CAPA
PÁGINA 1
Nesta edição
PÁGINAS 6,7,8,9,10 E 11
Entrevista
PÁGINAS 12 E 13
Crônica
PÁGINAS 14, 15, 16 E 17
Dossiê: Reprodução Assistida - História
PÁGINAS 18,19 E 20
Dossiê: Reprodução Assistida - Em foco
PÁGINAS 21 E 22
Dossiê: Reprodução Assistida- Vanguarda
PÁGINA 23
Dossiê: Reprodução Assistida - Repercussão
PÁGINAS 24, 25, 26, 27, 28, E 29
Dossiê: Reprodução Assistida- Debate
PÁGINAS 30 E 31
Tecnologia
PÁGINAS 32 E 33
Medicina no mundo
PÁGINAS 34 e 35
Opinião
PÁGINAS 36,37 E 38
Solidariedade
PÁGINAS 39,40,41 E 42
Turismo
PÁGINAS 43,44,45 E 46
Agenda Cultural
PÁGINA 47
Resenha
PÁGINA 48
Fotopoesia
GALERIA DE FOTOS
PÁGINAS 36,37 E 38
Solidariedade
Semeando a saúde em Benin
Missão humanitária vinculada à Faculdade Santa Marcelina de Medicina desenvolve no país africano ações de promoção e educação em saúde, além de atendimentos clínicos, cirúrgicos e odontológicos para a população desassistida
País do continente africano, Benin se transforma, periodicamente, no lar temporário da irmã Monique Bourget, médica canadense, filiada à Congregação de Irmãs de Santa Marcelina. Lá, a religiosa participa de um projeto social que coordena desde 2011 – a Missão Benin –, visando minimizar as mazelas de saúde pública associadas à miséria do país. O desejo de iniciar uma missão surgiu após o seu primeiro contato com a África, para onde viajou com o irmão, o cirurgião canadense Louis Bourget, em setembro de 2010. Ao chegarem em Benin, depararam-se com uma realidade dura e cruel, marcada por carências e pela ausência total de ações do poder público para o atendimento à saúde. Foi então que decidiram fazer a diferença e organizar ações em prol do cuidado e tratamento médico, sendo calorosamente acolhidos pelos moradores da região, apesar da situação de extrema vulnerabilidade em que viviam. Benin ocupa a 163° posição no ranking mundial do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (PNUD), de 2018 – com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixíssimo, de 0,515; e PIB de US$ 10,5 milhões. Os habitantes do país, em sua maioria, não têm acesso a um sistema de saúde; e a renda média anual familiar é escassa até mesmo para a subsistência.
O brasileiro Carlos Miguel, estudante de medicina, e Irmã Monique, durante uma das visitas ao país africano
Missão humanitária
Embora a língua oficial do país seja o francês, o dialeto africano praticado pelos moradores não abalou a determinação dos dois irmãos em dar início à missão humanitária, estabelecendo uma comunicação sensível com os nativos. “A língua representa um simples detalhe, se comparada a toda afeição genuína do povo de lá,” ensina Monique. O que aparentemente poderia ser um obstáculo, acabou por fomentar ainda mais o desejo dos irmãos Bourget em reunir uma equipe de profissionais para atuar gratuitamente no atendimento à saúde dos habitantes locais.
Sementes da saúde
Após um longo trabalho de busca, conheceram o hospital La Croix, situado em Zinvié, na zona rural, próximo ao centro econômico Cotonou, em Benin. A instituição foi a única a apresentar condições adequadas para receber médicos e outros voluntários brasileiros; e acabou consolidando-se como a principal área de atuação da Missão Benin. Em 2011, um ano após sua primeira visita, a Irmã Monique retornava, acompanhada de outros 15 profissionais – incluindo ginecologistas, dentistas, cirurgiões, anestesistas e enfermeiros, entre outros –, pronta para concretizar o sonho que tanto idealizou. A ação social repetiu-se diversas vezes desde sua instauração, e repercutiu tanto que angariou um grande número de interessados em se voluntariar, o
que culminou, em 2015, na fundação da ONG Sementes da Saúde, vinculada à Congregação de São Paulo, e assessorada por graduandos de Medicina da Faculdade
Santa Marcelina. Sob a supervisão de Monique, a entidade sem fins lucrativos começou as atividades em Benin realizando visitações em setembro ou outubro de cada ano,
com uma média de 25 a 30 graduandos de Medicina e outros profissionais voluntários.
