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Especialidades médicas
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Especialidades médicas
Somos tão jovens... E especialistas
Média de idade menor em Clínica Médica (40,6 anos), Medicina de Família e Comunidade (41,3 anos) e Infectologia (43,3 anos) pode simbolizar a influência de políticas indutoras do governo em relação às vagas de Residência Médica. Inverso ocorre com Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (média de 58 anos), Medicina Legal
e Perícia Médica (57,7 anos) e Homeopatia (56,5 anos), áreas com a maior média de idade entre profissionais. Estes e outros dados foram levantados em um recorte por idade na área de especialidades médicas no estudo Demografia Médica no Brasil
O tempo passa e a Medicina muda. Uma especialidade médica, que um dia foi privilégio de um seleto grupo, hoje é praticamente indispensável na formação do profissional. Mas afinal, quais áreas os jovens médicos vêm procurando? O que levam em conta na hora de escolher em qual delas atuar?
O Brasil é consideravelmente heterogêneo quando se trata de especialidades médicas. No segundo volume do estudo Demografia Médica no Brasil: Cenários e indicadores de distribuição (de outubro de 2012) – realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em parceria com o Cremesp –, foram considerados especialistas apenas aqueles que têm título emitido por sociedade de especialidade ou que concluíram a Residência Médica, enquanto a outra parcela é considerada generalista. Variantes como região, tempo de atividade, sexo e idade mostram-se influentes na hora de o estudante de Medicina escolher em qual área se especializar.
Os indicadores sugerem a idade com que os médicos costumam concluir a especialização. Na faixa até 29 anos, apenas 10% dos médicos são especialistas. Entre 30 e 34 anos, esse número pula para 52% e, entre 35 e 39 anos, sobe mais ainda, quando 69% dos médicos já possuem especialidade. Entre os médicos com mais de 70 anos, esse número cai para 37%, o que indica a diferença entre a “antiga” (generalista) e a “nova” (especialista) Medicina brasileira.
A média de idade dos profissionais pode ser um indicador que sugere as áreas mais atrativas para os jovens. Também pode simbolizar a influência de políticas indutoras do governo em relação às vagas de Residência Médica. Pode-se observar uma tendência de crescimento nas especializações em Clínica Médica (média de idade de 40,6 anos), Medicina de Família e Comunidade (41,3 anos) e Infectologia (43,3 anos). O inverso ocorre com Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (média de 58 anos), Medicina Legal e Perícia Médica (57,7 anos) e Homeopatia (56,5 anos), que são as áreas com a maior média de idade entre profissionais.
Gráfico 1 – Especialistas por gênero – com menos de 35 anos de idade, no Brasil
Especialidades estagnadas
Os indicadores apontam positivamente para algumas questões. Algumas especialidades com menor número de médicos têm apresentado uma média relativamente baixa de idade. A área de Genética Médica, por exemplo, conta com apenas 200 profissionais no Brasil e é a especialidade com menor número de profissionais. Porém, sua média de idade é de 44,8 anos. Cirurgia da Mão, também com baixo número de profissionais, segue o exemplo: média de idade de 44,3 anos, a quinta menor média do ranking.
Porém, em números absolutos, o quadro parece estagnado. Entre profissionais com menos de 35 anos, apenas 87 são especializados em Cirurgia da Mão no Brasil, que é a 8ª especialidade menos procurada entre esses jovens médicos. Em Genética Médica, o número é ainda mais alarmante: 52 profissionais, a 4ª especialidade menos procurada por esse grupo.
Também há alguma distinção em função do gênero: homens e mulheres têm preferências diferentes na hora de escolher o foco. Em Alergia e Imunologia, por exemplo, 61% dos profissionais são mulheres. Em Pediatria e Dermatologia igualmente fica muito claro o domínio feminino: 69,6% e 73%, respectivamente. Das 53 especialidades reconhecidas, os homens são maioria em 40. A diferença chega a ser gritante em alguns casos como Ortopedia e Traumatologia, em que 95% dos profissionais são homens.
Geralmente, os 35 anos representam o início da meia-idade, quando juventude e experiência se misturam. Talvez isso não se aplique aos médicos. Devido ao longo tempo de formação, pode-se dizer que um profissional de até 35 anos é considerado jovem. Eles representam 31% da população médica brasileira. Entre eles, 35% são especialistas (11% do total de médicos).
Abaixo de 35 anos
Como é possível perceber (ver tabela 1), há um grande desequilíbrio entre as especialidades. As cinco áreas com maior número de profissionais (Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Cirurgia Geral, Clínica Médica e Anestesiologia) somam 44% do total de médicos, enquanto as outras 48 áreas ficam com os 56% restantes. Os números indicam que essas também são as cinco áreas mais procuradas pelos jovens, totalizando 50% deles.
Fatores regionais também contam. O Estado de São Paulo, por exemplo, detém 30% do total desses jovens especialistas, enquanto Rondônia, Tocantins, Acre, Amapá e Roraima, somados, detêm pouco mais de 1% (ver tabela 2).