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CAPA

EDITORIAL
Nesta edição, uma entrevista, inteligente e informal, com o bibliófilo José Mindlin


ENTREVISTA
José Ephim Mindlin: inteligência, lucidez e bom humor numa entrevista surpreendente!


CRÔNICA
Crônica de Artur Xexéu: Dr. Kildare versus Dr. Casey... Você lembra desses seriados médicos?


MEIO AMBIENTE
Estado do Amazonas: as comunidades indígenas e o (difícil) acesso à saúde


CONJUNTURA
A difícil rotina dos médicos intensivistas em UTI pediátrica é tema de tese de doutorado


SINTONIA
Veja o que diz Lynn Silver, subsecretária de Saúde de NY, sobre o sistema de saúde norte-americano


DEBATE
Debate sobre Custos e Qualidade no atendimento à saúde reúne Cremesp, HSL e Unimed


HOMENAGEM AO DIA DA MULHER
Texto de Isac Jorge Fº, rico em detalhes, traz a triste história das mulheres ditas "feiticeiras"...


GOURMET
Prepare-se para sentar-se à mesa e saborear duas receitas simples, mas deliciosas!


HOBBIE
Acredite: médico e artista cria nova técnica de pintura a partir da expressão de rabiscos


COM A PALAVRA
Pra descontrair, consulte o Pequeno Glossário de Chistes Médicos, de Christopher Peterson


TURISMO
Ilha Grande... ah... essa viagem você tem que fazer! Fotos e texto transportam você para lá, virtualmente...


CARTAS & NOTAS
Aqui, você tem um espaço aberto para comunicar-se com nossa editoria


LIVRO DE CABECEIRA
Para quem gosta de uma boa leitura, Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda


POESIA
Poesia de E. E. Cummings, do livro 40 Poem(a)s


GALERIA DE FOTOS


Edição 38 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2007

TURISMO

Ilha Grande... ah... essa viagem você tem que fazer! Fotos e texto transportam você para lá, virtualmente...


Ilha Grande
De barco ou a pé?

É impossível eleger a mais bela praia.
E algumas concorrem ao título de mais bonita do Brasil

Laura Abreu
free-lancer (texto e fotos) para
Ser Médico

Cercada por mar de águas cristalinas com os mais diferentes tons entre o azul e o verde, repleta de praias selvagens, cachoeiras, lagoas, montanhas e preenchida por Mata Atlântica ainda intacta, Ilha Grande tem uma beleza que impressiona. Para conhecer as 106 praias da ilha – 123 se a maré estiver baixa – é preciso navegar ou caminhar pelas trilhas, pois carros e motos são proibidos no local.

Com 200 quilômetros quadrados, a ilha é daqueles lugares vistos nos documentários sobre ecologia que parecem estar muito, muito distantes das grandes cidades. Mas está logo ali, no Rio de Janeiro. Considerada Área de Proteção Ambiental, abriga riquezas da fauna e flora. Pássaros como beija-flor, papagaio, pica-pau, tié, sabiá, saracura, além de macacos, esquilos, tatus, pacas, ouriços, cobras e borboletas de todas as cores podem ser vistos na região. Algumas espécies ameaçadas de extinção, como o macaco bugio, vivem tranqüilamente no local.

Não por acaso, turistas do mundo inteiro vêm conhecer esse cenário paradisíaco. Em um curto passeio pelas praias é possível ouvir os mais variados idiomas. A ilha que possui seis mil moradores, chega a receber 150 mil visitantes no verão. Entre os estrangeiros, os europeus e argentinos vêm em maior número.

Ilha Grande fica a aproximadamente 21 quilômetros do continente. A partir de Angra dos Reis (RJ), pode ser acessada por barco, num percurso de uma hora e meia. O principal ponto de desembarque é a Vila do Abraão, considerada a “capital da ilha” e onde vivem 50% dos moradores. Devido ao intenso tráfego marítimo, essa praia é pouco adequada para banho, mas concentra a maioria das 150 pousadas da ilha, restaurantes e todo o comércio local.

Por ter abrigado o presídio Cândido Mendes no passado, a ilha ficou isolada por muito tempo, o que ajudou na sua preservação. É impossível eleger a mais bela praia, mas algumas delas certamente estão entre as mais bonitas do país. Lopes Mendes é uma delas. Com quase três quilômetros de areias brancas e muitas ondas, é a preferida dos surfistas. Fica do lado de fora da ilha, em mar aberto e para alcançá-la os barqueiros deixam os turistas na praia do Pouso (onde há um restaurante flutuante), que de lá seguem a pé por uma belíssima trilha de meia hora. Uma curiosidade: a única casa da praia do Pouso está à venda. O preço? Algo em torno de um milhão de dólares, com direito a uma lancha de brinde.

