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Notícias
04-10-2015 |
Bráulio Luna Filho |
A defesa da cidadania |
Nada mais horroroso, mas infelizmente ainda hodierno, que a corrupção. Endêmica no mundo e no Brasil, serve de pano de fundo para tentativas de manipulação da opinião pública, principalmente em momentos conflituosos. A corrupção não é apanágio de nenhum país, povo ou partido político, viceja em todos os sistemas sociais e políticos. O que a faz mais ou menos exuberante são os mecanismos de combate. Nas sociedades modernas isso implica desde o desenvolvimento de uma cultura de honestidade e transparência, à criação de leis que incriminem e punam duramente os envolvidos. Na história recente do Brasil, os corruptores nunca foram denunciados. Quando denunciados, nunca atingidos e, quando atingidos, sempre foram contemplados com penas irrisórias. No atual cenário, temos oportunidade de mudar essa trajetória, mas dentro da democracia, com a criação de leis severas que punam, exemplarmente, os culpados. A campanha do Ministério Público Federal por um conjunto de medidas que apontam nessa direção é um sopro de alento na construção de uma sociedade mais justa e democrática. Sabemos das dificuldades dessa empreitada, porquanto a corrupção está incrustada não apenas nas estruturas de governo – municipal, estadual e federal – como também em todos os partidos políticos e empresas privadas. Mas não podemos ser ingênuos e aceitar o jogo daqueles que apontam sempre para um único culpado. Pesquisa realizada pelo Ibope, em 2004, já detectava a disseminação de uma cultura de leniência à corrupção na sociedade brasileira. Cerca de 76% dos entrevistados afirmaram que cometeriam atos corruptos se tivessem oportunidade, e 35% responderam que empregariam familiares se ocupassem cargo políticos! Nesse diapasão, é desnecessário destacar a relação entre corrupção e falta de qualidade dos serviços públicos, inclusive de Saúde. Desde a criação do SUS, nos anos 80, governos de diferentes matizes se sucederam sem enfrentar esse problema. O caos só fez aumentar, até chegarmos às mazelas atuais: hospitais sucateados, filas de meses para atendimentos e recursos humanos desvalorizados, entre outras. Em reportagem especial da edição 329 do Jornal do Cremesp, apresentamos a extensão e os desdobramentos inevitáveis da carência de financiamento no SUS. Antes de tudo, fica o alerta: vamos defender os recursos da saúde e buscar ampliá-los com responsabilidade e compromisso social! Bráulio Luna Filho é presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo |