CAPA
PONTO DE PARTIDA (pág. 1)
Encontro nacional em Brasília fortaleceu as reivindicações da categoria
ENTREVISTA (pág. 4)
Paulo Hoff, diretor clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octávio Frias de Oliveira
MEIO AMBIENTE (pág. 9)
Encontro discutiu consumo de alimentos geneticamente modificados
CRÔNICA (pág. 13)
Tufik Bauab - Presidente da Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem
SAÚDE NO MUNDO (pág. 14)
Tebni Saavedra descreve o sistema público de saúde do Chile
DEBATE (pág. 14)
A autonomia dos médicos e a prescrição racional de medicamentos
HISTÓRIA (pág.23)
A evolução dos estudos voltados para a saúde pós-período renascentista
GIRAMUNDO (pág. 26)
Curiosidades da ciência, da história e da atualidade
PONTO COM (pág. 28)
Canal de atualização com as novidades do mundo digital
SINTONIA (pág. 30)
Antonio Francisco Lisboa: maior escultor barroco mineiro do final do século XVIII
MÉDICOS EM FOCO (pág. 36)
Uma análise da temática médica, quando foco principal das séries televisivas
HOBBY (pág. 40)
Guerrini, o colecionador de conchas, já contabiliza mais de 10 mil peças
TURISMO (pág. 42)
Agende suas próximas férias para o interior paulista e aproveite o contato com a natureza
CABECEIRA (pág. 47)
Sugestão de leitura da conselheira Ieda Therezinha Verreschi*
FOTOPOESIA (pág. 48)
Cantares - Antônio Machado
GALERIA DE FOTOS
MÉDICOS EM FOCO (pág. 36)
Uma análise da temática médica, quando foco principal das séries televisivas
Médicos na TV: ficção ou realidade?
Séries médicas ensinam os telespectadores e instigam a curiosidade dos profissionais, mas estudo canadense revelou que elas exibem procedimentos de primeiros-socorros equivocados
Práticas médicas sempre despertaram a curiosidade no público, justificando a longevidade de séries de TV como E.R. (Plantão Médico), Grey’s Anatomy, House, Private Practice, Nip/Tuck e Scrubs, entre outras, que contam com várias temporadas. E, também como resultado desse interesse da audiência, os grandes estúdios norte-americanos de teledramaturgia investem cada vez mais em temas ambientados em hospitais. O precursor dessa tendência foi o cinema, que já produziu filmes memoráveis em que as patologias desempenham papel fundamental no desenrolar da trama ou adotam médicos como personagens principais, abordando rotinas e dilemas da profissão. No Brasil, além de algumas séries produzidas (Obrigado Doutor e Mulher), diversas novelas brasileiras agregaram a temática médica em seu enredo.
As séries médicas mais populares da TV costumam enfocar, principalmente, situações de emergência e procedimentos cirúrgicos. Mas será que o que está sendo apresentado corresponde à realidade ou tem mais a ver com ficção? Estudo conduzido por cientistas canadenses da Universidade Dalhousie, de Halifax, revelou que as séries baseadas em hospitais, como E.R., House e Grey’s Anatomy, envolvem procedimentos de primeiros-socorros equivocados. Analisando os episódios, eles concluíram que, em 59 ocasiões, os personagens tiveram de lidar com convulsões de epilepsia e em apenas 17 delas – menos de 30% – a reação foi correta.
“Nosso receio é que as pessoas assistam aos programas, vejam médicos respondendo a convulsões de forma equivocada e reajam de modo semelhante se estiverem diante da mesma situação, o que pode ser catastrófico”, diz um dos coordenadores do estudo, Andrew Molar. Ele afirma que há cenas nas séries em que os próprios médicos tentam colocar objetos na boca dos pacientes e conter os movimentos convulsivos. Isso é contraindicado porque, durante os ataques epiléticos, há muita força nos músculos e proceder dessa forma pode causar cortes e lacerações.
A preocupação se fundamenta também em outra pesquisa, realizada nos Estados Unidos, que demonstrou que mais da metade dos telespectadores afirmou ter aprendido algo sobre alguma doença assistindo às séries de TV. A partir daí, os roteiristas desses programas passaram a adotar a consultoria de médicos, especialmente Grey’s Anatomy e E.R.
