etica_em_homeopatia

118 Os EPHs foram uma contribuição original da homeopatia para identificar alterações no ser humano, induzidas por medicamentos ultradiluídos e sucussionados em voluntários aparentemente sadios. Hahnemann criticou a extrapolação de resultados de experimentos com animais para a terapêutica médica, tachando-os como “obscuros e vulgares”. A relevância crucial dos EPHs na prática homeopática, e de informações acuradas deles provenientes, é posta à prova quando o médico realiza a comparação entre os sintomas que o paciente apresenta e os sintomas (supostamente fidedignos) relatados na MMH. No último parágrafo sobre experimentação com medicamentos homeopáticos da 6ª edição do Organon 3, Hannemann convidou observadores cuidadosos e confiáveis para experimentar neles mesmos. Com números crescentes de ensaios, ele antecipou uma previsão estatística de que “a arte de curar aproximar-se-á das ciências matemáticas em sua certeza” (§145). Embora a experimentação em seres humanos sadios já tivesse sido antes proposta por Albrecht von Haller (1708-1777), os EPHs são predecessores dos atuais estudos clínicos de fase 1 para testar fármacos alopáticos. São, possivelmente, os estudos mais complexos do ponto de vista clínico, pois devem separar os sintomas cotidianos das pessoas daqueles produzidos pelo medicamento sob teste, com múltiplos fatores de confusão a serem controlados. Há semelhanças e diferenças entre os EPHs e os modernos estudos clínicos de fase 1. Tanto os EPHs como os estudos clínicos de fase 1 utilizam voluntários aparentemente sadios, em pequeno número, para observar os efeitos neles produzidos após a administração dos medicamentos, com uso de placebo como controle. Entretanto, há um maior detalhamento dos efeitos patogenéticos nos EPHs, em geral do tipo B (imprevisíveis, idiossincráticas), pois as informações serão empregadas na prescrição futura de medicamentos, exigindo rigorosa coleta e minucioso detalhamento dos sintomas. Os ensaios clínicos de fase 1 são planejados para reduzir o risco de toxicidade severa e avaliar a farmacocinética dos novos fármacos, sendo coletados os sintomas, acompanhados de resultados de exames laboratoriais, apresentando reações em geral do tipo A (dose-dependentes, comuns). Drogas alopáticas reprovadas em estudos de fase 1, poderiam ser candidatas para uso em homeopatia, em função do grau de

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