CAPA
PONTO DE PARTIDA (pág. 1)
Renato Azevedo Júnior - presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pág. 4)
Mia Couto, biólogo e jornalista moçambicano
CRÔNICA (pág. 8)
Homenagem a Moacyr Scliar, médico e escritor, falecido em janeiro deste ano
SINTONIA (pág. 10)
Surge um novo conceito de doença e de saúde
CONJUNTURA (pág. 13)
Identificação possível
SAÚDE NO MUNDO (pág. 14)
Saúde Global versus Saúde Internacional
DEBATE (pág. 17)
A qualidade das embalagens comercializadas no país
GIRAMUNDO (págs. 22/23)
Curiosidades da ciência e tecnologia, da história e da atualidade
PONTO COM (pág. 24)
Acompanhe as novidades que agitam o mundo digital
EM FOCO (pág. 26)
Transtornos afetivos na infância
LIVRO DE CABECEIRA (pág. 29)
Confira a indicação de leitura de Caio Rosenthal*
CULTURA (pág. 30)
José Marques Filho*
GOURMET (pág. 36)
Uma receita especial de Debora Handfas Gejer e Geni Worcman Beznos
TURISMO (pág. 40)
A "suíça brasileira" bem ali, na Serra da Mantiqueira...
CARTAS & NOTAS (pág. 47)
Diretores e conselheiros da terceira gestão 2008-2013
POESIA( pág. 48)
Mia Couto em “Raiz de Orvalho e Outros Poemas”
GALERIA DE FOTOS
LIVRO DE CABECEIRA (pág. 29)
Confira a indicação de leitura de Caio Rosenthal*
O livro das ilusões
O livro das ilusões, de Paul Auster, é daqueles que o leitor começa, não consegue parar e ainda fecha-se no quarto para não ser incomodado. Os personagens desse suspense – com uma trama que não desperdiça um minuto da atenção – são pessoas comuns à primeira vista, mas, depois, nem tanto. A história se passa no final dos anos 80, e seu narrador é um pacato professor de literatura dos Estados Unidos que, ainda jovem, perdeu a esposa e os filhos em um acidente de avião. O desejo de morrer o leva ao alcoolismo e ao abandono de si por um bom tempo, quando começa a assistir a filmes em casa e passa a interessar-se pela vida do comediante Hector Mann – que desapareceu sem deixar pistas no auge da popularidade em 1929; é dado como morto por todos. Desse interesse nasce um livro sobre seus filmes e o autor, David Zimmer, torna-se uma autoridade no assunto.
De repente, Zimmer recebe uma mensagem da esposa de Hector Mann, que passa a assediar o escritor para que ele visite a fazenda onde reside o casal, no Novo México. Incrédulo, Zimmer recusa as investidas por carta, até que uma mensageira o procura para convencê-lo a viajar e encontrar-se com o comediante, agora enfermo e com 90 anos. A partir daí, ele inicia um romance com a missivista, que o leva ao encontro do comediante.
O pacato ex-professor de literatura jamais poderia imaginar que mergulharia em um mundo cheio de tramas, que viria dar mais do que uma reviravolta em sua vida. Ele passa a descrever e esmiuçar a conturbadíssima vida de Hector Mann, um latin lover judeu por acaso (e argentino, também por acaso), recheado de romances impossíveis – com uma riqueza de detalhes que deixa o leitor confuso em muitos momentos sobre quem está narrando a história.
Paul Auster faz um jogo de vai e vem com o tempo. Pula dos anos 20 para os 80 com divertida desenvoltura, e acaba levando o leitor a conhecer, inadvertidamente, um pouco daquela época. Como sempre, em se tratando de excelentes autores, o final é mais que surpreendente; é uma volta de 360 graus na vida do atônito professor de literatura.
*Infectologista, conselheiro do Cremesp.
Trecho do livro
“...Foi então que ele desapareceu. Exceto pela roupa que tinha no corpo e pelo dinheiro que levava na carteira, deixou tudo para trás e por volta das dez da manhã seguinte estava a caminho do norte, dentro de um trem para Seatle. Certo de que seria pego. Assim que dessem pelo desaparecimento de Brigid, não levariam muito tempo para estabelecer um elo entre os dois sumiços. A polícia iria querer lhe fazer perguntas e começaria a procurá-lo para valer. Só que Hector se enganou a esse respeito, assim como se enganara sobre tudo o mais. O desaparecido era ele e, por enquanto, ninguém nem sabia que Brigid se fora. ...”
Obra: O Livro das ilusões
Autor: Paul Auster
Tradução: Beth Vieira
Editora: Companhia das Letras