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Ensino Médico

Iniciativa bem-sucedida, a avaliação de recém-formados terá continuidade

Foi bem sucedida a iniciativa de avaliação dos estudantes do sexto ano e recém-formados em Medicina, realizada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo em 2005.

Para o presidente do Cremesp, Isac Jorge Filho, "o exame mobilizou a sociedade e indicou que deve ser ampliada a discussão sobre a qualidade do ensino".

Na avaliação dos resultados da primeira e segunda fases foram observadas limitações dos participantes nas áreas de Saúde Pública, no preenchimento de atestado de óbito, nos diagnósticos e condutas em emergência e no atendimento ao parto.

Segunda Fase

A segunda etapa da avaliação do Cremesp dirigida a estudantes do sexto ano e recém-formados em Medicina do Estado de São Paulo foi realizada em 21 de dezembro, em São Paulo. Dentre os 1.003 participantes da primeira etapa, 686 foram habilitados para o exame prático, que simulou situações em computador, de atendimento médico. O objetivo desta prova foi avaliar conhecimentos, habilidades e aptidão no exercício da Medicina.

Foram apresentadas, por meio de imagens, 30 situações que simularam problemas práticos das ocorrências clínicas mais comuns: atendimentos de emergência, procedímentos médicos, realização e leitura de exames diagnósticos, dentre outras situações. Os candidatos serão avaliados quanto a habilidade em realizar o diagnóstico e a decisão pela conduta mais adequada de acordo com cada situação.

Todos os 286 participantes da segunda etapa do exame foram aprovados. A aprovação dependia do acerto de pelo menos 60% da prova. O Cremesp fará uma análise detalhada dos resultados, inclusive da primeira etapa (realizada em 09/10/2005 em São Paulo e Ribeirão Preto), e pretende convidar as faculdades, estudantes, docentes e entidades médicas para discutir e aprimorar o processo de avaliação, que deve se repetir todos os anos.

Os participantes da primeira e segunda fases receberão menção de agradecimento do Cremesp. Os aprovados na segunda fase receberão, também, o correspondente certificado.

Primeira Fase

Realizada em 9 de outubro de 2005, a primeira etapa de avaliação dos recém-formados em Medicina do Estado de São Paulo contou com a participação 1.003 estudantes sextanistas. As provas aconteceram na capital e em Ribeirão Preto. Levando em conta o caráter voluntário e experimental da iniciativa, a prova superou todas as expectativas tanto na inscrição prévia quanto no comparecimento no dia da prova: 88% dos inscritos prestaram o exame.

Dentre as 26 escolas de Medicina em atividade do Estado, 23 delas têm juntas, em 2005, 2.197 estudantes no sexto ano. As outras três, abertas recentemente, não chegaram ao sexto ano. Ou seja, quase a metade dos formandos participou da avaliação do Cremesp. A organização da prova esteve a cargo da Fundação Carlos Chagas, entidade com larga experiência em concursos públicos. O exame foi programado para ser realizado em duas fases. A primeira – que aconteceu em 9 de outubro – foi uma prova cognitiva, com 120 questões nas seguintes áreas: Pediatria, Ortopedia, Ginecologia e Obstetrícia, Cirurgia Geral, Clínica Médica, Saúde Pública, Saúde Mental, Bioética e Ciências Básicas.

Foram verificadas taxas de acertos inferiores a 10% em nove questões, dentre as 120 que compuseram a prova, o que demonstrou que o conteúdo não expressava aquilo que se deve exigir do estudante de sexto ano. Estas questões foram atribuídas como acertos a todos os candidatos. A segunda etapa, prevista para acontecer ainda em 2005, consistirá na simulação de problemas práticos das situações clínicas mais comuns. Serão utilizados recursos de multimídia que simulam atendimentos de emergência, procedimentos médicos, realização e leitura de exames diagnósticos, dentre outras situações.

Objetivos da iniciativa

O modelo de avaliação proposto pelo Cremesp pretende medir o desempenho dos estudantes de Medicina no final de curso. Portanto, não é um exame competitivo, nos moldes dos exames tradicionais para Residência Médica. O conteúdo da prova, portanto, - elaborado por especialistas, professores de diversas faculdades de Medicina – expressa aquilo que deve ser exigido do médico recém-formado. A avaliação é restrita ao Estado de São Paulo, não tem similaridade com o "exame de ordem" da OAB. Tampouco pretende ser um pré-requisito para a habilitação do médico ao exercício profissional da Medicina. O Conselho não tem o objetivo – e tampouco prerrogativa legal - para instituir um exame obrigatório capaz de impedir que os reprovados obtenham o registro e o CRM de médico.

Trata-se de mais uma proposta de avaliação do ensino médico, que vem somar-se a outras medidas igualmente relevantes que devem ser implementadas ou aprimoradas, como a avaliação permanente in loco realizada pelas próprias faculdades durante todo o processo de graduação; e a avaliação periódica e pontual realizada pelo MEC (atual ENADE, antigo Provão).

Resultados da Primeira Etapa

Conforme as regras divulgadas previamente, todos aqueles que acertaram pelo menos 60% das questões foram habilitados para a segunda etapa, que consistirá em Exame Prático. Os dados a seguir demonstram que atingiram o critério 686 formandos (68,4% daqueles que prestaram o exame). No entanto, alguns cuidados precisam ser tomados, antes de qualquer generalização.

Destaca-se que, apesar da grande adesão ao exame, a distribuição dos estudantes não foi homogênea entre as diversas faculdades de Medicina. Várias escolas estiveram representadas na avaliação por um número expressivo de formandos, a exemplo da Faculdade de Medicina (FM) da USP-Ribeirão Preto, FM do ABC, FM da Santa Casa de São Paulo, FM da Universidade São Francisco, Unifesp-EPM, dentre outras. Por outro lado, algumas escolas tiveram baixa representação: Faculdade de Medicina de Marília, FM da Unimar, FM da Unioeste, FM de Taubaté, dentre outras.

Para as escolas que tiveram baixa participação no exame, não se pode inferir genericamente os resultados desta primeira fase. No entanto, fica evidente que as escolas com baixa adesão obtiveram resultados médios de acerto inferiores àquelas com alta representatividade. O Cremesp esclarece que somente com a continuidade deste projeto e a consolidação de uma série histórica de exames nos próximos anos, será possível uma avaliação mais detalhada , capaz de apontar as melhores alternativas para o aperfeiçoamento da formação médica.

A prova e o gabarito da primeira etapa estão disponíveis no site da Fundação Carlos Chagas.

TABELA 1 – Resultado da primeira fase da avaliação dos estudantes de sexto ano de Medicina do Estado de São Paulo – CREMESP - 2005