121 EVOLUÇÃO E APRIMORAMENTOMETODOLÓGICO E ÉTICO DOS EPHs Um ensaio pode ser descrito como controlado somente se inclui um método de eliminação que torne possível descobrir efeitos diferenciais de um fator tido como relevante para a ocorrência do fenômeno. A presença da substância original no medicamento homeopático deveria ser o único fator associado a mudanças e sintomas em voluntários saudáveis em um ensaio controlado. O medicamento controle deve ser uma preparação semelhante, idêntica em todos os outros aspectos, como gosto e apresentação, exceto por não conter a substância original e específica a ser misturada e sucussionada com o veículo. A única diferença entre placebo e medicamento de teste, neste caso, é o contato da substância original com o veículo da preparação farmacêutica. Isto permite testar os efeitos específicos do medicamento homeopático em pelo menos dois grupos de indivíduos, ou no mesmo grupo, usando um delineamento com cruzamento ou múltiplas fases. Hahnemann advogou vários procedimentos para controle de vieses ou erros sistemáticos (imprevisíveis à época), como uso de um único medicamento por vez, emprego de substâncias puras, seleção cuidadosa de voluntários confiáveis e íntegros (amigos bem conhecidos e simpatizantes da homeopatia), pesquisadores atentos e que evitassem sugestionar os voluntários, supervisão rigorosa dos resultados e controle de algumas variáveis de confusão como dieta, estilo de vida, consumo de café, bebidas alcoólicas e medicamentos. Apesar dos cuidados metodológicos tomados por Hahnemann ao propor a realização dos EPHs, vários problemas metodológicos, com implicações na validade dos resultados, foram apontados por estudiosos da homeopatia ao longo do tempo. Foram escrutinizados desde sintomas toxicológicos até sintomas que teriam sido coletados após o uso por pacientes de Hahnemann, bem como feita uma análise individualizada dos EPHs por ele supervisionados. Entre os voluntários, notou-se a ausência de mulheres – que naquela época não eram admitidas como alunas em escolas médicas – e a repetição de um mesmo sintoma, por ummesmo experimentador, em testes de diferentes medicamentos. Em relação a outros supervisores, também foi apontada a possível falta de confiabilidade em alguns deles, que testaram medicamentos na
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