CAPA
PÁGINA 1
Nesta edição
PÁGINAS 6,7,8,9,10 E 11
Entrevista
PÁGINAS 12 E 13
Crônica
PÁGINAS 14, 15, 16 E 17
Dossiê: Reprodução Assistida - História
PÁGINAS 18,19 E 20
Dossiê: Reprodução Assistida - Em foco
PÁGINAS 21 E 22
Dossiê: Reprodução Assistida- Vanguarda
PÁGINA 23
Dossiê: Reprodução Assistida - Repercussão
PÁGINAS 24, 25, 26, 27, 28, E 29
Dossiê: Reprodução Assistida- Debate
PÁGINAS 30 E 31
Tecnologia
PÁGINAS 32 E 33
Medicina no mundo
PÁGINAS 34 e 35
Opinião
PÁGINAS 36,37 E 38
Solidariedade
PÁGINAS 39,40,41 E 42
Turismo
PÁGINAS 43,44,45 E 46
Agenda Cultural
PÁGINA 47
Resenha
PÁGINA 48
Fotopoesia
GALERIA DE FOTOS
PÁGINAS 32 E 33
Medicina no mundo
Medicina no mundo
ATENÇÃO AO ESCORPIONISMO
Por Dimas Tadeu Covas*
Dados de 2017 – os mais recentes disponíveis – não deixam dúvida sobre a importância do escorpionismo no cenário da saúde pública no país: no ano, 130 mil acidentes foram notificados, com quase 200 mortes – números que confirmam a tendência observada há uma década. Já em 2007, as picadas de escorpião superaram o ofidismo e responderam por 1/3 dos acidentes por animais peçonhentos. A tendência é de crescimento também na incidência, em especial nas regiões Nordeste (97,2 casos por 100 mil habitantes em 2017) e Sudeste (62,7 por 100 mil).
A proliferação dos escorpiões explica o aumento dos casos. A biologia e o comportamento desses aracnídeos facilitam sua sobrevida mesmo em condições adversas. O aumento das temperaturas em anos recentes se tornou mais um fator para o aumento da presença das espécies venenosas. A isto, agrega-se a precariedade dos bolsões urbanos de pobreza, que facilitam a proliferação e dificultam o controle.
Cabe aos serviços públicos de saúde organizar e manter iniciativas para o controle dos escorpiões e prevenção de acidentes. Ao médico, reconhecer os casos de escorpionismo; e, principalmente, distinguir entre os casos leves e os casos com manifestações sistêmicas.
Em geral, os acidentes causam apenas dor local, que ocorre imediatamente após a picada, acompanhada de eritema, sudorese e parestesia. Envenenamento sistêmico, que acomete, na maioria das vezes, crianças abaixo de 12 anos, é muito mais grave. A presença de náuseas e vômitos é sinal premonitório do quadro, que pode evoluir com sudorese profusa, sialorreia, diarreia, dor abdominal, taquidispneia, taquicardia, arritmia cardíaca, convulsão, edema agudo pulmonar, hipotensão e choque. Quando acontecem, esses sintomas são observados já na primeira hora após a picada. Nessas circunstâncias, o tratamento antiveneno é fundamental para neutralizar o veneno circulante.
O Instituto Butantan é o principal produtor de soros hiperimunes no Brasil, incluindo o soro antiescorpiônico, contra o veneno de escorpiões do gênero Tityus, e o soro
antiaracnídico, produto trivalente que, além de neutralizar o veneno do Tityus, é também indicado no tratamento de picadas por aranhas Loxosceles e Phoneutria. Para a produção desses antivenenos, a instituição mantém um biotério de escorpiões com aproximadamente 14 mil exemplares das diversas espécies de interesse para a saúde.
A meta da Secretaria da Saúde do Estado é reduzir a mortalidade por acidentes com animais peçonhentos a zero nos próximos quatro anos.
*Dimas Tadeu Covas é hematologista e diretor do Instituto Butantan
DNA DE TRÊS PESSOAS
Pesquisadores gregos e espanhóis anunciaram o nascimento pioneiro de bebê com o
uso de “transferência de fuso materno”, técnica de Reprodução Assistida (RA) na qual o DNA nuclear da mãe é transferido para uma célula de doadora saudável (cujo núcleo é removido), de modo que a criança resultante tenha DNA nuclear dos pais e DNA mitocondrial da doadora.
A paciente, uma grega de 32 anos, já havia passado por quatro ciclos malsucedidos de
fertilização in vitro e faz parte do grupo de 25 participantes de estudo experimental que vai até 2022, e que já teria produzido oito embriões. Conforme Panagiotis Psathas, presidente do Instituto da Vida, maternidade e centro de pesquisas de Atenas que sediou e financiou o estudo, a intenção é garantir “o direito inalienável de uma mulher se tornar mãe com seu material genético”.
Apesar do entusiasmo, a aplicação da técnica gera controvérsias: da forma com que foi
apresentada e aprovada em 2015 pela Human Fertilisation and Embryology Authority (HFEA) britânica, é restrita à prevenção da transmissão de doenças mitocondriais graves de mãe para filho. Ainda assim, foi pouco usada no país, e, em casos isolados, em Israel e Ucrânia. O ensaio clínico em questão contemplou tal condição, mas incluiu também voluntárias com “múltiplos fracassos de fertilização in vitro”.
A mudança de escopo causou “preocupação” em meio a médicos britânicos, que acham “moralmente muito diferente” o uso para “prevenir doenças” e o destinado a “tratar a fertilidade”.
Fontes: Revista Time, BBC News e CNN
"CRONÔMETRO” DA FERTILIDADE E CONFLITO DE INTERESSES
Mulheres de menos de 30 anos devem ser rastreadas como rotina para avaliar a fertilidade como acontece com o câncer de colo de útero, sugere estudo recente divulgado no Australian Journal of Primary Health. Entre as participantes, 74% afirmaram que alterariam seu planejamento de vida reprodutiva se fosse identificada baixa reserva ovariana.
A proposta é usar um teste que mede o hormônio anti-mulleriano (sigla em inglês AMH, conhecido também como “cronômetro da fertilidade”), para avaliar a reserva ovariana e evitar eventuais decepções vinculadas à infertilidade precoce. O principal autor da pesquisa, Kelton Tremellen, da Flinders University, Austrália, considera que “o AMH poderia ser usado por médicos da área para ajudar as mulheres a tomarem decisões informadas”.
Há quem discorde. Karin Hammarberg, do órgão normatizador em RA na província de Victoria, avalia que a pesquisa foi “enganosa e manipulada”, devido ao vínculo não declarado de Tremellen com uma clínica que se beneficiaria com a expansão das testagens. Vai além: “além de possíveis danos psicológicos, testes inadequados podem levar mais mulheres a intervenções dispendiosas e desnecessárias”.
O ponto de vista vem ao encontro da posição da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina da Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), segundo a qual a avaliação de reserva ovariana como previsão de longevidade feminina “é arriscada”, pois a maioria dos testes não garante a capacidade reprodutiva dos gametas.
Fontes: ABC News Science, Australian Journal of Primary Health e site da Febrasgo