56 Nesta linha de raciocínio, há evidente diferença no modo de observação do paciente e coleta de dados úteis por parte dos médicos que prescrevem medicamentos homeopáticos ou alopáticos. Para aplicar a alopatia, é inútil, excêntrica e onerosa a coleta de sintomas ou sinais que de nada servem para definir precisamente o diagnóstico da doença que aflige o paciente, para os quais utilizarão recursos que em geral combatem os efeitos danosos no organismo ou diretamente os agentes que estão causando a doença. Por uma questão de método, porém, o médico que pretende usar a terapêutica homeopática deve realizar uma abordagem minuciosa da sintomatologia do paciente, na tentativa de encontrar sintomas incomuns ou bem distintos do que se esperaria num paciente com a doença diagnosticada, para poder realizar sua prescrição em bases consistentes com o respeito à singularidade de cada doente. Em consequência, a consulta médica em homeopatia é mais demorada e completa para que sejam selecionados os sintomas da totalidade sintomática mais característica. Coerentemente, deve coligir todas as informações que permitam caracterizar o sofrimento singular de cada doente em sua dimensão biopsicossocial, tanto nos quadros agudos como crônicos. Para cada sintoma, deve proceder à sua modalização completa, sempre que possível, tal como ensinado nos livros de semiologia médica: natureza ou tipo, localização, irradiação (se dor), início e evolução, duração, frequência, fatores de agravação ou melhoria e sintomas associados ou concomitantes. Já nos casos crônicos, deverá ampliar o leque de informações com o apanhado da história biopatográfica do doente ao longo da vida, além de conhecer aspectos que envolvem a saúde mental (medos, ansiedade, angústias, sensações estranhas ou novas, estado de humor, sonhos, etc.) e as características de funções orgânicas gerais como sono, desejos e aversões alimentares, transpiração, reações às condições climáticas, entre outras. É também necessária a definição do diagnóstico clínico ao mesmo tempo em que o médico homeopata busca os sintomas peculiares e extraordinários do paciente como ser humano. De fato, como identificar o que é incomum ou peculiar se não está identificado o que é comum, ordinário, no caso do doente? E o que representa o diagnóstico clínico senão informações comuns que qualificam a doença que acomete o paciente, ponto de partida para uma investigação artesanal e meticulosa, pelo médico, das peculiaridades e
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