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CAPA

PONTO DE PARTIDA (pág. 1)
Mauro Gomes Aranha de Lima - Presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 4)
Rubens Belfort Jr.


CRÔNICA (pág. 10)
Mariana Kalil


SINTONIA (pág. 12)
Tempos Líquidos


ESPECIAL (pág. 16)
Agrotóxicos


EM FOCO (pág. 22)
Sarcopenia


CONJUNTURA (pág. 26)
O maior de todos os vazios


GIRAMUNDO (pág. 30)
Arte, genética e ciência


PONTO COM (Pág. 32)
Mundo digital & tecnologia científica


HISTÓRIA DA MEDICINA (pág. 34)
Freud, Sherlock Holmes e Coca-cola


CULTURA (pág. 38)
A escola que revolucionou o design e a arquitetura


TURISMO (pág. 42)
Dubrovnik, a pérola do Adriático


MÉDICOS QUE ESCREVEM (pág. 46)
Música barroca e psicanálise


FOTOPOESIA (pág. 48)
Como nossos pais


GALERIA DE FOTOS


Edição 79 - Abril/Maio/Junho de 2017

MÉDICOS QUE ESCREVEM (pág. 46)

Música barroca e psicanálise

Debruçado sobre o texto Música barroca e sua interlocução com a psicanálise, de Andréa da Silva Santiago*

Carlos Alberto Pessoa Rosa**

O pensamento não é pu­ro, fruto da terra do ninguém. Não! Ele é o resultado de superposições e interferências do tempo vivido; para não dizer de todos os tempos. Há os pensamentos mestres, sedimentos estáveis, emparelhados aos momentos em que tudo ocorre conforme o esperado, mas também os fragmentados e vulcânicos, mais próximos dos ruídos e barulhos, provocadores de conflitos, agitações desafiantes, tempestades.

Ondulações. Modulações. O momento individual ou coletivo é a resultante de variáveis que ora se opõem, ora se misturam. Viver é optar: equilibrar-se no desequilíbrio; ou caminhar no simulacro. Ser o resultado de pensamentos mestres, coletivos ou caóticos? Metaforizar. Acolher plasticamente as dissonâncias, afinar-se aos tempos, não silenciar além do necessário, a ouvir os ruídos próprios do momento, assim o ideal criativo.

Sendo a opção o dissonante, em qualquer tempo, ao invés do acolhimento, será mais provável a crítica. Não destoar é a regra para um convívio social; não para o pessoal. Na introspecção, os pensamentos agitam-se, vazam como lava, entram em ebulição, soltam vapores, provocativos, instigadores.

Escrevo para ser lido daqui a 50 anos, diz Graciliano Ramos sobre “Vidas Secas”. Criados em pensamentos mestres, não tem o leitor comum instrumental para lidar com o novo. Ouvidos e olhos precisam de um adestramento lento se queremos crescer. Do figurativo à crise da modernidade, o caos avança. Na música arrisca-se cada vez mais em dissonâncias, e, na literatura, na ruptura da sintaxe e do tempo narrativo, algo muito próximo dos ruí­dos atuais da alma.

Como a música que não deve se tornar escrava da palavra, a literatura não deve servir apenas de meio para se contar uma história. Ela deve extravasar-se em dobras, rupturas e fragmentos. Deslocando o que Nietzsche diz sobre a música, diríamos: A literatura jamais pode servir de meio. Mesmo em seu estado mais grosseiro, sempre ultrapassa o texto e o rebaixa a ser apenas seu reflexo. Comparada à música, toda expressão verbal tem qualquer coisa de indecente; dilui e embrutece, banaliza o que é raro.

Tanto na música quanto na literatura há imagem acústica, o significante, que na forma pura encontra-se no inconsciente. Não deseja o artista ser um significado, algo definido de fora dele, utilizar-se de sonoridades estrangeiras ou da mesmice, mas atuar ruídos próprios, antes ser significante que significado. Dar novas roupagens ao significante é sua função; ser apenas significado, o papel do comum. Sem preconceitos, mas por necessidade intrínseca. A musicalidade interior antecede o nascimento.

