos ainda em processo de análise, que deve ser breve”.
Humberto Costa também anunciou que o Ministério da Saúde está elaborando um projeto de lei sobre Responsabilidade Sanitária, inspirado na Lei da Responsabilidade Fiscal. A proposta estabelece punições administrativas e criminais aos prefeitos e governadores que não cumprirem a destinação correta de recursos para a saúde, determinada pela Emenda Constitucional 29.
Formação do médico
Na discussão sobre a formação do médico e as recentes modificações no currículo de graduação, houve críticas generalizadas à proliferação de novos cursos de Medicina tanto por parte dos médicos quanto da própria Universidade. O presidente da Comissão de Graduação da FMUSP, professor Milton de Arruda Martins, propôs que entidades e escolas médicas trabalhassem num projeto comum para a avaliação permanente dos alunos. O diretor da FMUSP, Giovanni Guido Cerri, defendeu uma avaliação rigorosa do futuro médico já nas próprias faculdades. Por fim, o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Bráulio Luna Filho, levou ao conhecimento do público que a entidade está promovendo diversos debates e finalizando proposta de realização de um exame de habilitação profissional para médicos recém-formados, em caráter experimental.
Saúde pública
Em mesa moderada pelo presidente da Associação Paulista de Medicina, José Luiz Gomes do Amaral, o secretário municipal da Saúde, Gonzalo Vecina, abordou a municipalização do SUS, com destaque para a rede básica, o Programa de Saúde da Família e o de humanização do atendimento. Já o secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, defendeu o aumento e a estabilidade dos recursos financeiros e o modelo de parcerias com organizações sociais e universidades para a administração de hospitais públicos.
Sistema privado de saúde
O congresso da APM e da AMB abordou a relação entre planos de saúde, médicos e pacientes. Deste debate, presidido pelo diretor de Defesa Profissional da APM, Florisval Meinão, participaram o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Arlindo de Almeida; o diretor da seguradora Sul América, Manoel Peres; além da coordenadora do departamento jurídico da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), Maria Inês Dolci, que fez críticas à Lei 9.656/98 e ao Programa de Incentivo à Adaptação dos Contratos. “Há um vácuo regulatório muito grande, que propicia estratégias contratuais lesivas ao consumidor”, disse.
Outro convidado, o diretor de gestão da Agência Nacional de Saúde Suplementar, Gilson Caleman, também foi inquirido sobre a não compatibilização do rol da ANS com a CBHPM.
Entidade única dos médicos
O presidente da Associação Médica Brasileira, Eleuses Vieira de Paiva, falou dos avanços das discussões sobre a criação de uma única entidade representativa dos médicos. Lembrou que a AMB e o CFM vêm se reunindo mensalmente, em conssonância com as discussões já promovidas nos Conselhos Regionais e também no Conselho Científico da AMB: “nunca houve tanta união da classe médica como nos últimos anos”.
O vice-presidente da Região Sul da AMB, Remaclo Fisher, afirmou que a entidade única só traz benefícios, pois otimiza custos e trabalho, aproxima lideranças e resulta em ganhos políticos. “O momento é favorável e a classe médica deseja esta unificação”, observou Fisher. “O passo atual é definir dentro da classe o modelo a ser seguido para depois formatá-lo”.
Ato Médico
O presidente do CFM, Edson de Oliveira Andrade, destacou os principais pontos do Projeto de Lei do Senado 25/2002, conhecido como a Lei do Ato Médico. Frisou que ele respeita as prerrogativas dos diversos grupos profissionais e é fundamental para a proteção da sociedade. “Sabemos o que somos, o que fazemos e queremos fazer bem feito, com responsabilidade”, afirmou o presidente do CFM, ao comentar o PLS, ponto a ponto. “Esta é uma lei cidadã, que respeita a atividade de outros profissionais, ao mesmo tempo que exige o respeito que a Medicina brasileira merece”.