etica_em_homeopatia

41 tam. Sob a perspectiva reducionista, tudo é preto no branco, é certo ou errado. Há uma mentalidade na qual não existem contextos ou condicionalidades. Não existe, enfim, a possibilidade da quase-verdade. Trata-se, afinal, de falsos céticos, pois somente acreditam em sua dogmática incredulidade – que defendem como uma causa – enquanto o verdadeiro cético dúvida até de si mesmo, de preferência com bom humor. Surge, então, o inexorável dilema: devemos ou não colocar uma filosofia como essa no front do movimento homeopático? Pensamos que não há muita escolha. Chegou a vez de certo pragmatismo na defesa da filosofia aplicada, que está além dos habituais argumentos defensivos. Encaremos apenas como um fato inexorável que a Medicina precisa se repensar, e a filosofia homeopática deve se fazer ouvir nesse diálogo. É inegável o problema gerado por uma razão tecnológica acrítica, quando indiscriminadamente aplicada às ciências da saúde. Se quisermos buscar interlocuções mais especializadas, é fundamental colocar a teoria homeopática sob o estatuto epistemológico que ela merece. Por outro lado, não há mais como sustentar uma teoria homeopática autoritária e implacável, que reage mal às contradições e aferra-se às repetições textuais e literais como a melhor, vale dizer, a única estratégia. A teoria deveria limitar-se apenas a elucidar os referenciais constitutivos de um método. Além de partilhar recursos terapêuticos ou discorrer sobre experiências clínicas, os médicos homeopatas estão diante de um corolário misterioso que interessa a todos os médicos. O que repartimos está para além da informação contida na infinitesimalidade dos fármacos, fenômeno com o qual as nanociências precisam se ocupar. O continente de nossa amostra está expondo, agora, uma nova tarefa. Talvez seja para fazer as coisas falarem de novo como propõe a hermenêutica filosófica, talvez seja para consentir que estejam vendo um novo tipo de Medicina emergir, uma Medicina que transcende as divisões anacrônicas entre homeopatia, integrativas e a biomedicina. Seria a viabilidade do terceiro princípio hipocrático: o que for mais conveniente para cada paciente?

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