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CAPA

EDITORIAL (SM pág. 1)
A mobilização nacional para a revisão do Código de Ética Médica, após 20 anos de existência do documento - por Henrique Carlos Gonçalves


ENTREVISTA (SM pág. 3)
Acompanhe a trajetória profissional e pessoal da pediatra marroquina Najat M’jid nesta entrevista exclusiva


SINTONIA 1 (SM pág. 8)
Web e atividade cerebral: nosso bem ou nosso mal? Tire aqui suas conclusões...


SINTONIA 2 (SM pág. 11)
Jornalismo na área da saúde: é preciso saber separar o joio do trigo antes de divulgar assuntos médicos


CRÔNICA (SM pág. 16)
Príncipe ou plebeu... qual opção lhe traria maior felicidade?!? Veja o que pensa Ruy Castro, em sua crônica, sempre inteligente e bem-humorada


AMBIENTE (SM pág. 18)
Alguns hospitais brasileiros são bons exemplos de atitudes positivas e eficazes na preservação da qualidade do meio ambiente


DEBATE (SM pág. 23)
Encontro sobre violência infanto-juvenil reúne duas especialistas no assunto, sob a mediação do conselheiro Mauro Aranha


EM FOCO (SM pág. 29)
Estação Ciência: passeio transforma visita em experiência única, possibilitando o contato direto - e descomplicado - com o universo científico


HISTÓRIA (SM pág. 32)
Acompanhe nossa visita virtual aos templos ecumênicos agregados a hospitais


CULTURA (SM pág. 36)
A arte e a ciência - que desafiam a lógica - do artista holandês Cornelius Escher


TURISMO (SM pág.40)
Casal de médicos dá dicas incríveis para uma viagem fantástica ao Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais


CABECEIRA (SM págs. 46 e 47)
Duas sugestões de leitura imperdíveis: O Presidente Negro e Venenos de Deus, Remédios do Diabo


CARTAS (SM pág. 47)
Acompanhe, nesta coluna, alguns comentários recebidos sobre a edição anterior


POESIA (SM pág. 48)
Trecho da obra Réquiem, II, do poeta Lêdo Ivo, foi escolhido para finalizar esta edição


GALERIA DE FOTOS


Edição 46 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2009

SINTONIA 1 (SM pág. 8)

Web e atividade cerebral: nosso bem ou nosso mal? Tire aqui suas conclusões...

Ouro de tolo?



A navegação rápida pela internet pode alterar o funcionamento do cérebro humano?

Por Ivolethe Duarte* e Nara Damante**

Além de transformar a forma de viver das pessoas, a navegação pela internet está alterando o funcionamento do cérebro? Gary Small, neurocientista, investigador da Universidade da Califórnia - Los Angeles (Ucla) diz que o cérebro é muito sensitivo a mudanças, como as provocadas pelas tecnologias de informação. Em entrevista à sucursal da agência Reuters na Austrália, Small destacou que a maleabilidade é própria da dinâmica do cérebro humano no processo evolutivo.

“O cérebro é o único órgão do corpo humano que ainda não concluiu a evolução”, afirma  também o professor  brasileiro Jorge Alberto da Costa e Silva, psiquiatra, diretor do Instituto Brasileiro do Cérebro (Inbracer) e vice-presidente da Academia Nacional de Medicina e membro vitalício da Academia Brasileira de Filosofia. “Assim como o universo, o cérebro  também é um sistema em evolução. Ele abriga a consciência e a auto-consciência. Esta vida psíquica consciente é que nos faz entender o universo, buscando o nosso papel dentro dele e nos colocando em sintonia com o seu movimento evolutivo”,  completa Costa e Silva. 

Dessa forma, o processo rápido de apreensão de informação seria nocivo ao raciocínio complexo?  “O Google está nos tornando idiotas”? Quem faz a pergunta é o ensaísta norte-americano Nicholas Carr no título de um provocador artigo publicado na revista The Atlantic no ano passado. Especialista em tecnologias da comunicação e assessor da Enciclopédia Britânica, Carr acredita que a forma de receber e processar conteúdos está transformando o cérebro humano “em massa de panqueca” – plana e esticada por informações, mas sem nenhuma profundidade. Ele afirma que não pensa mais como antes, especialmente quando lê livros. Antes podia virar páginas durante horas, agora mal ultrapassa alguns parágrafos e logo perde a concentração, procurando outra coisa para fazer. “A leitura profunda que ocorria de forma natural se transformou em um esforço”, lamenta.

A internet tornou-se  principal canal de informação para muitas pessoas, que dedicam cada vez mais tempo à navegação para ver notícias, correio eletrônico, consultar enciclopédias, mapas, conversar por chats  etc. Para Carr, a informação de forma rápida e fracionada é “ameaça potencial à redução da capacidade de concentração, reflexão e contemplação”.   

“Carr tem razão, mas só em parte. Podemos, sim, nos acostumar a conseguir respostas ‘pré-digeridas’ e funcionar desse jeito. Porém, nem sempre a informação que se encontra no Google é ‘pré-digerida’ ou superficial. Ele fornece acesso aos sites de busca de toda a bibliografia científica do mundo”, avalia o neurocientista argentino radicado no Brasil Iván Izquierdo, professor da  PUC-Rio Grande do Sul e  pesquisador na área de fisiologia da memória. “Nunca foi tão grande a possibilidade de acessar essa informação como agora. É privilégio de cada um ir a esses artigos completos e lê-los, ou não”, conclui ele.

O neurocientista Gary Small cita, na entrevista à Reuters, um estudo conduzido com 24 adultos que demonstrou que os usuários mais experientes da web tiveram o dobro de atividade cerebral, nas áreas que controlam  a tomada de decisões e o raciocínio complexo, do que aqueles que estavam apenas começando a navegar na internet. Os neurocientistas afirmam que todas as atividades mentais influem em um nível biológico no cérebro.
 
