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Livro de Cabeceira
Leveza Cotidiana e Descobertas da Medicina


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Edição 20 - Julho/Agosto/Setembro de 2002

Livro de Cabeceira

Leveza Cotidiana e Descobertas da Medicina

Leveza cotidiana

Atualmente, um grande número de pessoas tem como ‘livro de cabeceira’ uma televisão ou um computador que, felizmente, ainda não é o meu caso. Não tenho exatamente um livro de cabeceira e sim um autor – Rubem Alves –, mais que o autor, o ‘espírito’ do que ele escreve. Em seus livros ou contos, caminhamos em ambientes do cotidiano, naqueles em que vivemos, mas que nossos olhos não mais vêem. Ele fala de deliciosas comidas mineiras feitas por uma tia, talvez semelhantes às comidas saboreadas em nossa infância; de crianças fazendo ‘arte’, namoradas da adolescência, conta ‘causos’ do Interior, histórias de cachorro, galinha e pássaros como metáfora de nossas vidas, ironiza a ciência sem humanismo, da ênfase à educação etc. Enfim, leva-nos a olhar o que está em torno com mais carinho e atenção, como se mostrasse a poesia que a vida tem.

Como médicos, estamos sempre em contato com o sofrimento de nossos pacientes; lidamos com a responsabilidade e com nossas frustrações. Precisamos estar atentos para não absorvermos só esse lado de nossas vivências profissionais. Vemos e ouvimos muitas coisas em nosso cotidiano, mas as exigências técnicas nos restringem o olhar, obrigam-nos a focar somente o corpo e não a vida de nossos pacientes. Corremos o risco de reduzir também a percepção da nossa própria vida.

Livros como os de Rubem Alves possibilitam reconectar a alma, com as coisas mais simples e divertidas que a vida pode oferecer. Com esse tipo de livro na cabeceira, para lermos à noite, poderemos acordar no dia seguinte com o espírito mais leve, como se despertássemos a criança adormecida dentro de nós.

Mauro Carlos Costa Sposati é médico homeopata.

Descobertas da Medicina

O título do livro “As Dez Maiores Descobertas da Medicina” pode inicialmente remeter-nos ao preconceito, já que constantemente vemos listas, nem sempre qualificadas, das dez melhores isso ou aquilo. Mas a palavra final do livro e o nome da editora Companhia das Letras acabam prevalecendo. Apanho o livro. Pela orelha, identifico seus autores: Meyer Friedman, da Universidade da Califórnia, e Gerald Friedland, da Universidade de Stanford. Mais uma rápida folheada e decido levá-lo.

É um trabalho de fôlego dos autores, cujo o critério de seleção das dez maiores descobertas, apesar de discutível, é interessante. Ao final desse trabalho, Friedman e Friedland mostram a lista a três antiquários de livros médicos (Fracastorious, Auenbrugger e Servet) e revelam-na a quatro médicos colecionadores de obras raras. Todos concordam com a lista. Os autores passam, então, por uma série de testes nas universidades da Califórnia e de Stanford, onde se pede que eles nomeiem os responsáveis pelas dez maiores descobertas.

É aí que começam as surpresas e o fascínio da leitura. A vida desses descobridores, características de sua personalidade, sua comum curiosidade. Continuo vivendo Medicina e passeando. Passeio que se inicia na Renascença, nos os passos de Andreas Vesalius seus estudos médicos as dissecações com seus alunos (e como eram realizadas) e finalmente, a publicação do Fábrica, sua obra prima de informação e ilustrações médicas.

As incompreensões, as lutas, a inveja, as dificuldades, o poder autoritário e centralizador dos que barravam e, até hoje, ainda barram o acesso à difusão de novas e im-por-tantes idéias. O DNA. A tentativa tão antiga e atual de se apropriar dos créditos. A luta pela fama de antigamente, substituída hoje pela busca da patente e dinheiro. É através da História que podemos reconhecer o presente, para melhor planejarmos o futuro.

José Barbieri Júnior é médico oftalmologista, diretor de Comunicação da Associação Paulista de Medicina.

Boa leitura!


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