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CAPA

EDITORIAL (SM pág.1)
A implantação plena do SUS no país depende, apenas, de vontade política


ENTREVISTA (SM pág. 4)
Um encontro com o autor de Caminhos para o desenvolvimento sustentável


CRÔNICA (SM pág. 8)
Se você duvida da resistência "sobrenatural" dos vírus e bactérias, leia ...


CONJUNTURA (SM pág. 10)
Robôs cirúrgicos: a esperança de sucesso em procedimentos de alta complexidade


SAÚDE NO MUNDO (SM pág. 13)
Os pontos positivos do sistema público de saúde canadense


MÉDICO EM FOCO (SM pág. 16)
O verdadeiro espírito da Medicina cativa moradores simples do litoral sul de São Paulo


AMBIENTE (SM pág. 20)
Guia Verde de Eletrônicos do Greenpeace: empresas e a reciclagem


DEBATE (SM pág. 22)
Como atua o sistema de cooperativas de trabalho médico no Estado


GIRAMUNDO (SM pág. 28)
Destaque para a exposição Cérebro - O mundo dentro da sua cabeça, realizada em outubro


HISTÓRIA (SM pág. 30)
Surge uma nova - e importante - área de atuação médica: a Medicina de Viagem


GOURMET (SM pág. 34)
Aprenda a preparar uma receita dos deuses: ostra à milanesa


CULTURA (SM pág. 37)
Cientistas voltam os olhos para o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí


TURISMO (SM pág. 42)
Acompanhe o passo-a-passo de uma viagem deslumbrante à Síria! Roteiro do médico Rodrigo Magrini


CARTAS (SM pág. 47)
Iniciativa da revista em papel reciclado recebe aprovação dos leitores


FOTOPOESIA (SM pág. 48)
Dante Milano, poeta modernista carioca


GALERIA DE FOTOS


Edição 49 - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009

TURISMO (SM pág. 42)

Acompanhe o passo-a-passo de uma viagem deslumbrante à Síria! Roteiro do médico Rodrigo Magrini

Síria, uma senhora cheia de encantos 

Em seus seis mil anos, impérios nasceram e caíram nessa região, que também foi berço do primeiro alfabeto, o Ugarit



Texto e fotos: Rodrigo Magrini*



Alepo foi a melhor porta de entrada que eu poderia escolher para me aventurar pela Síria, país encantador em que o moderno convive com o centenário e o milenar. Com dois milhões de habitantes, a cidade parece bem interiorana à primeira vista. Diferente da capital, Damasco, seus habitantes têm mais paciência com os poucos turistas. Eram três da manhã quando cheguei à fila da imigração. Enquanto esperava em pé a minha vez, tentava responder o questionário do serviço sanitário sobre a gripe suína, em pleno surto mundial na época. Ao contrário de outros países, os agentes aduaneiros da Síria sorriam e acenavam com as mãos pedindo paciência enquanto conferiam e carimbavam passaportes. Na minha frente, estava uma família do México. México? Justo na minha frente? Os três mexicanos levaram horas para responder a um longo questionário. Na minha vez, bastou responder algumas perguntas e citar três nomes – Ronaldinho, Kaká e Zico – para ser liberado.

Como a primeira impressão é a que fica, o melhor é fechar os olhos ao cruzar a entrada de um aeroporto com destino à rua. A visão do enxame de taxistas é sempre terrível. Mas tive de ficar de olhos abertos para esperar um amigo norte-americano que iria me encontrar, enquanto repetia como um mantra: “no thank you, no thanks, no, no”. Ainda bem que entrada de aeroporto não reflete a cultura de um povo... De um veículo amarelo, remendado com durepox em 40% da superficie, meu amigo Paul acenava. Em segundos, o carro ficou cercado de taxistas que gritavam ferozmente com o motorista. Mesmo não sabendo uma palavra em árabe, deduzi que aquele táxi era ilegal, algo  comum entre os curdos que vivem na cidade.

Para nossos padrões, os sírios acordam e dormem tarde, depois de longas conversas pós-jantar. Não é fácil dormir sob 40 graus, nem enfrentar todo um dia sob o sol de verão no Oriente Médio. Essa é a razão pela qual eles criaram os souqs, os seculares mercados fechados, de incríveis 30 metros de altura. Em Alepo, são 15 quilômetros de lojinhas aglomeradas e divididas em grupamentos, há souqs do ouro, da carne, dos tapetes, das roupas etc. Salvo raras exceções, a abordagem dos vendedores não é agressiva. Um ou outro, quando o fazem, se aproximam com frases do tipo “você é italiano?”. Positiva ou negativa, a resposta abre portas ao convite para um café ou chá “sem compromisso”. E, “sem compromisso”, eles desmontam a loja, literalmente, aos seus pés. No final perguntam, deixando bem claro que é “sem compromisso”, o que mais lhe agradou. Ao responder que nada, a loja é remontada. Em segundos as cerâmicas são empilhadas e os tapetes, dobrados. O vendedor abre a porta com cara de “papai Salim” pós-atropelamento e despede-se com um aceno desanimado. Passar por essa experiência constrangedora no primeiro dia ensina a nada responder quando assediado pelas ruelas dos souqs. Mesmo assim, não deixe de atender aos que o abordam para tirar fotos dos filhos e o levam para conhecer a padaria do bisavô, a confeitaria da família ou a sua fábrica de tachos de cobre. Esses frequentes convites dos sírios são verdadeiros presentes aos turistas. Foi por eles que cheguei a incríveis lugares para comer doces, compotas de damasco, tâmaras recheadas de pistache e pães.