“Temos duas tendências, algo era melhor no passado, mas hoje a internet e o Google podem dar informação de maior qualidade em tempo mais rápido.  O problema é que a internet coloca tudo de forma incompleta para aquilo que você deseja. Então, você clica, clica, clica, procura, procura, mas, no fundo, não procura nada”, afirma o neurocientista Martin Cammarota, vice-diretor do Instituto de Pesquisas Biomédicas da Pontíficia Universidade Católica de Porto Alegre.

Para Costa e Silva, o acesso à internet apenas como atividade lúdica a transforma num cassino. “Mas se a utilizarmos para obter informações atualizadas e refletir sobre tudo, melhoraremos a capacidade de pensar. Sou um leitor compulsivo, tenho computador, Blackberry, iPhone, iBook com 3 mil livros baixados, mas continuo apaixonado por livro. Quando quero ler um romance, quero tocar, cheirar e riscar a folha impressa. Mas para me informar sobre ciência ou notícias, eu me atualizo on-line”, revelou Costa Silva.
 
O próprio Nicholas Carr afirma no artigo que não quer ser “ranzinza” com as novas tecnologias de informação. Inclusive cita a passagem do livro Platos Phaedrus, em que o filósofo Sócrates lamenta o desenvolvimento da escrita. Ele temia que as pessoas, se passassem a confiar na palavra escrita como substituta do conhecimento que tinham na mente, deixariam de exercitar a memória. O filósofo também achava que o conhecimento sem preceptoria não era sabedoria. “Sócrates acertou em parte, mas teve visão curta ao não perceber que a escrita e a leitura levariam à expansão do conhecimento e ao desenvolvimento de novas ideias”, redime-se Car.     

Ele dá outros exemplos da tecnologia alterando a maneira de pensar, entre eles o uso comum do relógio, a partir do século 14. Carr reproduz uma descrição, feita pelo historiador Lewis Munfor em Technics and Civilization: “o relógio desassociou o tempo dos eventos humanos, ajudando a criar a crença em um mundo independente e de sequências  matematicamente medidas. O esqueleto abstrato de tempo dividido chegou a ser ponto de referência tanto para ação como movimento”.  O surgimento da imprensa no século 15 também fomentou a idéia de que a mente humana seria bombardeada de informação e que o homem se tornaria mais preguiçoso intelectualmente. O que aconteceu em certa medida, mas o livro também  fez surgir o chamado “século de ouro da sabedoria universal”.

Gary Small  e  Costa e Silva também vão por essa linha.  “Já estamos instalando uma série de equipamentos eletrônicos dentro do corpo para melhorar a saúde e a performance de alguns órgãos. Por que não admitir que amanhã a nossa inteligência seja uma simbiose entre a biológica e a da informática? Isso é perfeitamente viável e não significa um downgrade”, avaliou Costa e Silva. 

“A tecnologia pode acelerar o processo de aprendizagem, o lado negativo é que há pessoas viciadas em internet e o aumento dramático do diagnóstico de Déficit de Atenção”, declarou Gary Small. “Ela pode ajudar nosso cérebro a filtrar informação e a tomar decisões rápidas. Os que estarão em evidência nas próximas gerações serão aqueles que misturam a tecnologia à capacidade de relacionamento social”, arrisca Small.

Google pratica “taylorismo mental”

O ensaísta Nicholas Carr fez várias entrevistas com cientistas e executivos da Google, a maior empresa do gênero no mundo que incorporou quase todas as  de menor porte. Além de colunista do The Atlantic, ele já publicou alguns livros sobre o assunto. Para Carr, o que Winslow Taylor fez para o trabalho manual o Google está fazendo para o mental.  Em 1911, Taylor, munido de um crônometro, fez vários testes numa siderúrgica dos EUA, com o objetivo de melhorar a eficiência dos operários, até conseguir uma divisão sequencial de tarefas que obtinha a máxima produtividade. “Os indivíduos, então, foram suplantados pelos sistemas”, observa o ensaísta.       

“No templo do Google, na Califórnia, a religião praticada é o taylorismo”, escreve Carr. “Um dos seus chefes executivos, Eric Schmidt, define a missão do Google como ‘organizar toda a informação do mundo para torná-la acessível e útil universalmente. Sua meta é ser uma ferramenta de busca perfeita, que entenda perfeitamente o que você quer . (...) Quanto mais rápido nós conseguirmos acessar pedaços de informação e extrair sua essência, mais produtivo chegaremos a ser como pensadores’”.

Carrr afirma que “para o Google, informação é mercadoria que se pode extrair e processar com eficência industrial”, completando que seus fundadores, Sergey Brian e Larry Page ambicionam criar uma inteligência artificial que suplementaria e substituiria o cérebro humano. “Ambição saudável e natural”, defende o ensaísta, “o problema é que eles acreditam que inteligência é resultado de um processo mecânico, uma série de passos que podem ser isolados, medidos e otimizados. No mundo do Goolgle tem pouco espaço para nebulosas, indecisão e contemplação. Ambiguidade não é para eles uma abertura para um insight, mas um defeito a ser consertado. O cérebro humano é só um computador obsoleto que precisa de um HD maior”.

Outra revelação de Carr: “ao Google não interessa que o usuário pense em profundidade. Ao fazê-lo pular de link em link, o Google coleta migalhas de dados sobre seu comportamento, traçando o seu perfil para usar na publicidade.”

*Ivolethe Duarte é jornalista do Cremesp, editora da Revista Ser Médico
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Nara Damante é jornalista, editora-adjunta do site do Cremesp
 



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