49 tempo, passou a ser esquecido o termo enantiopatia e adotado o termo alopatia como seu sinônimo, apesar da má fama adquirida. Alinhado com esta mudança, será aqui usado o termo alopatia no sentido que adquiriu modernamente como a aplicação de recursos terapêuticos medicamentosos embasados no princípio dos contrários, como, por exemplo, o uso de analgésicos que interrompem o ciclo bioquímico da dor, antagonistas que bloqueiam reações inflamatórias ou imunológicas ou, de modo mais amplo, antibióticos ou agentes antivirais que atuam de modo contrário aos microrganismos, seja inibindo sua reprodução/replicação, ou eliminando-os diretamente. Cabe diferenciar a moderna alopatia dos demais recursos terapêuticos médicos — como psicoterapia, reposição de substâncias biológicas necessárias ao normal funcionamento do organismo, etc — os quais integram o repertório das terapêuticas médicas sem que estejam associadas a condutas alopáticas (embasadas no princípio dos contrários) ou homeopáticas. O uso convencional da terapêutica alopática na prática médica — com sua ênfase dominante em antagonização, bloqueio, eliminação ou destruição do inimigo (imagem particularmente usada no âmbito das doenças infecciosas, parasitárias ou de causa imunológica) — reflete-se na alusão a termos bélicos frequentemente relatados no jargão médico convencional (e.g. arsenal terapêutico, propedêutica armada), em diferentes culturas e idiomas. Por outro lado, a Homeopatia usa um princípio terapêutico inverso, que se vale do efeitos secundários de medicamentos quase imateriais para desencadear respostas no organismo, sem se ocupar diretamente do agressor ou dos seus efeitos nocivos. Enquanto a terapêutica alopática está associada a respostas eficazes, porém com um leque de reações adversas ou tóxicas, a Homeopatia tem sido comumente associada à segurança de seus efeitos mais do que à sua eficácia. Por outro lado, os medicamentos homeopáticos são de menor complexidade tecnológica para sua fabricação e não estão presos a patentes ou interesses econômicos mais substanciais, diferentemente dos fármacos alopáticos. O médico, ao tomar decisões terapêuticas, deve priorizar, em alguns casos, o combate direto ao agente agressor, enquanto em outros casos os esforços podem ser concentrados na ampliação da capacidade de defesa do organismo. Ou as duas estratégias conjuntamente, atuando de modo complementar para enfrentamento das doenças ou agravos à saúde. Assim,
RkJQdWJsaXNoZXIy NjAzNTg=