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Mauro Gomes Aranha de Lima - Presidente do Cremesp


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Rubens Belfort Jr.


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O maior de todos os vazios


GIRAMUNDO (pág. 30)
Arte, genética e ciência


PONTO COM (Pág. 32)
Mundo digital & tecnologia científica


HISTÓRIA DA MEDICINA (pág. 34)
Freud, Sherlock Holmes e Coca-cola


CULTURA (pág. 38)
A escola que revolucionou o design e a arquitetura


TURISMO (pág. 42)
Dubrovnik, a pérola do Adriático


MÉDICOS QUE ESCREVEM (pág. 46)
Música barroca e psicanálise


FOTOPOESIA (pág. 48)
Como nossos pais


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Edição 79 - Abril/Maio/Junho de 2017

CULTURA (pág. 38)

A escola que revolucionou o design e a arquitetura

Bauhaus

A escola que revolucionou o design e a arquitetura

Chaleira com o design da Bauhaus, de 1924

O pós-Primeira Guerra Mundial, a aproximação do universo da arte com a produção e o desejo de criar um mundo melhor levaram à criação da escola de arte moderna mais influente do século 20: a Staatliches-Bauhaus, uma escola de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda. Principalmente em sua fase mais criativa, na década de 1920, ela revolucionou objetos, móveis e projetos arquitetônicos, muitos dos quais permanecem contemporâ­neos 100 anos depois.

Fechada pelos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial, e reaberta posteriormente, ela foi fundada na Alemanha, em 1919, pelo arquiteto alemão Walter Gropius, por meio da fusão da Escola do Grão-Duque com a de Artes Plásticas. Primeira escola de design do mundo, foi muito além das artes aplicadas e atingiu diversos segmentos. Inicialmente, era mais alinhada com o Movimento de Artes e Artesanato, de tendências artísticas expressionistas. Em sua segunda fase, por meio da influência da cultura industrial holandesa e suas ideias construtivas, a Bauhaus (que significa casa da construção) ganhou a forma como ficou conhecida até hoje. A abertura às diversas tendências culturais e artísticas, bem como a vontade de experimentar novas ideias, formas e técnicas, foi uma característica extremamente importante da escola.

Livro editado pela escola, em 1923

Atualmente, a Bauhaus mantém a sua liderança como uma das melhores universidades da Alemanha na área de arquitetura, tendo também um núcleo de outros polos de ensino ligado às artes, design, mídia, música, entre outros. Seu método de ensino encontra-se intrinsecamente vinculado à própria forma de lecionar da escola, baseando-se na experimentação prática de ideias e na realização de seminários e workshops para confronto de conhecimentos.

O antigo campus da década de 20 foi, mais uma vez, ocupado pela escola, que, desde 1996, tem o nome de Universidade Bauhaus. Estudantes atuais e antigos dirigem os Bauhaus Walks, um tour, como no auge do século 20, entre as oficinas de artesanato, pintura, tecelagem e outras, aplicando uma abordagem interdisciplinar.

A ênfase na experiência e na resolução de problemas da Bauhaus é considerada extremamente influente, ainda hoje, nas abordagens da educação nas artes. Isso levou as artes plásticas a serem repensadas como artes visuais, e fazer com que a arte seja considerada menos como um complemento das humanidades, como a literatura ou a história, e mais como uma espécie de ciência da pesquisa, explica Patricio del Real, professor assistente de História da Arte e Arquitetura, PhD em História da Arquitetura e Teoria, pela Universidade Columbia, e graduado em Arquitetura pela Escola de Graduação em Design de Harvard.

“O conceito da Bauhaus permanece como um desafio, não apenas para produzir objetos melhores e, assim, ganhar notoriedade, por exemplo, na área prática do design, mas para transformar o mundo em um lugar melhor”, afirma.

Tempos turbulentos

A oposição à escola surgiu durante a década de 1920, com o nazismo, por ser considerada uma frente comunista, principalmente porque recebia muitos artistas russos. Em 1925, a escola mudou sua sede de Weimar para Dessau, ambas cidades alemãs.

Walter Gropius renunciou como diretor da Bauhaus em 1928, e foi sucedido pelo arquiteto Hannes Meyer, que manteve a ênfase do ensino na concepção de produção em massa e eliminou partes do currículo que acreditava serem excessivamente formalistas por natureza, enfatizando a função social da arquitetura e do design, e favorecendo a preocupação com o bem público ao invés do luxo privado.

Fotografia de 1926, do artista László Moholy-Nagy, vinculado à escola

Com a pressão cada vez maior dos nazistas, Meyer renunciou como diretor da escola em 1930, e foi substituído pelo arquiteto Ludwig Mies van der Rohe, que, mais uma vez, reconfigurou o currículo, conferindo maior ênfase à arquitetura. A situação política cada vez mais instável na Alemanha e a crise financeira levaram Ludwig Mies a mudá-la para Berlim, em 1930, onde operou em escala reduzida. Frente a todas as dificuldades, ela foi fechada, oficialmente, em 1933.

Em seu modelo original, durante os 14 primeiros anos de existência (1919 – 1933), a escola reuniu grandes artistas da vanguarda da época, com nomes como Paul Klee, Wladimir Kandinsky, Johannes Itten e Georg Muche, além de influenciar muitos outros artistas pela Europa e pelo mundo.

O nazismo não fechou somente a escola por um período, mas colocou fim a grande parte de seu espírito, deixando de lado o sinônimo de uma proposta de formação, e iniciando uma nova fase com a criação de um estilo. O ideal de projetar-se como um patrimônio da humanidade, presente em suas primeiras fases, foi substituído pela criação de objetos e estilo para as camadas economicamente mais privilegiadas da sociedade.

Museus em três cidades alemãs

O Museu Bauhaus Archive  está localizado em Berlim

Bauhaus tem também três museus na Alemanha, nas cidades de Berlim, Dessau e 
Weimar, onde historicamente a escola teve suas sedes.

Em Berlim, o museu Bauhaus Archive está localizado em um prédio, como não poderia deixar de ser, moderno e criativo, perto do parque Tiergarten. Além do acervo permanente, tem exposições temporárias e uma biblioteca com mais de 26 mil livros, jornais, manuscritos e catálogos.  O acervo permanente reúne cerca de 250 itens, como móveis, objetos diversos, pinturas, fotos, maquetes, cartazes e documentos. Tem também um café e uma loja que vende inúmeros objetos, brinquedos, livros e cartazes. Para quem gosta do estilo da Bauhaus é uma tentação, mas os preços não estão mais dentro do espírito de “um mundo melhor”.

Em Dessau, a 1h30 de carro de Berlim, o museu fica no prédio projetado pelo fundador da escola, Walter Gropius, que foi parcialmente destruído no final da Segunda Guerra Mundial. Possui 26 mil objetos, parte dos quais pode ser vista na exposição permanente.

Já o Bauhaus Museum, na cidade de Weimar, que fica a 1h45 de Berlim, reúne as obras de Walter Gropius e de ex-professores, como o artista Paul Klee.

 


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