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EDITORIAL
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Polêmico e verdadeiro, o cineasta Ugo Georgetti fala sobre futebol. Imperdível!


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Pasquale Cipro Neto: texto sempre bem-humorado e incontestável quando o foco é nosso idioma...


CONJUNTURA
Telemonitoração, Telehomecare, Telecirurgia Robótica. A Medicina Digital já é realidade


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Edwal Campos Rodrigues, infectologista, alerta p/a necessidade de normatização na fiscalização de resíduos hospitalares


SINTONIA
Conheça um pouco da vida de Camilo Salgado, cultuado como santo popular no Pará


DEBATE
Debate sobre a propaganda de medicamentos: Sim ou Não?


HISTÓRIA DA MEDICINA
Hospital Santa Catarina: dedicação e perseverança desde sua fundação, em 1906


GOURMET
Não duvide: tem médico à frente de tradicional padaria no Bixiga...


EM FOCO
Vamos rodar pela Transamazônica numa expedição dedicada à saúde?


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Uma visita educativa - virtual - ao Museu da Língua Portuguesa


CULTURA
José Bertagnon: médico pediatra e artista premiado internacionalmente


TURISMO - CHILE
Viaje conosco até o Chile e conheça Puerto Williams e Porvenir. Inesquecíveis!


CARTAS & NOTAS
Pesquisa Datafolha mostra que a Ser Médico tem 100% de aprovação


LIVRO DE CABECEIRA
Sugestão de leitura para quem gosta de histórias de terror realista: Colapso...


POESIA
A poesia "Civilização Ocidental", de Agostinho Neto, finaliza com brilho esta edição


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Edição 35 - Abril/Maio/Junho de 2006

HISTÓRIA DA MEDICINA

Hospital Santa Catarina: dedicação e perseverança desde sua fundação, em 1906

A vocação das irmãs de Santa Catarina

Uma das mais antigas irmandades religiosas de assistência do mundo mantém  hospital, escola, convento e considerável acervo artístico no coração financeiro de São Paulo

A Congregação das Irmãs de Santa Catarina criou escolas, hospitais, creches, asilos e núcleos de atendimento a doentes crônicos, influenciando no desenvolvimento das localidades onde se instalaram. Desde sua fundação, em 1571, dedica-se à educação e saúde. Hoje é mais atuante em saúde do que em educação nos seis países em que está instalada, além do Brasil – Alemanha, Itália, Polônia, Lituânia, Benin, Camarões e Rússia. Apesar de antiga, nunca foi uma grande comunidade religiosa: hoje tem cerca de 800 seguidoras no mundo.

As irmãs chegaram ao Brasil em 1897 para educar as filhas de alemães que viviam em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Começaram com um colégio e, posteriormente, criaram na cidade o Hospital Santa Tereza. A partir de 1901 passaram a atuar em São Paulo, inaugurando, em 1906, o Sanatório Santa Catarina (hoje Hospital Santa Catarina) na avenida Paulista, com cerca de 40 leitos. Nas revoluções de 1924 e 1930, o sanatório transformou-se em asilo de refugiados e funcionou como banco de sangue. Seguindo a tendência de verticalização da avenida Paulista, em 1949 foi concluído no local um novo prédio de sete andares que passou a sediar a Escola de Auxiliares de Enfermagem Santa Catarina, além do hospital. A escola chegou a ter curso universitário, mas hoje mantém apenas os de nível técnico. Sempre administrado pelas freiras, o hospital acompanhou o crescimento da cidade até chegar aos 283 leitos atuais.

“Hoje, caminhamos na linha da complexidade. Em conjunto com o diretor médico elegemos seis áreas para atuar com excelência: Cardiologia, Cirurgia Geral, Oncologia, Traumato-ortopedia, Materno-infantil e Neurologia. Neste momento, estamos ampliando os leitos de UTI”, destaca a irmã Lia Gregorine, diretora geral do hospital. “O bom do Santa Catarina é que grande parte dos recursos captados é utilizada em benefício do próprio hospital, em novos equipamentos”, diz o cardiologista Júlio Abramczyk, que há mais de 40 anos trabalha na instituição. Ele também é colunista do jornal Folha de São Paulo, foi diretor do Departamento de Cardiologia do Santa Catarina e responsável pela enfermaria de indigentes, que funcionou até os anos 90. Com a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS), de atenção universal, os serviços para indigentes foram desativados.   

