37 pessoas. Desta vez, porém, quem expressa o desejo por mudanças encontra-se fora das fileiras médicas. Uma nova Medicina nada recusaria a priori , já que compreende, diante da vastidão do mal-estar contemporâneo, que não se pode dar a esse luxo. Aceita o que parece ser o mais racional, o menos invasivo e o mais de acordo com uma economia humana baseada no conhecimento da vitalidade. Uma novíssimaMedicina abraçaria a necessidade de incorporar as ciências humanas às naturais, resgatando uma interlocução dispersa no tempo. Embalada pelo terceiro princípio hipocrático, essa Medicina só pode ser aquela que mais convém a cada um. POR UMA ÉTICADOCUIDADO: UMAMEDICINA ENTRE ARTE E CIÊNCIA Mas, certamente, a grande, talvez a maior reinvenção de Hahnemann, foi ter percebido que a doença não se resume à doença stricto sensu. Parece estranho? A doença não existe sem uma pessoa, um sujeito que lhe dá abrigo. A doença só existe quando há um ser humano com toda sua carga de angústia, afazeres e cercado de ummeio, que pode ser mais ou menos hostil, mais ou menos favorável. Tudo isso variamuito, mesmo que o nome da doença seja exatamente o mesmo. O que queremos dizer, afinal, é que uma doença não tem autonomia, não vive como entidade isolada, e seu habitat pode ser confundido por tantos nomes quantos há de habitantes no globo. A doença 1 está nos indivíduos Y, We Z. No exame geral, parece que é amesmíssima coisa. Mas, ao exame atento, cada uma delas vai “reclamar” de uma forma. Vão acabar estabelecendo formas muito íntimas de se fazer falar. Por exemplo, os sintomas de uma amigdalite são razoavelmente bem conhecidos e estabelecidos, mas, no particular, elas acabarão “falando”, através dos sintomas e sinais, diferentes coisas nos diferentes sujeitos. Enquanto um apresenta tontura quando engole, o outro refere uma sensação de espinho, e, finalmente, o terceiro só consegue engolir bem quando está em pé. E, consideremos ainda que cada um possui um estado mental muito particular. E isso acontece com a maioria das moléstias crônicas prevalentes nomundo ocidental: psoríase, diabetes, hipertensão arterial, artrite reumatóide e outras colagenoses, esclerose múltipla, etc.
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