PESQUISA  
 
Nesta Edição
Todas as edições


CAPA

EDITORIAL
Nesta edição, uma entrevista, inteligente e informal, com o bibliófilo José Mindlin


ENTREVISTA
José Ephim Mindlin: inteligência, lucidez e bom humor numa entrevista surpreendente!


CRÔNICA
Crônica de Artur Xexéu: Dr. Kildare versus Dr. Casey... Você lembra desses seriados médicos?


MEIO AMBIENTE
Estado do Amazonas: as comunidades indígenas e o (difícil) acesso à saúde


CONJUNTURA
A difícil rotina dos médicos intensivistas em UTI pediátrica é tema de tese de doutorado


SINTONIA
Veja o que diz Lynn Silver, subsecretária de Saúde de NY, sobre o sistema de saúde norte-americano


DEBATE
Debate sobre Custos e Qualidade no atendimento à saúde reúne Cremesp, HSL e Unimed


HOMENAGEM AO DIA DA MULHER
Texto de Isac Jorge Fº, rico em detalhes, traz a triste história das mulheres ditas "feiticeiras"...


GOURMET
Prepare-se para sentar-se à mesa e saborear duas receitas simples, mas deliciosas!


HOBBIE
Acredite: médico e artista cria nova técnica de pintura a partir da expressão de rabiscos


COM A PALAVRA
Pra descontrair, consulte o Pequeno Glossário de Chistes Médicos, de Christopher Peterson


TURISMO
Ilha Grande... ah... essa viagem você tem que fazer! Fotos e texto transportam você para lá, virtualmente...


CARTAS & NOTAS
Aqui, você tem um espaço aberto para comunicar-se com nossa editoria


LIVRO DE CABECEIRA
Para quem gosta de uma boa leitura, Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda


POESIA
Poesia de E. E. Cummings, do livro 40 Poem(a)s


GALERIA DE FOTOS


Edição 38 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2007

COM A PALAVRA

Pra descontrair, consulte o Pequeno Glossário de Chistes Médicos, de Christopher Peterson


RIR, O MELHOR REMÉDIO?

Como em toda profissão, na medicina há um repertório de gírias e chistes. No ambiente hospitalar, os diálogos entre os profissionais da saúde podem ser absolutamente ininteligíveis a estranhos, dependendo do grau de intimidade entre as pessoas e das gírias próprias de cada instituição. Às vezes, eles surgem como uma forma de aliviar a tensão do trabalho, uma espécie de antídoto frente a uma rotina dura, na qual profissionais e pacientes convivem com a dor, o sofrimento e a impotência. A notória carência estrutural de algumas intituições do sistema público de saúde é caldo de cultivo para trocadilhos.

No final da década de 90, o tradutor e médico sanitarista Christopher Peterson catalogou e analisou a gíria dos médicos do Rio de Janeiro para uma tese de doutorado pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz). Posteriormente, a tese foi tranformada no livro Trambiclínicas, Pilantrópicos, Embromeds: um ensaio sobre a gíria médica, publicado pela editora Fiocruz.

Na tese, Christopher identifica uma série de jargões próprios dos serviços de saúde, que sugerem a interface entre a gíria médica e a precariedade do sistema. Na introdução do livro, o autor lembra que a idéia da tese surgiu de sua “dupla militância profissional como tradutor e médico” e “da constatação da escassez, na literatura brasileira, de trabalhos sobre a linguagem médica”. Também analisa a relação de gírias e chistes com a perda de autonomia dos médicos, a mudança do perfil epidemiológico e dos paradigmas éticos da medicina.

O autor tem um certo pudor em apresentar os verbetes isolados do contexto do livro, pois podem sugerir brincadeira de mau gosto. Mesmo sob esse risco, apresentamos a seguir uma pequena coletânea das gírias garimpadas por Christopher durante entrevistas com médicos cariocas.

PEQUENO GLOSSÁRIO DE CHISTES MÉDICOS

Acades vulgaris. Apelido para acadêmico de medicina, usado principalmente por internos e residentes.

Bagrinho. Apelido para acadêmico de medicina ou médico recém-formado.

Doutorite. Síndrome caracterizada pela adoção precoce, inusitada ou exagerada de atitudes ou responsabilidades propriamente médicas pelo acadêmico de medicina, na percepção dos colegas.

DPP. Originalmente descolamento prematuro da placenta, neste caso deixa para o próximo plantão.

Dr. Au-Au. Diz-se de médico que costuma encaminhar o paciente a outras enfermarias ou outras especialidades, sobretudo quando deixa a impressão de tentar livrar-se do paciente: “aquele doutor me encaminhou ao cardiologista, depois ao neurologista, depois ao serviço social...”.

Embromed. Nome de plano de saúde fictício. Do verbo embromar, ou “protelar a resolução de um negócio por meio de embustes” associado ao sufixo -med.

Empurroterapia. Definida pela Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia como “auto-medicação”. Traz a dupla conotação de “empurrar com a barriga” (ou adiar a solução de um problema) e receber medicação “empurrada” por balconista de farmácia.