Cachadaço é outra cotada como a mais bela. Com apenas 10 metros de extensão, está totalmente preservada. Possui águas calmas e fica escondida entre as rochas e a Mata Atlântica; era ponto de desembarque de mantimentos e escravos. Poucos barcos chegam lá. Procure uma embarcação segura, porque nem sempre a navegação por fora da ilha é tranqüila. O mais comum é alcançá-la por trilha. Se quiser segurança, há guias que acompanham grupos.

Outra atração é a praia do Aventureiro, onde há um coqueiro que nasceu na horizontal, debruçado sobre o mar. As praias da Lagoa Azul e Lagoa Verde, de águas transparentes, são paradisíacas e muito procuradas pelos visitantes. De máscara, snorkel e pés de pato os turistas bóiam na superfície do mar, vasculhando as areias claras do fundo em busca de tesouros da natureza.

Agito
À noite, a Vila do Abraão ferve! Turistas passeiam à vontade nas ruas do centro. No trajeto mais percorrido, entre a rua de Santana e a charmosa travessa Bouganville, há um mini-shopping, pousadas, bares e restaurantes, a via da praia e a pracinha da Igreja de São Sebastião, que fica iluminada. Nos bares sempre cheios, ouve-se música ao vivo. O Sotéro é um concorrido bar estilo moderninho onde rola muita paquera. Mas é o forró que agita a praça nos finais de semana. 

Nesse charmoso centrinho é possível ter acesso à Internet, jornal, farmácia, lojinhas de roupas, artesanato e às agências de turismo que oferecem passeios de barco às belas praias – com preços a partir de R$ 20 e até uma volta pela ilha, por R$ 80. Também é possível alugar lanchas, caiaques, pranchas e passeios específicos para mergulho. Alguns pontos da Ilha Grande estão entre os melhores do país para essa atividade. Com um pouco de sorte os mergulhadores podem encontrar golfinhos e tartarugas, mas estrelas do mar e peixinhos coloridos são vistos facilmente. Há também opções de mergulhos a embarcações naufragadas.

História
Ilha Grande tem importantes marcos históricos: ruínas e construções do período colonial e até sítios arqueológicos. “Há 10 mil anos povos marsiqueiros habitavam a ilha”, afirma o engenheiro florestal Ciro de Moura, que trabalha no local. Em 1502, os portugueses chegaram em Ipaum Guaçu – Ilha Grande, na língua dos índios antigos habitantes.

Piratas também passaram por lá. A ilha oferecia madeira para o reparo das embarcações, água em abundância e uma geografia cheia de reentrâncias, estratégicas para esconderijo de barcos piratas. Entre as histórias e lendas sobre a presença de corsários, dizem que saqueavam navios que partiam de Paraty rumo à Europa carregados de ouro de Minas Gerais. Uma das versões para o nome Abraão dado à vila sustenta que o pirata Abraham Cock viveu no lugar. Há também textos se referindo a ilha como entreposto de tráfico de escravos.

Memórias do Cárcere
O mais marcante de Ilha Grande é o fato de ter abrigado um presídio, criado em 1903 sob o nome Colônia Correcional de Dois Rios. Um pouco antes, em 1871, por ordem de Dom Pedro II, foi construído o Lazareto, abrigo para quarentena de passageiros doentes que chegavam ao Brasil. Desativado, o Lazareto transformou-se em presídio político. Na era Vargas, Orígenes Lessa e Graciliano Ramos ficaram presos no local, inspirando este último a escrever Memórias do Cárcere.

Posteriormente, o Lazareto foi demolido e a ilha perdeu seu mais importante patrimônio histórico e cultural. Hoje restam algumas ruínas soturnas e mal conservadas que complementam o roteiro turístico do local. 

Em 1940 foi construído em Dois Rios o Instituto Penal Cândido Mendes, conhecido como o Caldeirão do Diabo. No regime militar, após ter participado do seqüestro do embaixador americano, Fernando Gabeira foi um de seus prisioneiros. A convivência de presos políticos com presos comuns originou facções do crime organizado, entre elas o Comando Vermelho. Foi também na Ilha Grande que ocorreu a cinematográfica fuga de helicóptero do traficante Escadinha. Outros presos ilustres como o assaltante de banco Lúcio Flávio e o transformista Madame Satã também passaram por lá. Após a libertação, Madame Satã continuou a viver na ilha até a morte. Em 1994, o presídio foi demolido.
 
