etica_em_homeopatia

42 CEDOPARACONFIRMAR, TARDE PARA IMPEDIR Essa outra “Medicina” não emergirá sob quaisquer circunstâncias ou condições, mas somente dentro dos limites dialógicos de nossa própria autocompreensão. Uma Medicina que estabelece consensos pontuais e contratos de acompanhamento entre o tratado e o terapeuta, além de vincular curas a sentidos não pode ser passageira. Não é tampouco um luxo exclusivo disponível para elites econômicas, ou complementar a coisa alguma. E, de certa forma, é mesmo o oposto disto. Sua alegada complementaridade revela-se ao final mais integralizadora do que a média das outras racionalidades médicas disponíveis. Alguns afirmam que uma Medicina desse gênero é elitista, pois não é possível torná-la popular. Se a psicanálise tivesse dado ouvidos a tais crenças, jamais teria se tornado um fato cultural predominante no cenário terapêutico no mundo ocidental. A Homeopatia veio como um sistema médico que, a despeito de todas as objeções, permaneceu. Ainda que a própria razão de sua permanência esteja sempre sendo motivo de constrangimento quando descaracteriza seu núcleo duro e sua própria linguagem e terminologia, para torná-la mais precisa. O custo da aceitação de um outro programa de pesquisas não pode ser o esfacelamento da episteme que o sustentou. Não se trata de apego ao modelo. O modelo não preocupa, pois, em ciência, nada é imutável, mas assumir que suas proposições estão alicerçadas em um modelo lógico. Por que então a insistência em retomar uma Medicina que privilegia a linguagem como importante acesso aos problemas clínicos do sujeito? Onde a tecnologia jamais será excluída, mas entra apenas como subsidiária e acessória que é o lugar ao qual sempre deveria ter pertencido? Anacronismo? Nostalgia? Recusa em aceitar a certificação conferida pelos ensaios clínicos controlados? Ou nenhuma das anteriores? Que tal considerar que existe na sociedade uma demanda por um outro tipo de cuidado e escuta? Porque as pessoas precisam se expressar como se sentem e não acham suficiente apenas ser fonte de pesquisa de sintomas para formulação de um diagnóstico e respectivo tratamento. Portanto, ao chegar neste ponto, precisamos aceitar que a Medicina espe-

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