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Destaque p/reportagem especial sobre o longo e penoso processo de aposentadoria dos médicos


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Nesta edição, Giovanni Guido Cerri fala sobre sua experiência à frente da FMUSP


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O escritor Ruy Castro nos brinda com seu texto divertido e inteligente, sua marca registrada


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Polêmico, o apelo ao consumo infantil desenfreado na análise de uma especialista no tema...


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Mata Atlântica: ainda é possível, sim, salvar o que resta desta floresta


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Aposentadoria: depois de anos de (árduo) trabalho, chega - enfim - a dificuldade maior...


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Saúde Suplementar: especialistas no assunto avaliam as relações de mercado e a assistência à saúde


HISTÓRIA DA MEDICINA
Você conhece Alcméon de Crotona? Acompanhe a história do avô da Medicina, por José Marques Filho


ESPECIAL CENTRO DE SÃO PAULO 1
A restauração do centro da cidade devolve aos paulistanos a nostalgia dos bons tempos...


ESPECIAL CENTRO DE SÃO PAULO 2
Mercado Municipal: restauro tornou local agradável para passear, fazer compras e almoçar


ESPECIAL CENTRO DE SÃO PAULO 3
Theatro São Pedro aniversaria em plena atividade, com espetáculos de dança, música e dramaturgia


TURISMO
Prepare-se para realizar uma viagem de sonho pelo continente australiano


LIVRO DE CABECEIRA
Cartas da Guerra, de Antonio Lobo Antunes, é a recomendação de nosso delegado em Atibaia


CARTAS & NOTAS
Acompanhe o que os leitores da Ser Médico acham da revista...


POESIA
A poesia da vez é de autoria de Vladimir Mayakoviski


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Edição 39 - Abril/Maio/Junho de 2007

TURISMO

Prepare-se para realizar uma viagem de sonho pelo continente australiano


Austrália



OBRA DO SONHO

Em um passado remoto – tão distante que nem mesmo a história registrou –, espíritos sagrados desceram do céu em direção à Terra. Naquele período ancestral, conhecido por Sonho, os deuses andavam inspirados: moldaram desertos, praias, rochas, montes nevados, rios e matas. Incansáveis, inventaram plantas e bichos das mais diversas formas; e, para curtir toda aquela criação espetacular, fizeram os povos. 

Assim teria surgido o mundo, segundo o imaginário dos aborígines, uma gente que há prováveis 60 mil anos habita as terras australianas. Hoje, quem lá vive, ou tem o privilégio de conhecer o país, não duvida nem um pouco de que a Austrália é, realmente, uma obra genuína do Sonho. E longe de ser uma lenda.  

Sexto maior país do mundo (atrás de China, Rússia, EUA, Canadá e Brasil), a Austrália tem uma peculiaridade notável: é capaz de agradar aos mais diferentes, e exigentes, viajantes. À primeira vista sua imensidão territorial – cujas fronteiras são invejáveis 36 mil quilômetros de costa –, provoca uma sensação de vazio. Com pouco mais de 20 milhões de habitantes, quase dois terços de suas terras são regiões desérticas ou semidesérticas. O restante é onde grande parte das pessoas mora, ao longo do litoral, banhado pelos oceanos Pacífico e Índico. 

A primeira e grata surpresa da Austrália está justamente aí. Apesar de sua dimensão continental e da população diminuta (imagine o Brasil ocupado por apenas metade dos habitantes do Rio Grande do Sul!), não há nenhuma monotonia, em parte alguma. Favorecido por uma natureza generosa, o país é movido à emoção: os australianos adoram mergulhar, pegar ondas, fazer trekking. Organizam importantes torneios internacionais de surfe, rugby, corridas de cavalos, vela, críquete, balonismo e golfe. Também produzem bons vinhos e planejaram algumas das mais modernas e belas cidades do planeta. Além disso, podem se gabar do sistema educacional de alto padrão. Não é à toa que a Austrália conta com oito prêmios Nobel, sendo cinco deles em Medicina.   

Para quem é brasileiro, dá até para se sentir em casa: a bandeira é verde e amarela, as estações do ano começam nas mesmas datas que as brasileiras e os australianos são super simpáticos. E, outra agradável semelhança: gostam de receber o visitante de braços abertos – muitas vezes com uma cervejinha gelada.  

