53 modo, do grande corpo da profissão. O grave equívoco original foi nosso – querelar com nossos irmãos sobre infinitesimais foi algo muito insensato e tolo de nossa parte”. Adotando-se, por fim, a perspectiva biopsicossocial de saúde conforme definição da Organização Mundial da Saúde — estado de completo bem- -estar físico, mental e social, e não a ausência de doença — pode-se concluir que os resultados clínicos buscados pela homeopatia e alopatia não são diferentes, estando orientados pelos mesmos valores e expectativas. O médico competente — em suas decisões tomadas com autonomia e compartilhadas com o paciente — deve ponderar o conhecimento científico, os valores do paciente e usar sua experiência profissional, num esforço analítico e sintético que integre ética e ciência em benefício do próximo e da coletividade. Neste sentido, é possível concluir que a alopatia e a homeopatia são terapêuticas convergentes, tributárias de uma mesma episteme ou racionalidade ao se valer de medicamentos prescritos segundo suas regras específicas. Os presssupostos de similitude e singularidade e impactos nas teorias em uso dos prescritores de medicamentos alopáticos e homeopáticos A inconsistência entre a teoria de ação expressa e a teoria em uso, pelo menos nas escolas médicas, é notável no fenômeno da redução do idealismo entre estudantes ao longo de sua formação, estudado desde os anos 50 na literatura médica. Após a Conferência de Ithaca, promovida em 1951 pela American Psychiatric Association e Association of American Medical Colleges, que enfatizou o conceito do " paciente como pessoa" e recomendou uma reorientação na educação médica, uma enxurrada de artigos foi publicada reivindicando uma visão do ser humano como totalidade dentro de uma prática médica compreensiva, realçando os aspectos humanitários do juramento hipocrático. Entretanto, um estudo de Eron , em 1955, sobre o efeito da educação médica nas atitudes de estudantes médicos, mostrou que havia um declínio em humanitarismo e um aumento em cinismo quando se comparavam as respostas dadas pelos estudantes no primeiro e último anos do curso médico. Eron conceituava o cinismo como " uma descrença desdenhosa na sinceridade de motivos ou retidão de conduta do homem, caracterizada pela con13
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