

CAPA

PONTO DE PARTIDA (pg.1)
João Ladislau Rosa - Presidente do Cremesp

ENTREVISTA (pg. 4)
Fang Zhouzi

CRÔNICA (pg.10)
Antonio Prata

EM FOCO (pg.12)
Wagner dos Santos Figueiredo

DEBATE (pg.16)
Solera/Yonamine/Carrazza

CONJUNTURA (pg.22)
Bebidas alcoólicas: consumo e propaganda

SINTONIA (pg.26)
Especialidades médicas

GIRAMUNDO (pg. 30)
Curiosidades de ciência e tecnologia, história e atualidades

PONTO.COM (pg. 32)
Informações do mundo digital

HISTÓRIA DA MEDICINA (pg.34)
Cientistas brasileiros e o Nobel

LIVRO DE CABECEIRA (pg.37)
Jürgen Thorwald

CULTURA (pg. 38)
Chang Dai-chien

CARTAS & NOTAS (pg.43)
Ser Médico bombou na web!

TURISMO (pg. 44)
Gramado, Caxias do Sul, Canela.. quem resiste?

FOTOPOESIA (pg.48)
Salomão Souza

GALERIA DE FOTOS

PONTO DE PARTIDA (pg.1)
João Ladislau Rosa - Presidente do Cremesp
A formação médica em xeque
Ser médico deveria ser sempre uma opção diretamente relacionada ao compromisso social. Afinal, quem trata de saúde, de vidas humanas, tem de focar o próximo, o bem-estar dos cidadãos. Houve época em que a medicina era uma espécie de trincheira dos românticos. Ao praticá-la, o profissional criava elos consistentes com os pacientes, com os parentes dos mesmos; tornava-se quase mais uma pessoa da família.
A mercantilização no campo da saúde suplementar, a falta de políticas para a valorização dos recursos humanos na área pública transformaram completamente esse quadro no decorrer das últimas décadas. O perfil dos novos médicos foi contaminado por essas distorções e ainda pela formação inconsistente oferecida pela maioria dos cursos de Medicina, aberta com a ótica do lucro e não do humanismo.
Temos no Brasil atualmente cerca de 40% de médicos com menos de 10 anos de profissão. Em São Paulo, o índice é maior, pois formamos mais e recebemos uma quantidade expressiva de graduados de outros Estados.
Um recorte por idade do estudo Demografia Médica no Brasil, do Conselho Federal de Medicina, publicado nesta edição, é uma peça indispensável para a compreensão dessa “renovação” da medicina. Há dados que obrigatoriamente nos forçam a refletir sobre como, para quem e para que estamos formando.
Especialidades essenciais como Tocoginecologia e Pediatria ainda figuram entre as especialidades mais escolhidas por médicos com menos de 35 anos.
Entretanto, não formam quadros suficientes para atender à demanda social. No caso da Obstetrícia, os honorários escorchantes praticados por planos de saúde e governos tornam sua prática condenada ao extermínio. A situação é tão grave que até os especialistas com título (13% deles) estão deixando de exercê-la, conforme recente pesquisa do Datafolha.
Na Pediatria, a perspectiva é igualmente sombria. Se compararmos os números de 1999 com os de 2013, houve queda de 55% dos candidatos ao título de especialista. Levando em consideração que neste ínterim houve significativo aumento do número de faculdades de Medicina, com consequente crescimento no número de novos médicos, proporcionalmente a queda foi brutal. Se há 15 anos, 15% a 20% dos formandos procuravam a pediatria como especialidade, hoje esse número é inferior a 8%.
Mesmo assim, as duas especialidades junto com Cirurgia Geral, Clínica Médica e Anestesiologia somam 44% de nossos especialistas. Os 56% restantes ficam divididos entre as demais 45 áreas, o que demonstra, além do desequilíbrio, falta de programas de incentivo para nichos de grande necessidade social.
É mister, assim, uma análise profunda de toda a estrutura de nossas políticas de residência e titulação. Temos muito ainda a avançar para olhar com orgulho o fato de sermos tão jovens e já especialistas.
João Ladislau Rosa
Presidente do Cremesp