Por ser detentora de inúmeros atrativos naturais e culturais, é preciso desvendar a Austrália aos poucos, sem pressa (e você vai descobrir que o país vai muito além de cangurus, bumerangues e coalas). Para isso, o melhor dos roteiros começa pela vibrante metrópole Sidney. 

Terra cosmopolita

Quem conheceu Sidney há 50 anos, dificilmente imaginaria que aquela cidade provinciana e sem graça se tornaria uma imponente cidade, tão bem estruturada e atraente que seria eleita sede das Olimpíadas de 2000. É na sua região central que se concentram os cartões postais mais famosos da cidade como a Ópera House, a Harbour Bridge, o Hyde Park, Chinatown e o Darling Harbour. 

Todos os anos, mais de 15 milhões de australianos e turistas passam pelo porto de Harbour, onde fazem compras, comem, visitam o Aquário de Sidney   ou o Museu Marítimo Nacional. Ao longo do porto, encontra-se um complexo de bares e restaurantes modernos, chamado Cockle Bay, que forma o animado circuito gastronômico da cidade. À noite, o  lugar é uma festa, brindada ao sabor de bons  vinhos nacionais. 

Dali, unindo o centro à zona norte, é impossível não notar a Harbour Bridge, uma impressionante estrutura de aço com 550 metros de comprimento – a “ponte cabide”, como foi apelidada, e que pode ser escalada pelo interior de uma de suas colunas. A vista lá do alto permite admirar a Ópera House, reconhecida como uma das grandes obras arquitetônicas do século 20. Concluído em 1973, um projeto ousado do dinamarquês Jorn Utzon, inspirado num barco à vela, o teatro de 1.500 lugares não se dedica apenas à ópera. A cada ano, suas salas recebem mais de três mil espetáculos diferentes, de filmes a shows musicais; de peças teatrais a apresentações de dança. 

Distante quase mil quilômetros ao sul de Sidney, Melbourne, a capital do Estado de Victoria, também é extremamente atraente a quem se interessa por arquitetura e design. Suas ruas estão repletas de prédios contemporâneos, como o imponente Rialto Towers, de 66 andares; shoppings centers de desenhos arrojados, como o Australian on Collins; museus futurísticos e restaurantes sofisticados. Melhor ainda, em harmonia com belíssimas construções antigas bem preservadas. 

A região de Melbourne guarda uma outra incrível atração. Basta percorrer menos de 300 quilômetros pela Great Ocean Road, em direção à cidade de Adelaide, para dar de cara com as fantásticas esculturas naturais  de terra dos 12 Apóstolos. Obras do vento e do mar, os paredões se desprenderam do continente para se enfileirar ao longo da praia – e surpreender os viajantes.   

Grande atração do país, os 12 Apóstolos (que na verdade são 11, um deles já foi derrubado pela ação das águas) podem também ser vistos do céu, em passeios de helicóptero. Imagens pitorescas, por ali, não faltam. Pela mesma estrada, é possível observar baleias (de junho a agosto), coalas no alto de árvores, cangurus ao longe e surfistas encarando ondas gigantes. Se for o período do inverno, certamente algumas das montanhas de Victoria estarão servindo para ferver a adrenalina de adeptos do esqui na neve e do snowboarding. 

Um mundo a explorar

Para quem continua pela Great Ocean Road rumo a Adelaide, mais surpresas. Nos arredores da cidade há belos palácios erguidos pelos ingleses no século 19, que podem ser visitados. Foi ali que os australianos começaram a produção de vinhos, principalmente para o mercado inglês. O Shiraz australiano tornou-se reconhecido como um dos melhores vinhos produzidos com essa uva, original do Irã. A Shiraz adaptou-se ao solo e ao clima australianos de forma extraordinária.

Hoje, além de Victoria, os Estados de Nova Gales do Sul, Austrália Meridional e Austrália Ocidental destacam-se na produção do vinho, que pode ser degustado nas adegas locais. Há muito tempo que as principais cidades australianas como Sidney, Melbourne, Adelaide, a capital Canberra e a ensolarada Brisbaine, estão na rota da maioria dos turistas. Os novos viajantes, porém, agora vão em busca de regiões ainda pouco exploradas.  

Uma delas fica a 240 quilômetros da costa sul australiana e por anos ficou esquecida, já que não valia a pena cruzar o Estreito de Bass durante doze horas de balsa. O isolamento (mesmo com a implantação de vôos comerciais) acabou favorecendo a Tasmânia, o menor Estado do país: há quilômetros de praias intocadas e parques nacionais inexplorados. Isolada do continente, a Tasmânia criou um ecossistema único, onde vivem gatos selvagens marsupiais (os quolls, predadores de corpo e rabo com pintas brancas), wallabies (cangurus pequenos) e os demônios da Tasmânia, o bicho de dentes afiados, ameaçados de extinção. 

