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CAPA

PONTO DE PARTIDA (pág. 1)
Compromisso com a população e a classe médica


ENTREVISTA (pág. 4)
Ian Frazer


CRÔNICA (pág. 10)
Parece Mentira. Só que não...


CONJUNTURA (pág. 12)
"O oposto da paz é fanatismo e morte"


ESPECIAL (pág. 12)
Assistência à saúde atrás das grades


EM FOCO (pág. 22)
Lítio e neuroproteção


SINTONIA (pág. 27)
Pet terapia


GIRAMUNDO (pág. 30)
Arte, genética e ciência


PONTO COM (Pág. 32)
Mundo digital e tecnologia científica


HOBBY (pág. 34)
Adriano Segal


GOURMET (Pág. 38)
Tadeu Franconieri


CULTURA (pág. 42)
Aralquém Alcântara


CARTAS & NOTAS (pág. 47)
Cremesp reivindica mais investimentos na Saúde


FOTOPOESIA (pág. 48)
No circo


GALERIA DE FOTOS


Edição 80 - Julho/Agosto/Setembro de 2017

SINTONIA (pág. 27)

Pet terapia

Terapia... com patas

Pietro, 5 anos, não queria sair da cama, sua única distração era o celular. Mas, quando as voluntárias da pet terapia Patas Therapeutas chegaram ao seu quarto, ele aceitou, sem hesitar, o convite para ir ver os animais. O garoto caminhou pelo corredor com os cães e foi, junto com outras crianças, até a brinquedoteca acariciar a gata. Seus pais ficaram agradecidos ao vê-lo interagindo tão bem. “Não tem como trazer os animais todos os dias?”, perguntou a mãe.

O uso de Terapia Assistida por Animais (TAA), também conhecido como pet terapia, é uma técnica cientificamente comprovada, que busca humanizar a assistência em saúde a partir do contato com animais. Nela, o animal terapeuta tem um papel que vai além do animal de estimação, passando a ser um cuidador que contribui para momentos agradáveis, reduzindo os sentimentos negativos gerados pela doença e pela hospitalização, e aliviando a ansiedade devido à retirada do foco na doença.

A interação com animais provoca a liberação de substâncias, como neurotransmissores e hormônios, que proporcionam bem-estar à pessoa, afirma estudo realizado, em 2001, na África do Sul, pelos pesquisadores Johannes Odendaal e Susan Iehmann, publicado no Journal of the American Association of Human-Animal Bond Veterinarian (AAHABV). Dentre as substâncias, há a produção de dopamina, endorfina, prolactina, oxitocina e outros hormônios ligados ao prazer, ânimo e sensação de bem-estar, além da diminuição do cortisol, hormônio do estresse. Com isso, o contato entre animais e seres humanos gera melhoras emocionais, físicas, sociais e cognitivas.

A terapia é recomendada para qualquer pessoa, mas é especialmente benéfica para crianças. Para elas, os animais funcionam como agentes por meio dos quais aprendem a ter mais responsabilidade, respeito pelos seres humanos e independência. O convívio com eles também as ajuda a desenvolver a capacidade de lidar com aspectos não verbais, a aprendizagem de fatos fundamentais da vida (como o nascimento, o crescimento, a reprodução e a morte) e a desenvolver atitudes humanitárias em relação ao animal como ser vivo.

 

Patas Therapeutas

A Organização Não Governamental Patas Therapeutas foi fundada em 2012 com o objetivo de trabalhar com animais pequenos – cão (o mais usual), gato, furão, coelho e pássaro, para que seja possível entrar com eles nas diversas instituições atendidas: Sírio-Libanês, Santa Casa de São Paulo, Albert Einstein, entre outros; abrigos para idosos; e Polícia Militar de São Paulo.

Não há espécie ou raça específica para que o animal seja terapeuta, o importante é que seja afetivo, tenha boa convivência com pessoas e outros bichos, adestramento básico, saúde, higiene e vacinação em dia. É necessário também que o dono tenha disponibilidade para ser voluntário, já que terá de acompanhar seu animal durante as ações.

Quando a pessoa se candidata ao voluntariado, o animal é submetido a uma avaliação comportamental e, se aprovado, realiza a avaliação de saúde e toma todas as vacinas necessárias. Caso seja reprovado pelo protocolo de comportamento, os profissionais orientam o proprietário sobre quais aspectos o animal precisa se adequar para tentar ser aprovado novamente.

A presidente da ONG e psicoterapeuta, Silvana Fedeli Prado, diz que a essência da instituição é o voluntariado, pois todos os envolvidos – doentes, voluntários e animais – saem beneficiados. “Enquanto nos falta verba, trabalhamos com o coração”, diz Silvana.

A organização se mantém exclusivamente por meio da colaboração dos voluntários e profissionais parceiros. Para conseguir disponibilizar duas das vacinas obrigatórias e o exame coproparasitológico, a entidade vende produtos em sua loja virtual ou nos eventos dos quais participa.

 

Ação

Dentre as instituições hospitalares onde a Patas Therapeutas atua está o Hospital Infantil Darcy Vargas, em São Paulo. Lá, a ONG utiliza a pet terapia denominada Atividade Assistida por Animais (AAA), que não tem uma metodologia específica (confira box ao lado). A visita é espontânea. Os cães e gatos, sempre acompanhados por seus donos/tutores, são direcionados para a socialização com as crianças, seja dentro do quarto, nos corredores ou em outras áreas de convivência do hospital.

A chegada dos animais ao hospital representa para as crianças um momento de descontração do ambiente hospitalar, atuando como um apoio externo para preservação da saúde mental, durante o período de internação. Segundo a ONG, isso se dá por meio do processo de identificação projetiva, mecanismo psíquico de se reconhecer no outro, que pode levar a mudanças psicológicas.

 

Barreiras

Apesar de a pet terapia ganhar cada vez mais espaço e respeito, ainda há falta de informação e preconceito sobre a técnica, principalmente no ambiente hospitalar. O diretor técnico do Hospital Infantil Darcy Vargas, Sérgio Sarrubbo, conta que recebeu muitas críticas quando, há cerca de cinco anos, decidiu implantar a prática no hospital.

A comissão de humanização do hospital coordena a entrada da ONG nas dependências da instituição e o acolhimento. Já a comissão de infecção hospitalar fiscaliza a parceria com a Patas Therapeutas, de forma a assegurar que doenças infecciosas ou parasitárias não adentrem o hospital.

Para Sarrubbo, a prática “é muito positiva para o ambiente hospitalar, não apenas para as crianças, mas também para os acompanhantes e membros do hospital”.

 

Diferentes modalidades

Há diferentes modalidades de intervenções assistidas por animais. São elas:

Terapia Assistida por Animais (TAA): trata-se de uma intervenção dirigida, com objetivos específicos previamente definidos para cada patologia e faixa etária, na qual a atividade com o animal é parte do tratamento. É dirigida por um profissional especializado; e o cão e o voluntário são capacitados para se tornarem aptos para a atividade.

Atividade Assistida por Animais (AAA): diferente da TAA, essa modalidade é espontânea e ocorre por meio do contato dos animais com os humanos, com a finalidade de proporcionar lazer, distração, socialização e benefícios emocionais e/ou cognitivos.

Educação Assistida por Animais (EAA): o professor utiliza o animal como recurso pedagógico, que atua como facilitador e motivador do processo da aprendizagem. Desenvolve capacidades cognitivas, psíquicas, físicas e morais dos educandos.

 

Colaborou: Janaina Santana


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