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CAPA

PONTO DE PARTIDA (SM pág. 1)
Cremesp e Uniad, à frente do Movimento Propaganda Sem Bebida, levam à Brasília 600 mil assinaturas pela aprovação do PL 2733


ENTREVISTA (SM pág. 04)
Acompanhe uma conversa franca e informal com o presidente do CNPq, Marco Antonio Zago


CRÔNICA (SM pág. 08)
A síndrome da hipocondríase dos terceiranistas de Medicina comprovadamente existe... por Moacyr Scliar


MEIO AMBIENTE (SM pág. 10)
A (difícil) convivência da nossa saúde - física e mental - com o trânsito caótico da cidade


SINTONIA (SM pág. 15)
A omissão terapêutica a pacientes terminais sob o ponto de vista jurídico


DEBATE (SM pág. 18)
Em discussão a relação do médico com o adolescente. Convidadas: Maria Ignez Saito e Albertina Duarte


COM A PALAVRA (SM pág. 26)
Chamado de bruxo do Cosme Velho, Machado de Assis é analisado por José Marques Filho


HISTÓRIA (SM pág. 30)
Arquivo histórico da Unifesp: acervo surpreende pela diversidade de peças e documentos


ACONTECE (SM pág. 32)
Engenhocas de muita utilidade e outras nem tanto assim... confira as idéias patenteadas do Museu das Invenções. Ele existe!


CULTURA (SM pág. 35)
Exposição de Pets gigantes às margens do Rio Tietê conscientiza sobre preservação da água


GOURMET (SM pág. 38)
Prepare a mesa: você vai saborear um cuscuz marroquino fácil (mesmo!) de fazer


TURISMO (SM pág. 42)
Tranquilidade, coqueiros à beira-mar, belas praias e paisagens. Agende sua próxima viagem de férias para este paraíso...


POESIA
Gregorio Marañon, médico e escritor espanhol, fecha esta edição com simplicidade e emoção...


GALERIA DE FOTOS


Edição 43 - Abril/Maio/Junho de 2008

ACONTECE (SM pág. 32)

Engenhocas de muita utilidade e outras nem tanto assim... confira as idéias patenteadas do Museu das Invenções. Ele existe!

O que falta inventar?


Maca de banho para portadores de deficiência

Inventolândia reúne engenhocas que podem chegar ao mercado, peças curiosas e a história das grandes criações do passado

Lixeira com sensor de movimento que abre a tampa quando alguém se aproxima e fecha quando se afasta. Varal com detector, que se retrai para uma área coberta ao menor sinal de umidade. O que essas engenhocas podem ter em comum? Todas foram idealizadas por inventores independentes – pessoas comuns que, a partir das próprias necessidades ou observações, criaram máquinas para resolver problemas cotidianos. “A necessidade é sempre um motivo para criar. Um olhar apurado e um pouco de criatividade podem gerar boas invenções”, ensina Carlos Mazzei, presidente da Associação Nacional dos Inventores (ANI) e diretor do Museu Contemporâneo das Invenções (Inventolândia), com sede em São Paulo.

Fundado em 1996, o museu tem um acervo com as mais curiosas criações, desde utilidades domésticas como uma vassoura adaptada para encaixar uma mangueira, até o conhecido “espaguete” de piscina – este último projetado há cerca de 15 anos, pelo brasileiro Adriano Sabino, e hoje exportado para mais de oito países, mostrando que pequenas soluções podem gerar grandes resultados. Outra invenção famosa é o lavador de arroz, fruto das necessidades de uma brasileira. “Ela sustentou duas gerações da família com o dinheiro da invenção”, conta Mazzei. 

Engana-se quem ainda pensa que Santos Dumont é o único inventor nacional de sucesso.“Temos projetos muito interessantes de brasileiros, como a urna eletrônica e o carro movido a água (já patenteado e em processo de busca de fabricante pela ANI)”, diz Mazzei. Uma invenção nacional simplória que vem conquistando popularidade é o galheteiro-spray. E não foi nem um italiano e nem um paulista mas, sim, um carioca quem inventou a nhoqueira, a maquininha que corta a massa de macarrão em cubos. Do sul do país saiu uma invenção autônoma que já está sendo comercializada em farmácias. É o desmalte, potinho com espuma no qual se coloca o dedo e, com simples giro, retira o esmalte da unha.