Outro destino abençoado é a Grande Barreira de Corais, no Estado de Queenland. Trata-se nada menos do que a maior estrutura de corais do planeta, numa extensão de dois mil quilômetros mar adentro, desde a Ilha Elliot, ao norte de Brisbane, e até o sul de Papua Nova Guiné. É um mundo – acessível por mergulhos inesquecíveis –, onde vivem 400 diferentes tipos de corais, 1.500 espécies de peixes, quatro mil de moluscos, 350 de equinodermos (como estrelas-do-mar e pepinos-do-mar) e incontáveis esponjas e crustáceos. Sem mencionar tartarugas e baleias que habitam a região, farta em nutrientes para todos esses bichos.  

Quem visita o país, não deve perder um outro mergulho revelador – desta vez, porém, não em água. No coração do Outback, o deserto australiano, Alice Springs é o ponto de partida para conhecer a gigantesca, e curiosa, rocha Uluru (ou Ayers Rock). Com 348 metros de altura e 9,4 metros de circunferência, ela altera de cor a cada mudança da luz do sol. É outro espetáculo da natureza, também sagrado para os aborígines. Durante o “Sonho”, os deuses estavam mesmo inspirados. E ninguém duvida.    

Educação Exemplar

Embora seja um país jovem quando comparado às nações do chamado Primeiro Mundo (sua descoberta deu-se em 1770, pelo capitão inglês James Cook, e a independência da Coroa Britânica só veio em 1901), a Austrália ostenta uma das economias mais saudáveis do mundo, além de servir de exemplo nas áreas da segurança, saúde e direitos humanos. Não por acaso, milhares de jovens estrangeiros escolhem estudar na Austrália. A cada ano, mais de 100 mil estudantes de diversos pontos do planeta matriculam-se em suas escolas. 

O sistema educacional é de altíssimo nível, garantido por organismos fiscalizadores, como a Agência Australiana de Qualidade Universitária, que auditora as universidades. Os cursos mais procurados são de inglês, técnicos, profissionalizantes e de pós-graduação. Bem equipadas, as escolas facilitam a vida do estudante estrangeiro, permitindo que ele trabalhe legalmente 20 horas semanais ou em período integral durante as férias.
 
Há mais de uma centena de colégios de língua inglesa, 600 institutos de formação profissional e 40 universidades entre as públicas e as privadas, educando nas mais diversas áreas, como tecnologia da informação, negócios, marketing, comunicações, saúde, estudos ambientais e e-businness, entre outras.


O site ESTUDE NA AUSTRÁLIA traz dicas valiosas sobre instituições de ensino e cursos para estrangeiros.

Terra de gênios da Medicina 

Desde 1915, a Austrália acumula oito prêmios Nobel – cinco deles em Medicina. Entre as contribuições científicas recentes do país, destaca-se a nanotecnologia, ciência voltada à produção de materiais a partir da estrutura dos átomos. Veja os prêmios Nobel da Austrália:

1915William Lawrence Bragg e seu pai William Henry Bragg: prêmio de Física pela análise de cristais através de raio X.
1945Howard Florey: prêmio de Medicina pelo desenvolvimento do uso da penicilina. 
1960Frank Macfarlane Burnet: prêmio de Medicina pela descoberta da resistência imunológica adquirida em transplantes de tecidos. 
1963John Carew Eccles Nobel: prêmio de Medicina pela investigação sobre o funcionamento do cérebro. 
1973Patrick White: Nobel de Literatura para o escritor.
1975John Warcup Cornforth: prêmio de Química pelas pesquisas sobre a estrutura de moléculas biológicas e suas reações orgânicas.
1996Peter Doherty: prêmio de Medicina por seu trabalho sobre Imunologia. 
2005Barry J. Marshall e J. Robin Warren: prêmio de Medicina pela descoberta da bactéria Helicobacter pylori e seu papel na gastrite e na úlcera péptica.  

* Sérgio Túlio Caldas é jornalista e escritor, autor dos livros  Nas fronteiras do Islã, ed. Record, 2002; Arara Azul, ed. DBA, 2005  e Café, um grão de história, ed. Dialeto, 2007, entre outros.



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