Realidade X ficção
Para o psiquiatra José Paulo Fiks, autor do livro No avesso da tela – a psiquiatria pelo cinema e pesquisador do Projeto de Atendimento e Pesquisa em Violência do Departamento de Psiquiatria da Unifesp, Greys’s Anatomy costuma retratar com fidelidade os casos ocorridos nos hospitais. Mas derrapa quando mostra um residente atuando em diversas áreas especializadas ao mesmo tempo, o que não corresponde à prática da profissão.
Já em E.R., Fiks observa que a agitação do pronto-socorro fictício tem mais proximidade com o contexto brasileiro que com o norte-americano. “Há pesquisas apuradas em torno das doenças e situações criadas. Mas também closes de corpos ensanguentados e cenas de pessoas aflitas em volta, que acabam dando uma pitada de drama”, opina. Alerta ainda que os enredos têm rompido as barreiras médico-paciente, com relações afetivas entre eles, o que esbarra na ética médica. Apesar disso, acredita que houve uma mudança no foco, uma vez que, no passado (como em Dr. Kildare ou Ben Casey), as ficções médicas tinham como ponto principal o drama humano, enquanto atualmente, na maioria das vezes, há prevalência da realidade médica. O exagero dessa vertente é Nip/Tuck, que expõe com crueza procedimentos cirúrgicos, inclusive os mais complexos, como mudança de sexo, realizados numa clínica e não em hospital.
Realistas ou obras de ficção, as séries são indiscutivelmente assistidas também pelos próprios médicos. Mas algumas despertam maior curiosidade, como House, por trazer casos exóticos, diferentes dos que aparecem no cotidiano. Mesmo com rigorosa pesquisa, Fiks nota que todos os episódios incorporam certa liberdade poética para alçar voos ficcionais. “A TV não tem obrigação de reproduzir a realidade médica nas séries, mas elas aguçam a curiosidade pelo desfecho e despertam frequentes comentários entre os médicos”, relata.
PRINCIPAIS SÉRIES MÉDICAS EXIBIDAS NO BRASIL
DR. KILDARE – Exibida de 1961 a 1965, retratava o médico James Kildare, que lidava com os problemas dos pacientes num grande hospital e tentava ganhar o respeito de seu supervisor.
BEN CASEY – Produzida de 1961 a 1966, era baseada na experiência de um jovem e idealista neurocirurgião em seu trabalho no hospital.
CHICAGO HOPE – Foca um talentoso cirurgião e seus problemas pessoais envolvendo a condição psiquiátrica de sua esposa.
E.R. (Plantão Médico) – Relata o dia a dia do fictício County General Hospital de Chicago, com cenas dramáticas que lhe renderam diversos prêmios.
HOUSE, M.D. – O dr. Gregory House é um infectologista e nefrologista que, além de ter um raciocínio magnífico, é conhecido pelo seu extremo mau humor e falta de interação com os pacientes.
GREY’S ANATOMY – Mostra histórias da equipe do hospital Seattle Grace. A situação dos pacientes acaba servindo de metáfora dos próprios problemas dos médicos.
PRIVATE PRACTICE – Derivada de Grey’s Anatomy, acompanha o trabalho de uma médica que deixa o Seattle Grace e passa a atender numa clínica em Los Angeles.
NIP/TUCK – Enfoca o lado obscuro da busca pela beleza, contando com o auxílio dos cirurgiões plásticos. Série com toque irônico e temas bastante polêmicos.
SCRUBS – Diferente das demais, é uma comédia protagonizada pelos profissionais do Sacred Heart Hospital e brinca com os estereótipos médicos.
OBRIGADO DOUTOR – Primeira série brasileira do gênero médico, produzida pela Rede Globo, em 1981. Nela, um ginecologista (Francisco Cuoco) atua num hospital do interior. Os episódios tratam das dificuldades do povo rural com os escassos recursos médicos.
MULHER – Série exibida pela Rede Globo entre 1998 e 1999. Apresentava o cotidiano de duas ginecologistas (Eva Wilma e Patrícia Pillar), suas pacientes e problemas pessoais, tendo como cenário uma clínica carioca.
Fonte: Site Mofolândia