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CAPA

PONTO DE PARTIDA (PÁG. 1)
Cremesp 60 anos: Medicina ética e decisões históricas


ENTREVISTA (PÁG. 4)
Nelson Guimarães Proença


CRÔNICA (PÁG. 12)
O mundo correu tanto que parou


HISTÓRIA (PÁG. 14)
Defesa da ética médica e vanguardismo


REPERCUSSÃO (PÁG. 34)
O que significa o Cremesp?


EM FOCO (PÁG. 36)
Perfil do médico paulista está em transformação


COMUNICAÇÃO (PÁG. 38)
Comunicação


CULTURA (PÁG. 41)
A Medicina nas obras de Tide Hellmeister,o mestre da colagem


FUTURO
Os próximos 60 anos


FOTOPOESIA (PÁG. 48)
Fotopoesia


GALERIA DE FOTOS


Edição 81 - Outubro/Novembro/Dezembro de 2017

EM FOCO (PÁG. 36)

Perfil do médico paulista está em transformação

Perfil do médico paulista está em transformação

O perfil dos médicos paulistas tem mudado significativamente nas últimas décadas. Feminização e faixa etária mais jovem já são realidades. Com as cotas raciais, haverá também uma maior participação de negros no mercado de trabalho médico nos próximos anos.

A feminização é a transformação mais acentuada até o momento. Quando o Cremesp surgiu, em 1957, havia apenas 256 médicas para cerca de 6 mil médicos registrados nesse primeiro ano, ou seja, as mulheres representavam apenas 4,2%. Paulatinamente, a presença feminina foi aumentando nas faculdades de Medicina.

Segundo o estudo Demografia Médica Paulista 2016, promovido pelo Cremesp em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), dos 123.761 médicos em atividade no Estado de São Paulo, no ano passado, 55,3% são homens e 44,7% são mulheres. Porém, no grupo de até 35 anos de idade, as mulheres já são maioria, com 54% do total. A feminização ocorre também nas nações desenvolvidas e no conjunto do Brasil. 

Apesar do ingresso expressivo do número de mulheres na profissão, a desigualdade entre gêneros ainda é uma barreira no progresso da carreira das médicas e fica mais evidente quando se refere à remuneração. A Demografia Médica 2015 indicou que na menor faixa de salário (até R$ 8 mil) estavam 27,9% das mulheres, enquanto os homens são apenas 14,1%. No outro extremo, na faixa salarial mais alta (R$ 24 mil ou mais) encontravam-se 20,1% dos homens e 4,4% das mulheres. 

Médicos jovens
A profissão médica em São Paulo começa a ficar também cada vez mais jovem, em decorrência da proliferação de novos cursos de Medicina. Segundo o livro Cremesp 60 anos - Valores, atitudes e desafios, a média de idade dos médicos em atividade no Estado de São Paulo cai ano a ano. Era de 44,9 em 2010 e diminuiu para 44,7 em 2016.

Parece uma diferença pequena, mas a tendência é corroborada pela média de idade dos novos inscritos. Ao longo da década de 1970, os recém-inscritos no Cremesp eram 19.905, com média de idade de 26,1 anos na data de formatura. Já na década de 2000, foram 42.897 novos médicos, com média de idade de 25,3 anos.

Cotas raciais
Apenas 0,9% dos novos médicos de São Paulo são negros (pretos e pardos), segundo levantamento feito pelo Cremesp com base na 11ª edição do Exame do Cremesp, em 2015. Percentagem ainda ínfima uma vez que, no Brasil, os negros são 53,6% da população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

É esperado que, pelo menos em relação às Faculdades de Medicina públicas do Estado de São Paulo, esta realidade comece a melhorar nos próximos anos, em decorrência das cotas raciais, previstas pela Lei 12.711, de 2012. A Faculdade de Medicina da USP (Fmusp) – a que mais resistiu à medida inclusiva – decidiu recentemente adotar as cotas sociais e raciais a partir do vestibular de 2018. O sistema será implantado de forma escalonada ao longo de quatro anos.

A Unicamp, que tem um sistema de bônus por meio do Programa de Ação Afirmativa para Inclusão Social (Paais), desde 2004, também adotou as cotas raciais e sociais em maio deste ano, mas a política começará a valer no vestibular de 2019. A meta é atingir 37,5% de auto-declarados pretos, partos e indígenas (PPIs). 

A Unesp foi a universidade estadual de São Paulo que instituiu as cotas mais cedo, em 2013. Na Faculdade de Medicina, os PPIs passaram de 14%, em 2013, para 35%, em 2016.

Colaborou: Amanda Alves


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