

- APRESENTACAO
- Apresentação
- O que melhora a relação médico-paciente
- Os direitos do paciente
- Os direitos do médico
- Prontuário médico e consentimento do paciente
- Problemas no atendimento médico
- Condições de trabalho e remuneração
- O ensino médico
- Os meios de comunicação
- Responsabilidade profissional
- Denúncias e processos disciplinares
- Ações na Justiça
- Especialidades médicas com mais denúncias
- Principais queixas
- Processos e penalidades
- A quem recorrer: instâncias de cidadania
Livros do Cremesp
GUIA DA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE - 2001
Problemas no atendimento médico
Existe um compromisso muito especial assumido entre o médico e o paciente, independente da condição de profissional liberal, autônomo, ou prestador de serviços de um plano de saúde, convênio, hospital ou serviço público. O médico compromete-se a oferecer ao paciente o melhor conhecimento, considerando que, a seu alcance, existam os recursos necessários para diagnóstico e tratamento.
A Medicina, por lidar com o bem mais precioso, que é a vida, muitas vezes gera expectativa de resultados infalíveis de tratamento e cura. Mas a prática médica, como qualquer atividade humana, está sujeita a erros, obstáculos e dificuldades que muitas vezes são imprevisíveis e incontroláveis.
Alguns problemas no atendimento médico podem eventualmente resultar em danos à vida ou à saúde do paciente, seja pela ação ou pela omissão do médico. Quando ocorrem, esses problemas acontecem em situações específicas, caracterizadas por imperícia, imprudência ou negligência.
No primeiro caso, o da imperícia, o médico pode cometer algum equívoco por desconhecimento, inexperiência, falta de habilidade ou de observação às normas técnicas. A imprudência, no exercício da Medicina, é caracterizada quando o profissional descuida, pratica uma ação sem a devida cautela, por esquecimento, às pressas ou de forma precipitada.
A ação por omissão, com desleixo ou falta de cuidado, como a não prescrição correta, ou assistência inadequada ao paciente, é identificada como negligência do profissional. Essas situações que podem dar origem a processo disciplinar nos Conselhos de Medicina não podem ser confundidas com procedimentos que fogem ao controle do médico, a saber:
Resultado adverso
Quando o profissional empregou os recursos adequados obtendo resultados
diferentes do pretendido. A adversidade é decorrente de situação incontrolável,
própria da evolução do caso ou quando não é possível para a ciência e
para a Medicina prever quais pessoas, em quais situações, terão esse
resultado indesejado. O resultado adverso, embora incontrolável, muitas vezes
pode ser contornável pelo conhecimento científico e habilidade do
profissional.
Acidente
imprevisível
Pode acontecer durante o ato médico, em procedimentos de diagnóstico ou de
tratamento; pode estar ligado a anomalias ou variações, anatômicas ou
funcionais, ou ao tipo de resposta do organismo do paciente. É difícil para o
leigo discernir, com clareza, o que seja acidente em procedimento médico, para
se convencer de que não se trata de um erro.
Complicação
É o aparecimento de novo fenômeno no curso do tratamento, a exemplo de uma
nova doença que agrava o quadro clínico. O paciente nem sempre encara como tal
e, ocasionalmente, pode interpretar a situação como decorrente da culpa
do médico que, na visão dele, paciente, poderia ter sido evitada. Um dos
exemplos mais comuns é a infecção hospitalar, que independe da competência médica
e ocorre mesmo nos serviços e hospitais de melhor qualidade onde circulam
portadores de diferentes patologias.
O que aumenta os riscos de problemas no atendimento médico?
-
falta de recursos humanos, materiais e equipamentos nas unidades e serviços
de saúde;
-
número excessivo de pacientes e pouco tempo dedicado a cada um, seja na
consulta ou na internação;
-
restrições de coberturas, limitações de atendimentos e exames por
arte dos planos privados de saúde;
-
más condições de trabalho e de remuneração do médico; acúmulo de
empregos e atividades; aumento de tensão e estresse profissional; falta de
tempo para se dedicar ao aprimoramento profissional;
-
deficiências do ensino médico, assim como a autorização de abertura e
funcionamento de cursos de Medicina sem as mínimas condições de formar bons médicos.