CAPA
PONTO DE PARTIDA (pág. 1)
João Ladislau Rosa - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (págs. 4 a 9)
Vandana Shiva e Jeffrey Smith
CRÔNICA (págs. 10 a 11)
Tufik Bauab*
SINTONIA (págs. 12 a 15)
Bactérias resistentes
DEBATE (págs. 16 a 22)
Financiamento do SUS
CARTAS & NOTAS (pág. 23)
Aplicativo para mobiles
CONJUNTURA (págs. 24 a 27)
Ideias para o Sistema Único de Saúde
MÉDICOS NO MUNDO (págs. 28 a 31)
Fernando Nobre
GIRAMUNDO (págs. 32 a 33)
Curiosidades & Novidades
PONTO.COM (págs. 34 a 35)
Informações do mundo digital
HISTÓRIA DA MEDICINA (págs. 36 a 38)
Médico, poeta e criador da abreugrafia
CULTURA (págs. 39 a 43)
Obras ilustram Metrô de SP
TURISMO (págs. 44 a 47)
Alter do Chão
FOTOPOESIA (pág. 48)
Gilberto Mendonça Teles
GALERIA DE FOTOS
CULTURA (págs. 39 a 43)
Obras ilustram Metrô de SP
Quatro Estações, de Tomie Otake (Metrô Consolação)
Arte no Metrô de Sampa
Painéis, instalações, pinturas e esculturas em meio ao corre-corre dos usuários
Em todos os dias da semana, durante manhã, tarde e noite, uma mulher permanece deitada sobre uma plataforma de pedra, localizada na Estação da Sé, da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô). Imóvel, a moça segura uma esfera em sua mão esquerda. Na correria cotidiana, muitas pessoas passam em frente a ela, mas com indiferença. Outros poucos chegam até a voltar o olhar curioso por alguns segundos. Contudo, somente meia dúzia de transeuntes interrompem o andar apressado para com os olhos fitar todas as curvas e expressões do seu corpo feminino.
Nascida em 1978, pelas mãos do escultor mineiro Alfredo Ceschiatti, a escultura de bronze é uma das 91 obras de arte espalhadas por 31 estações do Metrô. Todas fazem parte do projeto Arte no Metrô, iniciativa desenvolvida no fim da década de 70, que aloca criações artísticas, como painéis, instalações, pinturas e esculturas, nas estações.
Tudo começou quando a Prefeitura de São Paulo, após a reurbanização da Praça da Sé, resolveu instalar algumas obras de arte nos jardins do local. Logo passou a ser discutida a ideia de fazer o mesmo nas estações do Metrô. E não deu outra. Seguindo a tendência de outros países, os mezaninos, corredores e plataformas foram ocupados por obras de artistas renomados, como Amilcar de Castro, Francisco Brennand e Tomie Ohtake, entre outros.
Primeira imagem: Engates Laterais, de Glauco Pinto de Moraes (Ana Rosa) e acima, obra de Alex Fleming (Sumaré)
Acostumada a criar obras de arte para locais públicos, Tomie fez os quatro painéis do Metrô Consolação – Linha 2 – Verde. O conjunto é denominado Quatro Estações, em referência à primavera, verão, outono e inverno. Cada painel tem uma cor predominante, que se destaca em meio às cinzentas paredes de concreto.
Outro renomado artista plástico, cujo trabalho integra o acervo do Metrô, é o brasileiro Alex Flemming. Nas plataformas do Metrô Sumaré, também na Linha Verde, está sua obra mais conhecida. A criação artística é composta por 44 retratos frontais – como os feitos em fotos 3x4 para RGs e passaportes – impressos no vidro, sobre os quais estão grafados 22 poemas de escritores brasileiros. A ideia da obra é passar a mensagem de respeito pelo outro e pela diferença. Como essa estação está localizada logo abaixo do viaduto que passa sobre a Avenida Sumaré, entre uma foto e outra, é possível ver, através do vidro transparente, os carros e casas dos bairros do Pacaembu, de um lado, e de Pinheiros, de outro. O conjunto todo torna a estação uma das mais bonitas do Metrô.
Uma das preocupações do artista, durante a produção da obra, foi justamente o efeito da luz natural, ao dia, e da artificial, à noite, sobre os retratos no vidro. Flemming buscou associar a sua criação artística à arquitetura da estação. “O artista tem de conhecer o espaço e criar alguma coisa para ele”, afirma a mestre em Arquitetura e Urbanismo Conceição Midori Hatanaka, que fez uma tese baseada no projeto Arte no Metrô.
Primeira imagem: Garatuja, de Marcello Nitsche (Metrô Sé). Acima: painel Movimento, de Cláudio Tozzi (Barra Funda)
Interação
Há usuários que não se contentam em apenas olhar, e posam para fotos ao lado de algumas obras, principalmente a escultura de Marcello Nitsche, a Garatuja, uma enorme peça de metal cilíndrica, pintada de amarelo, localizada em um jardim interno da Estação Sé. Algumas pessoas chegam a pular a pequena grade, que delimita o espaço entre o público e a criação artística, para tirar as fotos junto à escultura.
Escultura em bronze, sem nome, de Alfredo Ceschiatti (Metrô Sé)
Projeto de Midori Hatanaka, aprovado para o Metrô Moema, a ser inaugurado
A interação não se dá somente quando a obra está pronta. Durante a criação dos painéis Metrô Marechal Deodoro, na Linha 3 – Vermelha, Gontran Guanaes Neto contou com a ajuda de usuários do Metrô. Alguns chegaram a posar para ele, e ter o rosto incluído nas suas pinturas, que tem como tema os brasileiros, a liberdade e os direitos humanos. Outras queriam mais do que posar. Queriam “aulas”. “Algumas pessoas que passavam por lá, que moravam por perto, falavam assim: ‘A gente pode vir aqui pintar com você?’ E ele (Guanaes): ‘Lógico!’”, conta Midori Hatanaka.
“O crivo”
Ter uma obra exposta nas estações metroviárias não é fácil. Para isso, é necessária a aprovação da Comissão Consultiva de Arte. O grupo é formado por representantes da Pinacoteca do Estado, do Museu de Arte de São Paulo (Masp), do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), do Instituto de Arquitetos do Brasil, da Associação Paulista de Belas Artes e das áreas de marketing e arquitetura do Metrô. Dentre os critérios de seleção estão o currículo, a trajetória profissional e os valores que serão agregados ao artista e ao Metrô com a instalação da obra.
A arquiteta e artista plástica Midori Hatanaka teve, recentemente, o seu projeto aprovado pela Comissão Consultiva de Arte. Ela irá fazer um mural na Estação Moema, a ser inaugurada na linha 5 – Lilás. Porém, apesar de já ter arregaçado as mangas, se debruçado sobre as plantas da estação e concebido uma ideia, Midori esbarra em uma dificuldade: conseguir um patrocinador. “É difícil precisar de dinheiro para implantar uma obra, e as pessoas não estarem muito interessadas em lhe ajudar”, lamenta.
E-book das obras
Muitas vezes, usuários desatentos não conseguem perceber as obras do Arte no Metrô. Se você é um desses, mas quer saber mais sobre determinada criação artística que faz parte do seu cotidiano, mesmo sem você notar, acesse o e-book do projeto. Nele estão informações a respeito de todas as obras e artistas:
http://www.metro.sp.gov.br/cultura/arte-metro/livro-digital/#/1/zoomed
(Colaborou: Wellington Monteiro)