Os sírios são hospitaleiros, curiosos, sorridentes, generosos, além de excelentes comerciantes. As primeiras rotas comerciais do mundo passaram por seus caminhos. Impérios caíram e outros nasceram na região, que também é o berço do primeiro alfabeto, o Ugarit, criado 2.500 anos antes da Era Cristã – e pode ser conhecido no Museu Nacional de Damasco.

 

Única e fascinante, Damasco disputa com Alepo o título de cidade habitada mais antiga do mundo. É um mergulho em seis mil anos de história. Damasco transformou-se e reescreveu-se repetidamente. A cidade está no DNA da história da humanidade. É uma senhora do tempo que testemunhou a passagem da rota da seda, dos romanos, dos gregos e de Saulo/Paulo. Ela respira comércio há milênios. Comprar e vender é arte passada de pai para filho. Quem aceitar o primeiro preço em um souq, corre o risco de não conseguir levar o produto para casa, além de deixar o vendedor ofendido. Nada é tabelado, tudo é discutido. Enquanto se toma chá, dezenas de tapetes são abertos e fechados à sua frente. Se o turista for impaciente, o melhor é andar à deriva por ruelas e procurar por curiosidades no bairro judeu-cristão.

O som ensurdecedor das buzinas, o canto religioso dos minaretes, as inúmeras ruas medievais, alamedas e souqs cobertos deixam os turistas aturdidos durante o dia. Mas a cidade se acalma à noite. Nas desertas ruas medievais de luzes amareladas, apaziguava o medo pensando nas muitas reportagens que apontam Damasco como uma das cidades mais seguras do mundo, com índice de criminalidade perto de zero. O grande perigo ao estrangeiro é ser atropelado. A Síria é um perigo no trânsito.  

Mas a Síria é um país para se deixar levar. Todos os guias turísticos falam para os turistas se deixarem perder pelos seus labirintos centenários. Italianos e espanhóis compõem a grande maioria dos visitantes do país. Fato curioso acontece com os norte-americanos. Ao serem questionados pelos locais sobre sua origem, sempre respondem “Canadá” e são imediatamente surpreendidos pela pergunta: “qual é a capital do Canadá?”. Sem saber a resposta e notadamente frustrados por serem desmascarados, recebem um sorriso e ouvem “wellcome to Syria! You are my friend!” Assim, dia após dia, fui descobrindo na Síria a diferença entre povo e políticos, cultura e governo. 

Palmira!

Há muitos sítios arqueológicos para visitar na Síria, cidades perdidas, castelos da época das Cruzadas e... Palmira! Após horas sacolejando pelo deserto, essa cidade em ruínas surge como uma miragem. Do nascer ao pôr do sol, suas cores são fantásticas. Palmira encanta pelo tamanho, pela riqueza e delicadeza dos detalhes das monumentais construções. A cidade vive do turismo, mas caiu muito depois do atentado de 11 de setembro, em Nova York. Além dos norte-americanos, os turistas europeus também sumiram, hotéis e restaurantes se esvaziaram. Aos seus habitantes, pouco restou além do comércio das tâmaras colhidas no oásis ao lado das ruínas. Uma nova onda de turistas está revitalizando Palmira, embora aquém à do passado, é suficiente para tirar a poeira dos tapetes nos mercados de pulgas. 

Sabor de Brasil

Comida é um capítulo à parte na Síria. Tirando algum tempero exótico e ervas locais, há muitas semelhanças entre a comida síria aqui do Brasil e a de lá. Diferente da China e do Japão. Comida japonesa e chinesa do Brasil nada tem a ver com o que se come nesses países. Mas, cuidado, a Síria engorda. As sobremesas folhadas são uma tentação contínua. Impossível não parar de 100 metros em 100 metros em uma barraca de rua para comer uma esfirra de queijo feita na hora, tomar um suco de amora ou comprar caixinhas dos melhores morangos que já saboreei na vida. Daqueles que os leitores acima de 40 anos experimentaram, pequenos, vermelhos por inteiro e que desmancham na boca.

Passeando pelo bairro judaico cristão de Damasco, descobri Bagdash, considerada a melhor sorveteria do mundo. Depois de enfrentar uma fila quilométrica, você tem como única opção sorvete de água de rosas com cobertura de pistache. Descobri como eram feitos os sorvetes antes das máquinas e, atônito, observei por quantas mãos ele pode passar antes de chegar à sua boca. Mas sou uma autoridade no assunto e garanto que o sorvete é realmente o melhor do mundo. Esqueça tudo que você já provou. Ir à Síria e não tomar esse sorvete é crime inafiançável.

 

*Rodrigo Magrini é dermatologista em Bragança Paulista


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