45 INTRODUÇÃO A Medicina é uma ciência aplicada que se torna arte ao considerar cada ser humano em sua especificidade, buscando tanto explicar a doença, como compreender o doente que a hospeda. Enquanto ciência, é generalizadora, exigindo controle e reprodutibilidade de seus resultados, valorizando a estabilidade e a normalidade estatística em seus estudos de avaliação. Assume a concepção de que os seres humanos são semelhantes entre si. Como arte, é individualizadora, criativa, rejeitando cópias exatas de suas prescrições e envolta num ambiente de instabilidade, decorrente da enorme variabilidade entre os seres humanos. Adota, pois, concepção de que cada ser humano é singular e distinto dos demais. Concepções de verdade aplicáveis à ciência são refugadas pelos operadores da arte. Ao contrário da ciência, que se vale precipuamente dos intervalos médios da curva gaussiana em suas análises estatísticas e se desinteressa dos resultados em suas pontas, a arte despreza a normalidade estatística e se projeta nos extremos da curva gaussiana, locais de originalidade que se distinguem da mediocridade. Conforme já salientado, nos capítulos anteriores, aceita-se em Medicina que cada Ser Humano é, ao mesmo tempo, semelhante a outros seres humanos e diferente dos demais, preservando sempre sua unicidade enquanto pessoa. O médico sempre foi reconhecido como um artista da cura, expressão utilizada tanto por Galeno como por Hahnemann. Opera em cada tomada de decisão — ou realização de procedimento — de modo reflexivo, atento às particularidades de cada sujeito. Consta das Diretrizes Nacionais Curriculares do Curso de Graduação em Medicina que “o graduando será formado para considerar sempre as dimensões da diversidade biológica, subjetiva, étnico-racial, de gênero, orientação sexual, socioeconômica, política, ambiental, cultural, ética e demais aspectos que compõem o espectro da diversidade humana que singularizam cada pessoa ou cada grupo so- Os ensaios randomizados individualizados (n-de-1) são metodológica e eticamente mais aprimorados e justificáveis do que os atuais ensaios clínicos randomizados
RkJQdWJsaXNoZXIy NjAzNTg=