Na literatura, deve-se fugir “do apenas contar uma história”, necessário explorar as sonoridades próprias dos significantes através das palavras. Que a resultante seja fruto do representativo do homem atual, com suas incertezas, dissonâncias, fragmentações, transformando-se em algo universal. Descobrir o sentido no caos, explorando o que parece não ter lógica, intuir e experimentar, sem querer resolver, eis as necessidades do artista.

Entrar em contato com o universo criativo é abrir-se aos mistérios e à riqueza do inconsciente, não o apreendido em um único movimento, mas o absorvido de um modo outro, flagrando sons em periféricos desconhecidos, a palpar e ouvir o que há na estranheza e no silêncio.

A literatura, como qualquer arte, se não quiser transformar-se em artesanato deverá caminhar no que destoa, mesmo que num primeiro momento seja carregada de sonoridades desagradáveis. A função do artista é alcançar o Sujeito, através dos estados de espírito, não o indivíduo, ele trabalha com o universal, não com o anatômico, com o aberto, não com o fechado.

O que se fecha é significado, não significante, é indivíduo, não Sujeito. Acrescentar, suprimir, recriar, supondo-se que em toda obra existe “Falta” é função do artista. A obra é do indivíduo; a intuição, do Sujeito. O artista tem essa obrigação ética.


* Psicóloga pela Universidade Federal de Juiz de Fora, violonista pelo Conservatório Estadual de Música Haydé França Americano e bolsista de Iniciação Científica de Apoio a Grupos pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
**Médico e escritor, prêmio MEC de Literatura 2010, livros na Amazon.com, Coletivo Dulcineia Catadora e Pequeño Editor (Argentina), como Carlos Pessoa Rosa.

Edição 78

“Muito boa essa edição de Ser Médico!... Parabéns aos responsáveis!”.
Moacir Rodrigues de Pontes

“Adoro a revista Ser Médico. Trabalho no Laboratório Local do Centro de Saúde de Cruzeiro (SP) e aguardo sempre a chegada da revista, para ler as reportagens. É excelente, principalmente para nós que trabalhamos na área da saúde. Parabéns a todos!”
Lucimara Mimoso Silva

“Sou dermatologista e gostaria de parabenizá­-los, principalmente à jornalista Aglaé Silvestre, pela matéria sobre música erudita, onde se fala sobre a Osesp e a Sala São Paulo, numa época tão difícil, inclusive com o encerramento de atividades, como no caso da Banda Sinfônica de São Paulo. Gostaria de sugerir uma matéria sobre os corais da nossa cidade (Coral da Cidade de São Paulo, CoralUsp e outros). Alguns deles são associações sem fins lucrativos, mantidas por patronos, e oferecem gratuitamente aulas de técnica vocal e teoria musical.
Luiz Roberto de Paula

N.R.: Agradecemos os elogios. A sugestão está anotada.

Osesp

Agradecemos os elogios na matéria sobre a Osesp na revista Ser Médico (nº 78). Gostaríamos, também, de adicionar alguns esclarecimentos em relação a três pontos:

•  Muitos de nossos concertos sinfônicos são regularmente gravados e transmitidos pela TV e Rádio Cultura. Contudo, a transmissão ao vivo através de nossos canais digitais (Facebook, Youtube e site) acontece em períodos específicos, não tendo uma frequência pré-definida.
• No bloco escrito sobre o Programa Sou Osesp é dito que os médicos possuem desconto nas duas modalidades de apoio, com e sem incentivo fiscal, quando na verdade, este desconto é somente para o Sou Osesp Plano Verde – sem incentivo fiscal da Lei Rouanet.
•  Nossa Orquestra é composta por cerca de 120 músicos, e nossa Academia de Música por 44 alunos, divididos em regentes, instrumentistas e cantores.

Para mais esclarecimentos, entrem em contato através do telefone (11) 3367-9580.

Assessoria de Comunicação da Fundação Osesp

 

 


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