35 a ausência de patologia, mas o bem-estar biopsicossocial”? Se dependêssemos da produção científica canônica e do aparato instrumental das publicações, do jeito como estão contemporaneamente concebidas, tornar- -se-ia muito difícil alcançar a segunda parte do objetivo acima referido. As chances de que esta discussão frutifique estão nos lugares fora do mainstream. Tais áreas de escape são territórios não completamente mapeados que pressionam por renovações, malgrado seguem correndo por fora. A chave para que se possa compreender melhor a força dessas regiões excluídas, pode ser exemplificada por: pesquisas de qualidade de vida em saúde, estudos observacionais, estudos de coorte e pesquisas para conhecer a necessidade das pessoas, especialmente na atenção primária à saúde. Afinal, o objetivo ético de toda pesquisa deveria ser dirigida para beneficiar os sujeitos da sociedade. São pessoas que desejam que o atendimento médico tenha um sentido e uma direção mais abrangentes e generosos em relação às feições até aqui assumidas. É desse espaço que vem surgindo insatisfações, e uma espécie de mal-estar benévolo, que fomenta a necessidade de mudanças. Foi em função do clamor das populações, até há pouco silenciosas, que começou-se a falar de “Medicina baseada em narrativas”, de “Medicina centrada no paciente”, e da “Medicina do sujeito”. São pacientes com suas demandas, suas necessidades de se fazer ouvir, de expressar as interpretações de suas biografias junto às suas queixas clínicas. De avaliar, junto com seus médicos, seus próprios estados clínicos. São narrativas com detalhes que mostram a singularidade dos contextos de cada sujeito, o pedido, nem sempre verbalizado, por atenção personalizada e solidariedade. A busca por pessoas que cuidem. O desejo forte de que o diálogo comos médicos não esteja restrito a meras construções discursivas científicas. Há um desejo por compartilhamento honesto sobre as dúvidas, proteção e riscos atrás de cada intervenção e procedimento. Clama-se por uma atenção focada no bem estar e na saúde mental. A qualidade da existência individual (portanto coletiva) como um categoria de sucesso terapêutico tão importante como o controle da patologia. Todas essas aspirações crescem, mesmo numa
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