De acordo com a estudante de Medicina Moniquelly Barbosa, 25, uma das coordenadoras da ONG, as ações consistem na promoção e educação em saúde, além de atendimentos clínicos, cirúrgicos e odontológicos. “Treinamos também as equipes locais, a fim de tentar atualizar os principais manejos e condutas médicas, porém sempre respeitando suas individualidades culturais e éticas”, afirmou. Paulatinamente, com a expansão do projeto e o reconhecimento gerado pelos serviços médicos, a Sementes da Saúde também firmou acordo com a filial da Escola Santa Marcelina em Benin, que realiza missões educativas para atendimentos pediátricos no território beninense. As ações alcançam pequenos vilarejos, dispostos ao redor do La Croix e da Escola, e, por fim, locais remotos, quase inatingíveis. “Um feito memorável foi chegar até os vilarejos de Hêtin e Lokpo, que são isolados por água. Lá, existem pessoas que nunca tiveram contato com um médico”, relembra o estudante de Medicina Carlos Miguel Oliveira, 25, também coordenador da ONG. A entidade é responsável ainda por ações sociais no Brasil, como a Sementes no Cárcere, trabalho que fornece atendimento de saúde à população carcerária; Sementes na Rua, programa de atenção a pessoas marginalizadas e em situação de rua; e Sementes no Mundo, que presta auxílio aos imigrantes.
COMO PARTICIPAR
Para contribuir com a ONG Sementes da Saúde em sua missão em Benin e demais ações sociais da entidade, acesse: https://www.sementesdasaude. org; ou entre em contato pelo e-mail contato@sementesdasaude.org para mais informações e doações.
Voluntariado
Ser profissional da saúde não é um critério para o voluntariado. O trabalho conta com um grupo heterogêneo de profissionais da área da saúde, mas também com uma “equipe de apoio”, composta por intérpretes, fotógrafos, cozinheiros, entre outros, somando uma média de 30 pessoas por ação. Devido à grande procura e a limitações
durante as missões – como a disponibilidade de alojamentos e alguns recursos –, os voluntários são escolhidos de modo criterioso, de acordo com as necessidades e o objetivo da atividade em questão. Em geral, opta-se por recrutar aqueles que estão familiarizados com o voluntariado. “Tentamos priorizar profissionais que já atuam
em outros projetos no Brasil”, comenta Moniquelly. As atividades na região duram,
em média, 15 dias e, apesar da boa acolhida que sempre recebem, nem tudo são flores. “A missão é linda, mas não é um mar de rosas. Os voluntários têm de saber conviver em grupo, enfrentar adversidades e ter inteligência emocional para lidar com realidades diferentes das nossas”, destaca irmã Monique. Segundo ela, é preciso entender que as ações não são direcionadas somente à saúde, mas também ao
convívio e, por isso, demandam humildade e isenção de julgamento.
Doações
Atualmente, os interessados em se voluntariar devem arcar com os próprios gastos durante a viagem, já que o projeto é inteiramente custeado por meio de doações. O
montante arrecadado é destinado a atender exclusivamente às demandas
durante as ações locais. Para a irmã Monique, apesar de o povo beninense ser negligenciado, é um exemplo de resiliência, atuando como agente transformador
que tem muito a ensinar. “Ninguém que participe de uma missão volta sem se sentir tocado pela realidade que presencia. São pessoas que vivem com o estritamente
necessário, mas que possuem uma felicidade genuína, que nos fazem enxergar o essencial da vida: o amor e a fé”, conclui.
(Colaborou: Julia Remer)