“Quando a violência da guerra já não poupa nem médicos,
enfermeiros e hospitais, alguma coisa precisa mudar”
O Cremesp lançou dois importantes livros para a Medicina e para a sociedade: Saúde Mental e Trabalho e Trabalho e Saúde Mental dos Profissionais da Saúde. O estudo da mente humana é essencial para promover o bem-estar dos indivíduos e das comunidades. A nós, profissionais da saúde, cabe colaborarmos para a integração do físico e do psíquico, para que cientistas sociais proponham, e gestores públicos implementem, ações políticas para a construção de um país socialmente sustentável.
Na relação saúde mental e trabalho, a precariedade de um desvirtua o andamento do outro. E, no campo estrito das profissões da saúde, existem inúmeros diferenciais a se considerar, pois se trata de ofício, a um só tempo, desafiador e gratificante. Destaco, como ponto essencial para nosso equilíbrio, a harmonização das relações multiprofissionais. Ao tocar nesse aspecto, me dou a oportunidade de homenagear as 15 categorias da área da Saúde. Médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, psicólogos, cirurgiões-dentistas, fonoaudiólogos e todos os demais profissionais da área que procuram oferecer uma boa assistência aos cidadãos, mesmo com as incontáveis debilidades do sistema. E, em clima, por vezes, de muita ansiedade e dor, constroem a sinergia necessária para que a atuação conjunta resulte em conforto e luz aos pacientes.
Diálogo e tolerância nos edificam em todos os momentos da vida, em especial no campo da Saúde. Agora mesmo enfrentamos uma controvérsia quanto à prescrição de medicamentos por farmacêuticos (veja na pág. 4). Um primeiro impulso nos levaria apenas a uma guerra judicial, até às últimas consequências. Criaríamos uma animosidade, em tudo lesiva à população, entre duas classes que se respeitam e têm um histórico milenar de cooperação.
Em vez disso, conversamos com o presidente do CRF-SP, Pedro Eduardo Menegasso, para buscar convergências e discutir eventuais equívocos das resoluções. Atuaremos visando ao esclarecimento, para a sociedade, da relevância das boas relações entre as duas profissões, cada uma com suas responsabilidades, prerrogativas e limites legais.
Quando, em divergências, apostamos na cisão, como vem ocorrendo na política nacional e internacional, multiplicamos desavenças, perdemos força criativa e precursora de vidas promissoras e saudáveis e, claro, de sociedades justas e felizes.
O acirramento extremado distorce a harmonia entre partes e enfraquece conjuntos, em vitórias efêmeras que nos fazem, a todos, perder.
A cultura da soberba e do ódio, como vemos atualmente, nos estarrece de espanto.
E quando a violência da guerra já não poupa nem médicos, enfermeiros e hospitais, alguma coisa precisa mudar. Em todos nós, e já!
Mauro Gomes Aranha de Lima é presidente do Cremesp
Tags: tolerância, violência, saúde mental, trabalho, editorial.
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