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PÁGINAS 5, 6, 7,8 E 9
Entrevista


PÁGINAS 10 E 11
Crônica


PÁGINAS 12, 13, 14, 15, 16 E 17
Dossiê: Psiquiatria/ História


PÁGINAS 18, 19, 20 E 21
Dossiê: Psiquiatria/ Estatísticas


PÁGINAS 22, 23, 24 E 25
Dossiê: Psiquiatria/ Transtornos do Humor


PÁGINAS 26, 27 E 28
Dossiê: Psiquiatria/ Suicídio


PÁGINAS 29, 30 E 31
Dossiê: Psiquiatria/ Vanguarda


PÁGINAS 32 E 33
Tecnologia - Telemedicina


PÁGINAS 34 E 35
Medicina no mundo


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Hobby


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Agenda Cultural


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Gourmet


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Resenha


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Fotopoesia


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Edição 86 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2019

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Tecnologia - Telemedicina

Conceitos e perspectivas

*Por Chao Lung Wen

Em sentido mais amplo, podemos dizer que Telemedicina (TM) envolve o uso das tecnologias interativas, de informação e de telecomunicação, aliado ao uso de sistemas computacionais, telemetria e biossensores para fornecer serviços de saúde fora do ambiente clínico-hospitalar, proporcionando uma oportunidade de relacionamento maior entre os profissionais de saúde e seus pacientes, ao eliminar as barreiras geográficas e temporais. Embora os sistemas de Telemedicina facilitem o intercâmbio sobre dados e informações de pacientes entre os diferentes níveis de atenção à saúde (primária, secundária e terciária), para otimização dos recursos disponíveis na rede assistencial, os sistemas devem ter obrigatoriamente uma série de características digitais, como garantia de confidencialidade, privacidade, integridade, autenticidade, irrefutabilidade, entre outros.

Muitas pessoas acreditam que seja um recurso recente, dos últimos 15 anos, mas a TM como conhecemos hoje começou na década de 1960, em decorrência da corrida espacial e da Guerra Fria entre EUA e ex-URSS, que deram grandes impulsos no uso de tecnologia para provimento de serviço de saúde de qualidade, de forma conectada, sem ter obrigatoriamente a presença física do médico, usando as melhores tecnologias disponíveis em cada momento. Assim, uma de suas características é que se renova de forma significativa a cada cinco ou oito anos. Aqui, vale lembrar que recursos que eram considerados tecnologias de alto custo e de ponta em 2012 são considerados comuns ou ultrapassados nos dias atuais.

A TM tem grande potencial para agregar novas soluções em saúde, e muitos dos procedimentos e atendimentos presenciais poderão ser complementados, ampliados ou substituídos por interações intermediadas por tecnologias. Para sua efetiva consolidação como uma solução eficiente, precisa ser vista como uma extensão e ampliação dos serviços de saúde convencionais, diferentemente da pressuposição de que poderia competir com as atividades médicas tradicionais, tornando-as mais desumanas, ou provocar uma desvalorização dos serviços profissionais.

 A TM é uma inovação que poderá melhorar a sistemática de execução e provimento de serviços, aumentando a eficiência, ampliando a cobertura de atendimento aos pacientes e possibilitando a criação de novos serviços que podem melhorar a cadeia integrada de processos que, pelos métodos convencionais, seriam inviáveis. Mais do que uma ferramenta, a TM é uma estratégia de logística de saúde fundamentada na aplicação de método digital de raciocínio investigativo médico (telepropedêutica), com recursos interativos digitais. Entre os aspectos relevantes, estão a agilização dos processos de decisão e resolução de problemas (hospitais e serviços conectados), aumento de eficiência, redução de desperdícios e humanização no atendimento (pelo respeito às necessidades da população com redução das filas, por meio de oferta de serviços médicos conectados de qualidade). Ela pode ser uma das formas de garantir a homogeneização da qualidade de serviço médico, pela disponibilização de uma rede de Telejunta Médica e formação médica continuada.

