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Entrevista


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Crônica


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PÁGINA 18
Dossiê acupuntura relato de caso


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Dossiê acupuntura: panorama


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Dossiê acupuntura em foco


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Dossie Acupuntura: Vanguarda


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Tecnologia


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Medicina no mundo


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Opinião


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Hobby


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Agenda Cultural


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Resenha


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Fotopoesia


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Edição 88 - Julho/Agosto/Setembro de 2019

PÁGINAS 32 E 33

Medicina no mundo

MEDICINA NO MUNDO

Por Concília Ortona

DA TRADICIONAL MEDICINA CHINESA AO NOBEL

A malária continua foco de preocupação por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS), que registra cerca de 200 milhões de novos casos por ano, em especial, na África. No Brasil, foram quase 200 mil em 2018, a maioria na região Norte. A apreensão, no entanto, não se dá pela proliferação do parasita ou de novas epidemias, mas por estagnação das iniciativas de controle da doença nas últimas décadas.

Justiça seja feita: não fosse pela contenção do vetor (mosquitos Anopheles) e o desenvolvimento da artemisinina e seus derivados para tratar a malária resistente à cloroquina, nos anos sessenta, milhões de vidas seriam perdidas. O uso da artemisinina foi ainda mais longe, tornando-se uma “ponte” entre a tradicional medicina chinesa e a ocidental, tão incontestável que mereceu o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 2015.

Extraída da Artemisia annua, conhecida também como “doce absinto” e Qing Hao, em chinês, essa erva medicinal foi documentada pelos chineses em 340 a.C. como “tratamento para febres sazonais”. Portanto, há séculos já se percebia a eficácia da planta contra o Plasmodium, porém, os resultados eram inconsistentes. Tal mérito coube à cientista Youyou Tu e seu grupo da Universidade Médica de Pequim, que conseguiram isolar o princípio ativo da artemisinina, demonstrando sua eficiência em animais e humanos.

O início: durante a guerra entre a República Democrática do Vietnã (Vietnã do Norte, socialista) e a então República do Vietnã (Vietnã do Sul, capitalista), entre 1955 e 1975, o governo da primeira pediu a um de seus aliados, a China, que fornecesse drogas antimaláricas como parte do projeto secreto denominado “523”. Propósito: ajudar os militares vietnamitas do Norte a combater a malária, obtendo vantagem estratégica aos opositores do Sul, que contavam com o apoio dos EUA.

Sob tais condições adversas, a farmacologista Youyou e equipe – incluídas por anos no rol das Cinco Categorias Negras, perseguidas, e até mortas, durante o regime comunista de seu país – não só desenvolveram a artemisinina, como sintetizaram um derivado mais potente, a diidroartemisinina.

Além do Nobel (compartilhado com William Cecil Campbell e Satoshi Omura, descobridores da avermectina, contra a oncocercose), Youyou recebeu o Prêmio Lasker-DeBakey de Pesquisa Médico-Clínica de 2011. Apenas mais um fato histórico: o projeto 523 foi tão secreto que, até o ano de 2005, não se sabia o nome da descobridora da artemisinina, tão empenhada no trabalho, que estava disposta a sacrificar “a vida pessoal e o cuidado da filha” em favor das crianças que viu morrendo de malária, conforme disse à New Scientist, em 2011.

Fontes: ScienceDirect, revista Quimica Nova e G1


COMITÊ NACIONAL DE BIOÉTICA DA ITÁLIA CONSIDERA QUE SUICÍDIO ASSISTIDO NÃO É ASSASSINATO

Em decisão inédita em sua trajetória, o Comitê Nacional de Bioética (CNB), da Itália, posicionou-se favorável ao suicídio assistido.

Em meio a uma acirrada discussão por conta da lei sobre eutanásia no país, que tramita na Câmara há mais de um ano, o CNB opinou que suicídio assistido não é o mesmo que eutanásia e que “não corresponde a um assassinato“.

Esse raciocínio esteve longe da unanimidade. Os membros que defendem a legalização da prática partiram do argumento de que “o valor da proteção da vida deve ser equilibrado com outros bens relevantes, como a autodeterminação do paciente”. Quem se posicionou contra opinou que o suicídio assistido “é uma transformação inaceitável do paradigma do cuidar”.

Agora, o parecer será usado em consulta pública no tema. A discussão partiu do caso de Fabiano Antonioni – o DJ Fabo – que, em 2014, aos 39 anos, ficou cego e tetraplégico após acidente de carro. Sem permissão para ser submetido à eutanásia na Itália, realizou-a na Suíça, com a ajuda de Marco Cappato, militante da causa, que, pela participação, foi acusado criminalmente.

Fonte: Corriere della sera


CÉLULAS HUMANAS EM EMBRIÕES DE RATOS

Conforme a mitologia grega, quimera é um monstro “com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de dragão”. Em Ciência, o termo designa a junção proposital de duas espécies diferentes, como a que foi tema de artigo publicado pela revista Nature: cientistas japoneses pretendem realizar experimentos com embriões humanos e animais.

A diferença é que agora há apoio do Ministério de Educação e Ciência local, que, em março, retirou as barreiras éticas em relação a tais estudos. Hiromitsu Nakauchi, líder do estudo nas Universidades de Tóquio e Stanford (Califórnia), planeja inserir células humanas em embriões de ratos e camundongos e, então, transplantá-los em úteros substitutos de fêmeas dessas mesmas espécies. Objetivo final: produzir animais híbridos, com órgãos que, um dia, possam ser transplantados em pessoas.

Nakauchi diz que planeja continuar devagar, e não tentará levar nenhum embrião híbrido a termo, pelo menos por enquanto.

Fonte: Nature


CONFLITOS NÃO DECLARADOS

Estudo divulgado no British Medical Journal (BMJ) relata paradoxo: enquanto as políticas editoriais dos principais periódicos médicos exigem que autores de artigos divulguem potenciais conflitos de interesse, apenas 12% tornam públicas tais informações quanto aos seus próprios editores.

Isso, apesar de signatários das normas do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (ICMJE), que obriga editores e equipes a declarar vínculos desta natureza. “Deveriam aplicar a si mesmas a transparência exigida dos autores”, escreveu Rafael Dal-Ré, principal autor do estudo.

Em outubro de 2018, a equipe pesquisou sites oficiais de revistas influentes nas políticas sobre o assunto. Nenhuma das 22 listadas dos grupos Lancet, JAMA, e Nature Review, reportou potenciais conflitos de interesse de editores individuais. O Journal of American College of Cardiology e o JACC: Cardiovascular Imaging, editadas por um mesmo pool, informaram todos os valores recebidos. Já o grupo BMJ relatou conflitos individuais em publicações como Annals of the Rheumatic Diseases, Gut e Journal of Neurology Neurosurgery and Phsychiatry.

Quando contatados pela Science, os editores de algumas revistas disseram que “tomarão medidas para gerenciar” os conflitos internos.

Fontes: Science e BMJ Open

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