Garrafas ao mar
A primeira pousada da Ilha Grande, chamada Mar da Tranqüilidade, surgiu em 1970, ainda no tempo do presídio. Continua lá, mas passou por reformas. “No começo vinham apenas parentes de presos”, lembra o proprietário Elias de Melo, conhecido pela simpatia e idéias mirabolantes. Melo inventou de lançar ao mar garrafões com mapas da ilha e alguns prêmios. O primeiro encontrado foi em Saquarema, litoral do Rio de Janeiro, 20 dias após ser arremessado. O sortudo recebeu, entre outras premiações, uma semana de hospedagem na ilha. O empresário avisa que “uma garrafa, lançada em 2005, ainda não foi encontrada”.

Com a demolição do presídio, o turismo tornou-se a base da economia local. Mas, por quase um século, os moradores conviveram com o medo e o perigo. Muitos não gostam de falar do passado. Nilton Carvalho, de 72 anos, morador da praia do Japariz, conta que naquela época “ninguém podia sair de noite para tomar a fresca”. O pescador lembra que quatro vezes foi ameaçado por foragidos da prisão. “Eles vinham armados com pistolas ou facas e nos obrigavam a atravessá-los para o continente”. 

Onde ficar
Ilha Grande é acessível a quase todos os bolsos, desde hospedagem em campings com diárias a R$ 10 por pessoa em baixa temporada, passando por albergues, até requintadas pousadas como Sítio do Lobo, na Enseada das Estrelas, onde há um heliporto. As diárias com café da manhã e jantar custam R$ 600 para o casal. Um pouco mais em conta e próximo da agitação, o Sagu Mini Resort, na praia Brava, enseada do Abraão, tem uma diária para casal de R$ 320 em alta temporada que inclui acesso à Internet, traslado de ida e volta à Angra e uso do ofurô. Ainda no Abraão, o Solar da Praia, uma charmosa pousada de frente para o mar tem diária para casal por R$ 150 em alta temporada. Mais em conta ainda, o Recanto dos Borbas, com diária para casal a R$ 70 na alta temporada, serve o café da manhã em um agradável terracinho com vista para o mar.
 
O que comer
As refeições também têm preços para todos os bolsos. Há desde um bem servido “prato feito” a R$ 8 até os mais sofisticados a base de frutos do mar. Uma boa pedida é o “mix do pirata” para duas pessoas, da Adega do Corsário Negro. Para quem preferir um jantar romântico à luz de velas, a bordo ou em terra firme, a alternativa é o requintado restaurante Reis e Magos, na enseada do Saco do Céu. Aliás, o local tem esse nome porque à noite o mar espelha o céu estrelado. O cardápio inclui paellas e moquecas de frutos do mar.

Importante: não há caixas eletrônicos ou agências bancárias na ilha e nem todos os estabelecimentos aceitam cheques e cartões bancários.

Como chegar
As embarcações da Companhia Barcas S/A partem do cais no centro de Angra dos Reis, fazendo percurso Angra/Abraão.
Tel.: (21) 2789-1473.
Percurso: 21 km
Duração: 1h30
Horários
- De Angra para Abraão: de 2ª a 6ª feira às 15h30. Sábados e domingos às 13h30.
- De Abraão para Angra dos Reis: de 2ª a 6ª feira às 10h. Sábados, domingos e feriados 10h.
Passagens
R$ 5,35, de segunda a sexta-feira, em todos os percursos / R$ 18 (unitário) e R$ 30 (duplo), sábados, domingos e feriados.

Serviço de atendimento aos usuários de barcas
(021) 2533-6661 R: 237. Há opções de embarque em saveiros fretados, com preços em torno de R$ 15.

Atenção: a partir de 17h30 é praticamente impossível conseguir barcos saindo do continente ou da ilha de segunda à sexta-feira. Sábados, domingos e feriados, a travessia regular vai até às 13h30 (exceto em festas importantes como Ano Novo e Carnaval).

Fonte: Prefeitura de Angra

Dica: o site ILHA GRANDE é bem estruturado e tem todo tipo de informação para turistas.


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