Os mesmos problemas éticos que podem ser encontrados no atendimento pessoal estão presentes na TM. Se os médicos se concentrarem em manter uma boa relação médico-paciente, proteger a privacidade do paciente, promover a equidade no acesso e no tratamento e buscar os melhores resultados possíveis, ela pode melhorar a prática médica e os cuidados aos pacientes, desde que se evite a banalização dos recursos e serviços. São exemplos de sua banalização associá-la ao simples uso de um computador e câmera de videoconferência, uso de Whatsapp ou suporte exclusivamente a pacientes por telefone (call center). Esta noção seria perigosa, pois demonstraria a superficialidade do que entendem como TM, o total desconhecimento dos perigos e a banalização no uso de recursos digitais.

Vários aspectos relacionados à TM ainda precisam ser organizados e discutidos, tais como criação de normas e compliance (regimentos institucionais de TM), aspectos éticos, técnicos e jurídicos, definição de diretores clínicos responsáveis por teleassistências/telediagnósticos/telemonitoramento, termo de consentimento livre e esclarecido, termo de co-responsabilidade e “solidariedade” jurídica por serviços prestados, treinamentos de profissionais de ambos os lados (requisitantes e provedora de serviços), definição de qualificação e experiência mínima dos profissionais provedores de serviços, definição de regras para controle de qualidade (reuniões clínicas periódicas de equipe e auditorias por amostragem), entre outros. 

Estão previstas diversas mudanças tecnológicas até 2021, como o lançamento da banda 5G, uso de grafeno em dispositivos eletrônicos flexíveis, difusão de biossensores, ampliação do uso de realidade virtual, inteligência artificial, impressão 3D, entre outros. Com este conjunto de dispositivos de apoio ao diagnóstico, a TM terá incremento nos recursos de telepropedêutica. 

É inevitável a consolidação da Telemedicina no cotidiano da prática médica até 2025, com ampliação das teleavaliações, tele-interconsultas especializadas, telediagnósticos, teleorientações, tele-emergências, telemonitoramentos, telemulticare etc. Para isto, será necessária a incorporação da TM na formação médica, com ensino de bioética digital, telepropedêutica e empreendedorismo responsável, adequação das Resoluções de Telemedicina, elaboração de compliance institucionais e regulamentações nas áreas de responsabilidade e remuneração de serviços prestados por TM.

 

*Chao Lung Wen é professor associado da Faculdade de Medicina da USP, chefe da Disciplina de Telemedicina elíder de grupo de Pesquisa USP em Telemedicina, Tecnologias Educacionais e eHealth

Referências

1.    Bashshur RL, Reardon TG, Shannon GW.  Telemedicine: a new health care delivery system. Annu. Rev. Public. Health 2000; 21:613-37. 
2.    Chao LW, Cestari TF, Bakos L, Oliveira MR, Miot HA, Böhm GM. Evaluation of an Internet-based teledermatology system. Journal of Telemedicine and Telecare, 2003; 9:S1:9-12. 
3.    Frenk J, Chen L et al. Health professionals for a new century: transforming education to strengthen health system in na interdependent world. The Lancet Commissions. Lancet , Dec 4, 2010. vol.376, p.1923-58. 
4.    Reducing Emergency Department Utilization Through Engagement in Telemedicine by Senior Living Communities. Gillespie SM, Shah MN, Wasserman EB, Wood NE, Wang H, Noyes K, Nelson D, Dozier A, McConnochie KM. Telemed J E Health. 2016 Jun;22(6):489-96. doi: 10.1089/tmj.2015.0152. Epub 2016 Jan 7.
5.    Chao LW. Telemedicine, eHealth and Remote Care System. Global Health Informatics - How Information Technology Can Change Our Lives in a Globalized World, 1st Edition, Editora Elsevier, 168 – 194, 2016.




 


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