Um exemplo de criação sofisticada recente é o dry-wash, equipamento de lavagem rápida a seco já disponível em 12 shoppings da capital paulista.  Outra invenção ainda não comercializada é um sistema automático que libera uma plataforma para eliminar o vão existente entre os vagões de metrô e as estações, no momento em que a porta se abre, facilitando o desembarque.

De acordo com o diretor do museu, há uma diversidade de produtos no mercado que saíram da cabeça de inventores independentes. “Muitos empresários não gostam de noticiar que a invenção que estão colocando no mercado não saiu de alguém de dentro da empresa. Então, não temos autorização para divulgá-las”.


Lixeira com sensor

E os médicos, têm projetos patenteados? “É bom lembrar que Adib Jatene é um dos médicos que tem mais de um depósito de patentes no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial)”, revelou Mazzei. Há um tempo o médico Fernando Tavares desenvolveu um aparelho de ressuscitação que faz massagem cardíaca sem a ajuda de terceiros. “A massagem cardíaca manual é precária, tem variações e cansa muito, por isso resolvi criar esse aparelho”, informou Tavares. O projeto ainda está em fase de aprimoramento. O médico Homero Teixeira, associado da ANI, inventou um pote de alimentos com reserva para condimentos. Segundo Mazzei, há  muitos produtos da área da saúde desenvolvidos por enfermeiros, por exemplo, para facilitar a vida de pacientes acamados. Além disso, os próprios familiares também criam aparelhos que podem melhorar a vida de doentes crônicos. 


Protótipo de varal que se auto-recolhe quando chove

No museu há também protótipos criativos voltados às crianças, como uma caixa de pizza que pode ter uma tampa de peças destacáveis para formar figuras em três dimensões, ou um puff-cubo mágico com jogos em cada um dos lados. A ANI assessora seus 4.500 associados na área jurídica de patentes, marketing, design e negociação para comercialização dos inventos. No Brasil, a patente tem duração de 15 a 20 anos da data do depósito, depois cai em domínio público, e qualquer um pode produzir o invento. 

O museu, que funciona como um show-room das engenhocas, abriga todo tipo de invenção: mecânica, robótica e uma área com criações bizarras e cômicas. Entre os inventores com obras expostas, imperam os da terceira idade. Nem sempre o inventor chega ao museu com o protótipo pronto para ser exposto. “Há tempos um inventor desenvolveu um pote de ração para animal doméstico, que protege contra ataques de formigas. O protótipo inicial era feito em uma embalagem de goiabada e, a partir dele, nosso designer remontou o projeto, melhorando a apresentação estética”, explica Mazzei.

Visita à Inventolândia
O visitante pode interagir com a maioria das invenções do museu. As visitas são acompanhadas por monitores que explicam a utilidade de cada peça, além de contar a história de grandes inventores da humanidade, como Thomas Edison e Leonardo da Vinci. Embora com ênfase no contemporâneo e no futuro, há invenções antigas e raras como uma réplica do gramofone de Thomas Edison e um telefone do começo do século.
 
Museu das Invenções
Rua Dr. Homem de Mello, 1109 - Perdizes - São Paulo
De segunda a sexta-feira, das 10 às 17h30
Entrada: R$ 10,00 - Crianças até 2 anos e maiores de 65 anos não pagam
Telefone: (011) 3873- 3211 - E-mail: inventores@inventores.com.br


Jatene também inventa

Um dos maiores inventos de Adib Jatene foi a descrição da técnica de correção de transposição dos grandes vasos do coração, conhecida como Cirurgia de Jatene e empregada no mundo inteiro. Também o conceito de reconstrução da geometria do ventrículo esquerdo na correção dos aneurismas ventriculares foi descrito primeiramente por Jatene e teve grande repercussão na literatura mundial. Embora modesto, o cardiologista é reconhecido como um inventor independente importante. “Colaborei com muitas invenções, mas patentes em meu nome são apenas três: o exigenador descartável de bolhas, o exigenador descartável de membranas e a prótese valvular de disco basculante, produzida industrialmente e vendida também fora do Brasil. Muitas contribuições, desde a fabricação, em 1958 do modelo de coração-pulmão artificial do HC poderiam ter sido patenteadas, mas não foram. Fizemos uma bomba para substituir o coração à qual cabia a patente. No passado eu não patenteava nada, só depois é que comecei a fazer isso.”


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