CAPA
EDITORIAL
Ponto de Partida
ENTREVISTA
Lygia da Veiga Pereira
CRÔNICA
Heloísa Seixas
CONJUNTURA
Hélio Sader
COM A PALAVRA
Carlos Alberto Pessoa Rosa
EM FOCO
Cremesp cria Centro de Bioética
DEBATE
Medicina Defensiva
LIVRO DE CABECEIRA
A Morte de Ivan Ilitch e O Livro de San Michele
CULTURA
Adriana Bertini
HISTÓRIA DA MEDICINA
Egito Antigo
TURISMO
Patagônia: terra de contrastes
POESIA
Carlos Vogt
GALERIA DE FOTOS
EDITORIAL
Ponto de Partida
Ponto de PartidaEntre os artigos deste número, alguns tratam da medicina exercida sobre paradoxos científicos e sociais de nosso tempo. A Entrevista desta edição aborda os experimentos com as células-tronco, novidade que será incorporada ao arsenal terapêutico para tratar doenças, principalmente como alternativa de transplantes.
A regeneração de órgãos e tecidos doentes pelo uso terapêutico das células-tronco trará impactos extraordinários à prática médica, próximo ao advento dos antibióticos, que reduziu sofrimentos, salvou e vem salvando milhares de vidas, chegando a criar a falsa expectativa de erradicação de doenças infecto-contagiosas — outro artigo desta edição, sob o título Será o fim dos antibióticos?
O uso inadequado ou recorrente dessa classe de drogas permitiu o surgimento de bactérias resistentes. A cultura dos antibióticos favoreceu as mutações bacterianas, comprometendo de forma importante a eficácia do tratamento de algumas doenças. Esse efeito colateral indesejado coloca a prática médica e a ciência frente ao desafio de enfrentar a fragilidade de suas verdades absolutas.
O artigo Armadilhas da Verdade entre a Ciência e o Oráculo discute justamente o “cair do pano” de algumas verdades médicas como, por exemplo, o uso de corticóide no choque séptico e a recente polêmica em torno da reposição hormonal em todo o planeta. Algumas “verdades” são efêmeras, a própria dinâmica da ciência não pode pretendê-las diferentes, o futuro certamente questionará nossas condutas atuais, mas tomar decisões de risco é inerente à prática médica, como alerta um dos participantes do Debate desta edição. Atuamos mais sob o universo da alta probabilidade de acerto do que sobre a certeza. Muitas vezes nossa conduta se dá no limite da vida. A necessidade de reflexão sobre o universo médico é umas das grandes preocupações do Cremesp.
Pautado nessa preocupação, o Conselho criou o Centro de Bioética — outra matéria que o colega encontrará nesta edição —, um espaço para discussão dos problemas relacionados à saúde individual e coletiva, visando o desempenho ético da medicina.
Gabriel David Hushi
Presidente em Exercício do Cremesp