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Cartas e notas


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Entrevista


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Crônica


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Dossiê Acupuntura: uma breve história


PÁGINA 18
Dossiê acupuntura relato de caso


PÁGINAS 19,20,21,22,23
Dossiê acupuntura: panorama


PÁGINAS 24, 25, 26 E 27
Dossiê acupuntura em foco


PÁGINAS 28 E 29
Dossie Acupuntura: Vanguarda


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Edição 88 - Julho/Agosto/Setembro de 2019

PÁGINAS 28 E 29

Dossie Acupuntura: Vanguarda

Perspectivas e avanços

Por Marcus Pai*

National Institute of Health (NIH) dos Estados Unidos divulgou um consenso, em 1997, afirmando que “há evidências suficientes sobre o valor da Acupuntura para expandir seu uso na medicina convencional e encorajar novos estudos que corroborem seu valor fisiológico e clínico”. Segundo o NIH, sua eficácia e segurança para a maioria das patologias apresentaram resultados promissores, que devem ser vistos, no entanto, com ressalvas, uma vez que o número de pesquisas com metodologias sólidas era relativamente baixo.

Desde então, o campo da pesquisa em Acupuntura se expandiu significativamente. Uma ampla gama de estudos de pesquisa básica identificou numerosos compostos bioquímicos e correlatos fisiológicos da acupuntura. Novos ensaios clínicos randomizados com maior qualidade vêm sendo realizados e publicados em revistas de maior impacto como a JAMA e Archives of Internal Medicine. Estudos de revisão sistemática do Instituto Cochrane, com milhares de pacientes, foram publicados, encontrando resultados moderadamente superiores da acupuntura em relação ao placebo no tratamento de diversas dores crônicas.

Estudos de neuroimagem Um avanço nos últimos anos para a pesquisa na Acupuntura – que permitiu, inclusive, uma revolução na maneira de entender o mecanismo de ação nas atividades funcionais neurais, bem como uma ferramenta para aferir mais objetivamente os ganhos através dela –, foi o da tecnologia de neuroimagem não invasiva, como a tomografia por emissão de pósitrons, ressonância magnética funcional, além de outros exames como a termografia. Por meio desses exames, constatou-se que a acupuntura pode causar mudanças de atividades em diferentes áreas funcionais cerebrais.

Muitos estudos de imagem analisam o mecanismo por trás do processamento da dor. Uma série de áreas corticais demonstrou estar envolvida, como o córtex somatossensorial primário, a ínsula, e o córtex pré-frontal. Viu-se que a acupuntura parece modular a atividade cerebral em muitas dessas regiões, se comparada a um tratamento sham, uma vez que ficou demonstrada que ela mobiliza uma rede límbico-paralímbico-neocortical em múltiplos níveis.

*Marcadores biológicos A acupuntura pode afetar a síntese, liberação e ação de vários neurotransmissores (como serotonina, dopamina, acetilcolina) e neuropeptídeos (como ocitocina, colecistocinina, substância P) no sistema nervoso central e periférico. Porém, os resultados de literatura nas alterações dos neurotransmissores e neuropeptídeos são muito variáveis, podendo, inclusive ser influenciados por diferentes doenças ou parâmetros de agulhamento.

• Eletroneuromiografia Um artigo recente publicado na Brain encontrou evidências de que a acupuntura poderia melhorar parâmetros da neurofisiologia do nervo mediano, como a velocidade de condução, evidenciados pela eletroneuromiografia, bem como a representação cortical, constatados na ressonância funcional, e que havia uma correlação positiva na melhora sintomática a longo prazo desses parâmetros.

• Termografia A termografia permite a medição dos perfis de temperatura da superfície da pele, através do contato direto das sondas com a mesma, sem estresse. Após agulhamento, observa-se diminuição significativa na temperatura da superfície, que pode ser explicada pela ativação do sistema nervoso simpático e consequente vasoconstrição causada pela dor local.

CONCLUSÃO

A avaliação neurofisiológica e neurobiológicas da acupuntura, por meio do avanço das tecnologias, revolucionou a pesquisa científica na área, permitindo entender os seus diferentes efeitos no cérebro e sistema nervoso periférico à luz da medicina baseada em evidências. Os resultados são promissores, mas ainda há incertezas sobre a especificidade de seus efeitos.

*Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura, área de atuação em Dor pela Associação Médica Brasileira, e colaborador do Grupo de Dor do HC-FMUSP

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