etica_em_homeopatia

158 propedêutica armada, aplicadas às ciências da saúde, o resgate começa com a recuperação da linguagem e o significado do sofrimento para cada um, uma vez que cada pessoa tem um modo muito particular de adoecer e uma forma muito particular de estar sã. E como explicou a psicanalista francesa Elizabeth Roudinesco22 , sempre que surgem novas doenças, a Medicina também encontra novos tratamentos. Mas, ao mesmo tempo, quando some uma patologia, ela cede lugar a outra — "quando a sífilis foi controlada apareceu a AIDS, quando a psicoterapia encontrou uma forma de tratar a histeria, testemunhamos uma epidemia de depressão". Isso também significa que um médico deve se ocupar do tratamento, tendo em vista a especificidade da queixa clínica e da moléstia diagnosticada. Ora, essa observação poderia ser uma saída se — e somente se — não houvesse uma crise nos sistemas de saúde. Se a OMS estiver certa naquilo que previu o relatório de uma reunião feita emGeneva, no ano de 198823 , de que neste nosso século XXI, teremos prevalência dos distúrbios psíquicos. Afinal, estaríamos entrando naquilo que o texto nomeou como o "século da depressão". Em seu último relatório de 17 de junho de 2022, a OMS fez a maior revisão sobre saúde mental desde a virada do século: “Em 2019, quase um bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes do mundo – viviam com um transtorno mental. O suicídio foi responsável por mais de uma em cada 100 mortes e 58% dos suicídios ocorreram antes dos 50 anos de idade. Os transtornos mentais são a principal causa de incapacidade, causando um em cada seis anos vividos com incapacidade. Pessoas com condições graves de saúde mental morrem emmédia 10 a 20 anos mais cedo do que a população em geral, principalmente devido a doenças físicas evitáveis.” O relatório também exorta à comunidade ligada aos serviços de saúde a adotar novas formas de abordagem para os cuidados referentes à saúde mental: “Estabelecer redes comunitárias de serviços interconectados que se afastem dos cuidados de custódia em hospitais psiquiátricos e cubram um amplo espectro de atenção e apoio por meio de uma combinação de serviços de saúde mental integrados à atenção geral de saúde; serviços comunitários de saúde mental; e serviços para além do setor da saúde.” Há, portanto, umdilema namedicina preventiva que alerta, por um lado, para o custo excessivo para manter os recursos médico-hospitalares direcionados para doenças já estabelecidas, e, de outro, insatisfação com os modelos de

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