

CAPA

PONTO DE PARTIDA (pág. 1)
Encontro nacional em Brasília fortaleceu as reivindicações da categoria

ENTREVISTA (pág. 4)
Paulo Hoff, diretor clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octávio Frias de Oliveira

MEIO AMBIENTE (pág. 9)
Encontro discutiu consumo de alimentos geneticamente modificados

CRÔNICA (pág. 13)
Tufik Bauab - Presidente da Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem

SAÚDE NO MUNDO (pág. 14)
Tebni Saavedra descreve o sistema público de saúde do Chile

DEBATE (pág. 14)
A autonomia dos médicos e a prescrição racional de medicamentos

HISTÓRIA (pág.23)
A evolução dos estudos voltados para a saúde pós-período renascentista

GIRAMUNDO (pág. 26)
Curiosidades da ciência, da história e da atualidade

PONTO COM (pág. 28)
Canal de atualização com as novidades do mundo digital

SINTONIA (pág. 30)
Antonio Francisco Lisboa: maior escultor barroco mineiro do final do século XVIII

MÉDICOS EM FOCO (pág. 36)
Uma análise da temática médica, quando foco principal das séries televisivas

HOBBY (pág. 40)
Guerrini, o colecionador de conchas, já contabiliza mais de 10 mil peças

TURISMO (pág. 42)
Agende suas próximas férias para o interior paulista e aproveite o contato com a natureza

CABECEIRA (pág. 47)
Sugestão de leitura da conselheira Ieda Therezinha Verreschi*

FOTOPOESIA (pág. 48)
Cantares - Antônio Machado

GALERIA DE FOTOS

HOBBY (pág. 40)
Guerrini, o colecionador de conchas, já contabiliza mais de 10 mil peças
O apanhador de conchas
Entre passeios e viagens, o radiologista e conquiliologista Ricardo Mazzetti Guerrini avança em sua coleção de mais de 10 mil pequenas esculturas naturais
Quem nunca apanhou uma conchinha em um passeio pela praia? Também foi assim que começou a coleção de conchas do médico radiologista Ricardo Mazzetti Guerrini. "Quando garoto, eu surfava. Se não tinha onda, eu caminhava e pegava conchas. Foi aí que apareceu a ideia de juntar e acho que exagerei um pouco”, diverte-se o médico ao mostrar sua coleção de mais de 10 mil peças.
Apesar de Guerrini ter começado como “juntador”, acondicionando as peças em bandejas e caixinhas, o médico deve ser chamado de conquiliologista*, nomenclatura dada a quem estuda e coleciona conchas. Em seu acervo, existem itens de todos os tipos: marinhas e de água doce, gastrópodes (enroladas em espiral, numa única peça) e bivalves (as que têm duas partes). Ele também possui uma seção reservada para as conchas terrestres – conhecidas por poucos, segundo Guerrini. “É uma coleção de conchas terrestres bem caprichada, um tipo que gosto bastante”.
Angaria spbaerula
O médico é colecionador, mas gosta mesmo é de ir atrás das conchinhas. E já fez viagens para o Havaí, Equador, África e grande parte do litoral brasileiro com o intuito de aumentar o acervo. Além de aproveitar todas as viagens que faz para procurar por novidades.
Uma de suas primeiras peças compradas foi uma xenophora pallidula, espécie que utiliza pedras para fazer a própria concha, adquirida em 1970. “Comprei quando era criança. Foi quando pensei: ‘Nossa, não existem só aqueles caramujos de praia’”, relembra o médico.
O valor de uma concha considera diversas características: raridade, tamanho, estado de conservação, cor, brilho. São todas essas particularidades que fazem certas peças interessantes. E algumas delas também estão presentes na coleção de Guerrini, como é o caso da epitonium scalare, considerada muito rara, desejada e cara na Europa, no século XIX. Por conta disso, os chineses começaram a falsificá-la, fazendo peças similares de massa de arroz e vendendo-as a colecionadores. Entretanto, depois, foi descoberto que a Epitonium scalare era comum no oceano Pacífico. “Atualmente, essa concha vale cerca de três dólares e a de arroz, uma fortuna, porque não é mais produzida. A falsa vale muito mais do que a original”, relata.
As conchas são valorizadas de acordo com tamanho, raridade, estado de conservação, cor, brilho etc
Outra peça raríssima na coleção do radiologista é uma sthenorytis pernobilis. A concha foi apanhada em 1957, em Honduras, e é a mais valiosa que possui, além de ser sua favorita.
“O legal desse hobby é que para qualquer lugar que você viaja, frio ou quente, dá para encontrar material. Pode estar em uma praia, montanha, lago ou rio. Há sempre o que coletar”, conta o radiologista. As viagens são sempre acompanhadas pela esposa Gracy, que também é radiologista, ou por um grupo de amigos conquiliologistas. Aliás, Guerrini é um dos fundadores da Sociedade de Conquiliologistas do Brasil. A entidade foi criada para reunir pessoas com o mesmo hobby, para que elas possam organizar encontros, trocar conchas e fazer programações de viagens.
Conservar as peças requer cuidados especiais. A exposição à luz prejudica o colorido da concha
O radiologista afirma que o mais trabalhoso em manter uma coleção de conchas, principalmente da dimensão da sua, é conservar as peças que requerem cuidado especial. “O melhor jeito de guardar é sem luz, porque ela mata a cor. A luz solar, principalmente, faz a concha ficar branca. Também tem que ser sem umidade, com temperatura constante e ventilação. Ou seja, praticamente impossível de se fazer do jeito ideal”, analisa. As conchas que não são armazenadas de maneira correta podem ser atingidas por fungos e acabam mofando.
O acervo de Guerrini inclui séries de crescimento, que mostram como é o padrão de crescimento das conchas. “Ninguém mata uma concha quando ela não está madura. Quando você vai procurar, já as encontra mortas. E assim, dá para montar uma série de crescimento”, explica.
“O que eu gosto é a variedade de conchas, é um mundo que não tem fim”, exalta o médico que, além de todas as peças já catalogadas e classificadas, possui ainda várias em sua mesa de trabalho a serem analisadas, denominada, alegremente, de “mesa de problemas”.
* Alguns dicionários definem o termo conquiliologista como sinônimo de malacologista. Para alguns autores dessa área, a malacologia é o estudo do molusco (concha e partes moles), enquanto a conquiliologia se limita ao da concha.