55 Entretanto, o perfil de sintomas, após o uso experimental do fármaco, não terá serventia futura na prescrição médica, servindo apenas para sinalizar os possíveis efeitos adversos. As dissonâncias entre a alopatia e a homeopatia se tornam nítidas ao se comparar o modus operandi do médico que pretende usar a alopatia como recurso terapêutico exclusivo daquele que irá se valer da homeopatia. Embora Hahnemann entendesse, em sua abordagem fenomenológica, que o silêncio dos sintomas após o estabelecimento do tratamento efetivo seria a demonstração do bom resultado terapêutico, também estabeleceu critérios próprios e exclusivos para separar os sintomas úteis para a prescrição daqueles que seriam considerados menos relevantes. Para ele, a totalidade dos sintomas que incomodam o doente era sinal do padecimento da força vital, e sua remoção implicaria o retorno à saúde. Entretanto, adicionou um critério especial para a escolha dos sintomas que comporiam a totalidade sintomática: deveriam ser selecionados os sintomas e sinais mais evidentes, singulares, incomuns e próprios do caso específico do paciente (Organon, §153). Diversamente da escolha dos sintomas patognomônicos ou mais comuns que indicariam o diagnóstico da doença, como conduta racional para os prescritores da alopatia que derivam a terapêutica diretamente do diagnóstico definido, o prescritor da homeopatia deve focar nos sintomas menos comuns e peculiares relatados pelo doente no curso de sua doença, para poder escolher o medicamento mais indicado. A totalidade dos sintomas precisamente identificados como singulares forneceria a pista para determinar o medicamento homeopático mais apropriado e, em sua ausência, constituiriam um fator limitante para o êxito do tratamento, como apontou Hahnemann no §165 do Organon: “Se, porém, não houver exata semelhança entre os sintomas do medicamento escolhido e os sintomas incomuns, peculiares, distintivos do caso de doença e se o medicamento apenas corresponde à doença nos seus estados gerais, não exatamente descritos e indefinidos (náusea, debilidade, dor de cabeça etc.) e se não houver, entre os medicamentos conhecidos, nenhum homeopaticamente apropriado, o artista da cura não deve esperar, então, nenhum resultado imediatamente favorável do emprego deste medicamento” . 17
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