CAPA
PONTO DE PARTIDA (pág.1)
Bráulio Luna Filho
ENTREVISTA (págs. 4 a 9)
Göran Hansson
CRÔNICA (págs. 10 a 11)
Sady Ribeiro*
EM FOCO (págs. 12 a 15)
Oliver Sacks
DEBATE (págs.16 a 21)
Ética e Bioética
SINTONIA (págs. 22 a 24)
Tudo em excesso é veneno!
CARTAS & NOTAS (pág. 25)
Espaço dos leitores
DEPOIMENTO (págs. 26 a 29)
Por dentro de um CAPSad
GIRAMUNDO (págs. 30 a 31)
Curiosidades da Medicina
PONTO.COM (págs. 32 a 33)
Ciência no mundo digital
HISTÓRIA DA MEDICINA (págs. 34 a 37)
Stefan Cunha Ujvari*
CULTURA (págs. 38 a 42)
Coleção de arte
+CULTURA (págs. 42 a 43)
Galeano & Grass
TURISMO (págs. 44 a 47)
Ouro Preto e Diamantina
FOTOPOESIA (pág. 48)
Eduardo Galeano
GALERIA DE FOTOS
PONTO DE PARTIDA (pág.1)
Bráulio Luna Filho
Saúde e vida na visão da bioética
Atuando em hospitais, postos de atendimento e prontos-socorros, em regiões periféricas ou remotas, os médicos são compelidos a exercitar os conceitos de beneficência, não maleficência e autonomia dos pacientes. E o fazem, muitas vezes, sem plena consciência das implicações culturais e filosóficas, mas por razões humanitárias, movidos pelos anos de longo treinamento da profissão médica. Assim, não raro, no cotidiano enfrentam condições assistenciais deterioradas e são obrigados a rever conceitos, condutas e, quiçá, comportamentos.
Em decorrência do processo científico, a medicina moderna prioriza cada vez mais a integralidade no trato da saúde. Desse modo, tão importante como tratar ou curar, é prevenir e abordar os pacientes, em todas as dimensões pessoais e sociais. Nesse desiderato, as questões da sustentabilidade do meio ambiente e das condições socioeconômicas se entrelaçam, irremediavelmente.
É inquestionável a necessidade de reduzir as desigualdades sociais e o desnível entre ricos e pobres e, paralelamente, incentivar uma visão humanista, que reconheça em cada indivíduo uma experiência exitosa da natureza, e o processo civilizatório como travessia para essa plena realização.
Por conseguinte, pensar em saúde significa colocar o interesse coletivo acima das diferenças sociais, constituindo um paradigma para a valorização apriorística do ser humano. A propósito, nesta edição da Ser Médico, questões relevantes da bioética são abordadas pelos professores William Saad Hossne e Regina Parizi, com a mediação do ex-presidente do Cremesp Isac Jorge Filho.
Na história do conhecimento, os princípios filosóficos da Grécia antiga, com Sócrates, Platão e Aristóteles; dos tempos pós-renascentistas com Hume, Kant; e, mais recentemente, com Russel, Bobbio e outros, aprofundaram ideias e descortinaram caminhos na tradição de que o intelecto humano nunca cria problemas que não possa resolver.
Com esse olhar, vemos o mundo pulsar freneticamente com os desafios que a moderna tecnologia revela a cada dia. Não deve, entretanto, parecer paradoxal que questões sobre aborto, eutanásia, mudança de sexo e manipulação genética em seres humanos estejam na ordem do dia. Alguém poderia dizer que os tempos não mudam tanto; outros objetariam que ainda que mudassem, não mudam tanto quanto precisava.
Nós, médicos, cujo escopo primordial é a preservação de um dos valores mais imanentes da civilização – a vida humana –, não podemos nos abster na construção de alternativas para problemas tão delicados. O tempo dirá se teremos êxito.
Bráulio Luna Filho
Presidente do Cremesp