Enfermesa. Segundo um médico entrevistado, “enfermeira burocrata, de saúde pública, que fica sentada atrás de uma mesa”.

Enfermosa. Epíteto machista para enfermeira bonita.

Enfernagem. Apelido usado eventualmente por médicos para a equipe de enfermagem, a título de provocação. Entretanto, de acordo com uma enfermeira entrevistada, “é difícil saber ao certo quem inferniza quem”.

FDA. Food and Drug Administration, órgão do governo americano responsável pela certificação e fiscalização de alimentos e medicamentos. No caso da gíria, significa For Development Abroad, uma alusão à experimentação com medicamentos em países do Terceiro Mundo antes do seu lançamento no mercado norte-americano.

Hospitalismo. Usado ironicamente para síndrome que acomete pacientes com múltiplas internações, cuja necessidade é questionada pela equipe de saúde.

Hospital pilantrópico. Oxímoro formado a partir de pilantra, aquele que “gosta de apresentar-se bem, mas não tem recursos para isso” e filantrópico, “relativo à filantropia, ou inspirado nela, isto é, com amor à humanidade”. Definido assim por um médico entrevistado: “no fundo, eles dizem que hospital pilantrópico não tem finalidade lucrativa, mas acaba tendo, né? Esse ‘sem fins lucrativos’ deles é muito relativo. Tão sempre lá defendendo o dinheiro deles”.

Lei da Fubacilina. Referência irônica à Lei 8.666 ou das licitações baseadas no critério de menor preço. Segundo a história que deu origem a esta gíria, uma licitação pública para compra de antibióticos teria sido ganha por uma empresa cujo produto consistia em cápsulas de amido de milho.

Mulambo. Paciente pobre, de ambulatório ou hospital público.
 
Mulambulatório. Trocadilho para hospital em condições precárias, formado por mulambo e ambulatório.

Parece ser. Diz-se do “parecer” do médico mais graduado, professor ou especialista, e cuja veracidade é posta em dúvida discretamente por seus subordinados.

Plano Pafúncio. Plano de saúde (sic) definido por um médico entrevistado como “procedimentos realizados no hospital público, e por serem parentes de funcionário, são atendidos com mais agilidade e rapidez. Aí, nós costumamos dizer, em termos jocosos, que aquele plano de saúde é Pafúncio! Parente de funcionário”. Do personagem Pafúncio, anti-herói bufo da história em quadrinhos Pafúncio e Marocas.

Rebocoterapia. Transferência de paciente para nível ou unidade de saúde com maior resolutividade. Do verbo rebocar: “puxar embarcação ou veículo com corda, cabo etc., a fim de levá-lo a determinado destino, ou auxiliá-lo em manobra de atracação, desatracação etc.”

Síndrome de PVC. “Porra da Velhice Chegando”, termo leigo conotando o conjunto de males da meia idade, como presbiopia, menopausa, artralgias leves e outros.

Trambiclínica. Clínica de qualidade duvidosa em termos técnicos e éticos. Trocadilho derivado de trambique, ou “negócio fraudulento” e clínica, “lugar de repouso”, “prática da medicina”. A etimologia remonta também ao trampolim, figurativamente uma “coisa, que (...) impulsiona alguém; degrau”, conotando portanto o eventual lugar de iniciação profissional do acadêmico. Às vezes o termo é encurtado para trambi.

Trapeleta. (de trapo + papeleta) Papeleta, ou folha de prescrição, para mulambo, ou utilizada no mulambulatório ou na trambiclínica.

Vírus É-bala. Trocadilho com “vírus Ebola”, usado por um pneumologista pediátrico para se referir ao agente etiológico de uma ferida por projétil de arma de fogo (“bala perdida”) na região cervical de uma criança de dezoito meses. Rio de Janeiro, anos 90. Também conhecido como intoxicação aguda por chumbo.


Este conteúdo teve 282 acessos.


CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE SÃO PAULO
CNPJ: 63.106.843/0001-97

Sede: Rua Frei Caneca, 1282
Consolação - São Paulo/SP - CEP 01307-002

CENTRAL DE ATENDIMENTO TELEFÔNICO

Imagem
(11) 4349-9900 (de segunda a sexta feira, das 8h às 20h)

HORÁRIO DE EXPEDIENTE PARA PROTOCOLOS
De segunda a sexta-feira, das 9h às 18h

CONTATOS

Regionais do Cremesp:

Conselhos de Medicina:


© 2001-2024 cremesp.org.br Todos os direitos reservados. Código de conduta online. 621 usuários on-line - 282
Este site é melhor visualizado em Internet Explorer 8 ou superior, Firefox 40 ou superior e Chrome 46 ou superior

O CREMESP utiliza cookies, armazenados apenas em caráter temporário, a fim de obter estatísticas para aprimorar a experiência do usuário. A navegação no site implica concordância com esse procedimento, em linha com a Política de Cookies do CREMESP. Saiba mais em nossa Política de Privacidade e Proteção de Dados.