Segundo Abramczyk,  a disciplina “alemã” e a dedicação profissional das freiras à enfermagem contribuíram para o reconhecimento da qualidade do serviço, além do investimento contínuo em equipamentos de ponta, na revisão da infra-estrutura física e na capacitação de médicos. Ele completa que a atual diretora geral, irmã Lia, impulsionou a modernização do complexo nos últimos anos. “Ela tem uma visão fantástica e demonstrou grande capacidade administrativa já quando se tornou diretora da maternidade”, elogiou.

Localizado no coração financeiro da Capital, em meio a espigões, o complexo do Hospital Santa Catarina também é um patrimônio cultural e arquitetônico da cidade. O terreno de 15 mil metros quadrados, entre a avenida Paulista e as ruas Cincinato Braga e Teixeira da Silva, abriga prédios destinados à assistência e ao ensino, além da capela e do convento, os dois últimos de 1920. A capela é integrada ao moderno prédio principal de 12 andares por um gigantesco saguão de vidro, harmonizando o encontro arquitetônico de períodos e tendências diferentes. Ainda sob a cúpula de vidro, as sacadas de madeira do primeiro e segundo andar fazem alusão aos navios que trouxeram as primeiras irmãs ao Brasil.

Na parte antiga, o pátio do convento abriga um jardim com centenas de espécies floríferas, a maioria da Mata Atlântica. “É um dos últimos jardins da Paulista”, diz Júlio Abramczyk.

“Nosso hospital também promove e preserva a arte, a cultura e a história”, orgulha-se a irmã Lia. Até 2004, o hospital mantinha um teatro. Nos corredores, saguões e vãos das escadarias de todo o complexo, é possível encontrar obras de arte importantes e de artistas renomados. O vitral de Nossa Senhora da Conceição, localizado no hall principal, foi doado por dom Pedro II ao Hospital São José de Petrópolis. Na fachada do prédio na avenida Paulista, a história da Medicina é contada por placas de bronze que formam um painel intitulado “Vida”, do artista plástico italiano Marco Ulgheri.

Entre os arcos na entrada da capela, uma série de cinco afrescos, também de Ulgheri, representam a vida, o milagre e a decapitação de Santa Catarina. Na parte interna do muro na rua Cincinato Braga, a crucificação de Jesus é apresentada em uma série de azulejos de 1958. Uma antiga casa abriga o Museu Histórico do Hospital Santa Catarina, com peças de porcelana inglesa e prata que serviram os pacientes até a década de 30 do século passado, aproximadamente. O museu também preserva peças de instrumentação médica de várias épocas.

Missão quatrocentona

A missão teve origem em 1571, quando a jovem nobre Regina Prothmann e mais duas companheiras passaram a residir em uma casa quase em ruínas, em Braunsberg, então ao norte da Alemanha – hoje Braniewo, Polônia. Dedicaram-se à educação de meninas e à assistência domiciliar de doentes.  Em 1583 obtiveram reconhecimento como congregação religiosa. Madre Regina fundou outros conventos em localidades vizinhas e, após sua morte, em 1613, a comunidade continuou em expansão, embora enfrentando fases adversas. No convento de Krales, fundado em 1645, quase todas as religiosas morreram em 1709 devido ao contato com doentes portadores de uma peste letal que atingiu a região. Durante a Segunda Guerra Mundial, mais de 100 foram mortas somente no norte da Alemanha e muitos conventos foram abandonados. Com o fim da guerra, a congregação se reorganizou na Alemanha Ocidental e um pequeno grupo também conseguiu subsistir na clandestinidade no lado Oriental.  

Futuro da congregação preocupa religiosas



A diretora geral do Hospital Santa Catarina, irmã Lia Gregorine, fala em entrevista sobre o trabalho e as dificuldades da comunidade

Ser: Quando a Congregação das irmãs de Santa Catarina veio para São Paulo?
Irmã Lia:
As primeiras irmãs vieram a São Paulo chamadas pelos monges do Mosteiro de São Bento, para cuidar da educação de meninas do Colégio Santo Adalberto. Elas giraram muito pela cidade, passando pelas ruas Brigadeiro Luis Antonio e Maria Antonia, antes da instalação do convento e do hospital na avenida Paulista. Nesses pequenos locais, desenvolviam uma enfermagem voltada ao atendimento domiciliar e ambulatorial.

