etica_em_homeopatia

93 ATRAJETÓRIADAHOMEOPATIANOBRASIL DESDE SUA INTRODUÇÃOEM 1840 A história da Homeopatia no Brasil tem cerca de 180 anos, contando com a valiosa contribuição de Benoit Jules Mure e Émile Germon, homeopatas franceses. 37 Mure chegou na cidade do Rio de Janeiro, vindo de Lyon (França), em 1840 e é oficialmente considerado o ”Pai da Homeopatia no Brasil”. Germon publicou, em 1843, o primeiro livro desta prática: o “Manual Homeopático”. Entretanto, “ antes mesmo da Homeopatia ser introduzida no Brasil, seu nome já havia sido mencionado nas cortes brasileiras, pois, Hahnemann havia trocado correspondência com José Bonifácio, sobre mineralogia, já que ambos tinham grande interesse pelo assunto. Foi no Brasil que Hahnemann mandou buscar a planta Ipecacuanha para prepará-la segundo suas técnicas”. 38 Desde sua chegada ao Brasil, Mure tornou-se um combativo propagador do método hahnemanniano. Combativo sim, pois a Homeopatia foi recebida no Brasil precedida pela ótica discriminatória dos alopatas europeus e dos médicos formados nas faculdades europeias. O período de implantação da Homeopatia, contextualizado por Madel Luz entre os anos de 1840 e 1859, foi caracterizado pela “ propaganda homeopática em todos os níveis, com a provocação de grandes debates e polêmicas pelos homeopatas na imprensa, na Academia de Medicina, nas Escolas Médicas existentes (Rio e Bahia), nos poderes públicos (executivo, legislativo, judiciário) e na sociedade civil [...] ” 39 Joaquim Manoel de Macedo (1820-1882), médico formado em 1844 na Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro, mas conhecido e reconhecido popularmente como brilhante romancista, em seu primeiro livro publicado no mesmo ano de sua formatura, “ A moreninha”, no Capítulo XIII, denominado “ Os quatro em conferência”, descreve um debate entre quatro estudantes de Medicina, cheio de referências irônicas e críticas à Homeopatia, Hahnemann e ao Organon, que é comparado com o Alcorão. 40 Cumpre salientar que o romancista, apesar de formado médico, nunca exerceu a Medicina. Mure era um utopista e passa a ocupar espaço significativo no contexto social e científico do Brasil da primeira metade do século XIX, por acreditar que “ o desenvolvimento científico só é de fato evolução quando há progresso ético simultâneo”. 41 Contrapondo-se à prática exclusora da alopatia, ele propõe fortemente a prática da Medicina Social, e “ inclui em seu projeto o tratamento dos escravos e das classes sociais sem acesso à medicina da Corte”. 41

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