etica_em_homeopatia

162 Os limites da autonomia médica esbarram, também, no respeito aos direitos do cidadão que se submete a uma determinada terapêutica. E esta precisa de subsídios epistemológicos mínimos que permitam que mesmo na escolha a ser feita, haja um consenso prévio acordado pelos praticantes de uma determinada especialidade; de que o procedimento adotado apresente algum grau de certificação empírica — portanto, de eficácia. E que adotem os critérios de bom senso e razoabilidade clínica, e que seja, sobretudo, praticado com empatia e solidariedade aos que se tratam. Isso inclui não desrespeitar o desejo dos sujeitos que se submetem aos tratamentos assim como seus familiares. Envolve seguir o espírito da lei contidos nos juramentos médicos, especialmente na prática da justiça como fundamento da dignidade da atuação médica: fazer o máximo esforço para atender o que for mais valioso e conveniente para a população. Citado por Carlos Lyrio, vale transcrever um trecho das considerações finais, em sua dissertação de mestrado30 , ao citar a reflexão de Flávio Dantas: “As múltiplas experiências emprogramas de saúde no país impõema necessidade de uma reflexão rigorosa e uma abertura à experimentação ética de práticas terapêuticas atualmente em uso. Consideramos inevitável no complexo contexto de saúde atual o imperativo de disseminar tecnologias de saúde socialmente apropriadas à realidade brasileira”. A comunidade homeopática, tendo amadurecido através da construção de consensos, responsabilidade clínica e ética, temdesempenhado papel relevante nesta reflexão e na práxis no que diz respeito a promover uma mentalidade de detecção precoce e prevenção de doenças. Sempre lembrando, também, da força epistemológica do terceiro princípio hipocrático: “Há circunstâncias em que nem os semelhantes, nem os contrários curam; é o que convém que cura31.”

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