Ser: Como foi o processo de criação do hospital Santa Catarina?
Irmã Lia:
Consideramos o abade do Mosteiro de São Bento, dom Miguel Kruse um dos co-fundadores do Hospital Santa Catarina, junto com a irmã Beata Heinrich e o médico austríaco Walter Seng. Em 1903, os três começaram a pensar num hospital voltado ao atendimento da comunidade de São Paulo. As irmãs adquiriram este terreno, que na época não passava de um matagal na periferia, localizado no final da avenida Paulista, que começava a ser aberta. Em 1906 foi inaugurado o Sanatório de Santa Catarina, com cerca de 40 leitos. Já não há mais nada desse primeiro casarão. A capela e a casa das irmãs foram concluídas em 1920.

Ser: Quantas freiras vivem hoje no Brasil e no convento da avenida Paulista?
Irmã Lia:
  No Brasil devemos ser hoje cerca de 350 irmãs. No Convento da avenida Paulista somos apenas 16, mas em outras épocas ele chegou a abrigar 60 ou 80 freiras.

Ser: Há médicas entre as freiras, a exemplo das médicas-irmãs de Santa Marcelina?
Irmã Lia:
Incrível, desde a fundação da Congregação, há quase 450 anos, sempre trabalhamos com doentes e não temos nenhuma médica! Temos irmãs formadas nas áreas de Enfermagem, Farmácia, Nutrição, Serviço Social mas nenhuma em Medicina.

Ser: As 16 freiras que vivem no convento anexo se dedicam ao hospital?
Irmã Lia:
Somos uma comunidade bem idosa, a grande maioria não trabalha mais. As que atuavam no passado eram muito mais ativas e presentes no hospital do que hoje. É uma realidade e uma preocupação com relação ao futuro da vida religiosa. 

Ser: Existe alguma idéia de renovação para continuar a missão das senhoras neste hospital?
Irmã Lia:
Vivemos momentos delicados na atualidade, com famílias pouco numerosas e a nova posição da mulher na sociedade, que alteraram drasticamente a vida religiosa. O acesso aos conventos é menor em razão de todas as outras possibilidades que a mulher tem hoje na vida; além disso, as vocações são mais transitórias. Assim como os casamentos duram pouco, na vida sacerdotal e religiosa acontece a mesma coisa. Como será o amanhã de uma congregação com quase 450 anos como a nossa, com 108 anos de Brasil e há 100 anos administrando um prédio deste tamanho? Será que pelo menos uma irmã vai conseguir trabalhar com os leitos? Pelo menos uma deve ter presença de carisma e espiritualidade por aqui.

Ser: Como foi a expansão do hospital?
Irmã Lia:
O Santa Catarina cresceu devagar, mas solidamente. De início, era um ambulatório na rua Maria Antonia, depois as irmãs foram para a Brigadeiro Luis Antonio, onde criaram uma estrutura hospitalar para o atendimento ambulatorial, com um pequeno centro cirúrgico, enfermaria e seis leitos. Aqui na Paulista tínhamos em torno de 50 ou 80 leitos; hoje, estamos com 283.

Ser: Como o hospital foi viabilizado inicialmente?
Irmã Lia:
A Congregação na Europa e a comunidade paulistana ajudaram muito na construção do hospital. Lógico que o primeiro médico, o doutor Walter Seng ajudou muito, com seu trabalho e prestígio pessoal.

Ser: O hospital presta atendimento pelo SUS?
Irmã Lia:
Nossa Congregação tem hoje 23 instituições jurídicas como creches, asilos e serviço de assistência a portadores de  HIV em hospitais que atendem o SUS, entre outros. Até dez anos atrás cada um se virava por si. Chegou um momento histórico em que começamos a trabalhar em grupo para manter tudo isso como uma corporação. Então decidimos deixar o Hospital Santa Catarina e a Casa de Saúde São José do Rio de Janeiro fora do Sistema Único de Saúde. Do atendimento hospitalar do Santa Catarina, 95% corresponde a Planos de Saúde e 5% particular. Temos a obrigação de subsidiar mensalmente e com um valor já estipulado, as casas deficitárias. No Hospital de Petrópolis atendemos 80% de pacientes do SUS e não conseguimos manter aquela instituição só com os recursos provenientes do setor público.


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