CAPA
PÁGINA 1
Nesta edição
PÁGINAS 6,7,8,9,10 E 11
Entrevista
PÁGINAS 12 E 13
Crônica
PÁGINAS 14, 15, 16 E 17
Dossiê: Reprodução Assistida - História
PÁGINAS 18,19 E 20
Dossiê: Reprodução Assistida - Em foco
PÁGINAS 21 E 22
Dossiê: Reprodução Assistida- Vanguarda
PÁGINA 23
Dossiê: Reprodução Assistida - Repercussão
PÁGINAS 24, 25, 26, 27, 28, E 29
Dossiê: Reprodução Assistida- Debate
PÁGINAS 30 E 31
Tecnologia
PÁGINAS 32 E 33
Medicina no mundo
PÁGINAS 34 e 35
Opinião
PÁGINAS 36,37 E 38
Solidariedade
PÁGINAS 39,40,41 E 42
Turismo
PÁGINAS 43,44,45 E 46
Agenda Cultural
PÁGINA 47
Resenha
PÁGINA 48
Fotopoesia
GALERIA DE FOTOS
PÁGINA 23
Dossiê: Reprodução Assistida - Repercussão
O que dizem pacientes e religiosos?
PADRE TIAGO GURGEL
"Oficialmente, a igreja não tem um parecer sobre a prática do transplante de útero a partir de um doador já falecido. Este é, portanto, um parecer pessoal, que dou enquanto padre da igreja católica apostólica romana, e também como médico e mestre e doutor em bioética. Lembremos daquela mulher que ainda não engravidou e tem o desejo de ser mãe, mas, por um motivo especifico, não consegue engravidar. Acredito que esse tipo de transplante deve ser utilizado unicamente para o tratamento de casos de infertilidade, devendo ser respeitados os princípios de vulnerabilidade e integridade do ser humano, da mulher que está sendo submetida ao procedimento. Também deve ser respeitado o princípio da proporcionalidade terapêutica, ou seja, a relação entre os riscos e os benefícios do transplante. Sobre a fecundação in vitro tenho uma avaliação negativa sobre o uso dessa técnica, e a igreja também já se manifestou não favorável."
Tiago Gurgel, padre da Arquidiocese de São Paulo e Mestre e Doutor em Bioética
RABINO MICHEL SCHLESINGER
"O judaísmo sempre defendeu a vida como um valor absoluto; e o transplante tem por objetivo gerar vida. Por isso, o judaísmo apoia o transplante, sem dúvida nenhuma. Não há a necessidade de o órgão ser de uma pessoa da mesma religião, isso não faz qualquer diferença. Órgão não tem religião e não há nenhuma questão quanto a isso.
Também não há nenhuma implicação para a criança porque o que determina o judaísmo é o ventre. Então, o que conta é ter nascido de um ventre judaico, independentemente de o útero ser o original ou ter vindo de outra mulher. Por fim, quero dizer que o judaísmo foi uma das primeiras religiões a aceitar a Medicina. Todo o avanço científico que tem por objetivo assegurar a vida e a qualidade da vida é bem-vindo.
Michel Schlesinger, rabino da Congregação Israelita Paulista (CIP) e Bacharel em Direito pela USP
M.M, 45
"Recebi o diagnóstico da Síndrome de Rokitanski aos 22 anos, logo após meu casamento. Desde pequena fomentava o desejo de ser mãe, e ouvir de um médico que isso não seria possível fez com que eu mergulhasse na depressão. É como se você estivesse em um carro, a 140 km/h, motivada pelos seus sonhos, quando, de repente, alguém causa uma freada bruta. Foi assim que me senti. Descobrir que não tenho útero, inicialmente, me fez sentir 'menos mulher', mas o passar do tempo me levou à re-significar o 'ser mãe' e, consequentemente, concluir que não precisava gerar uma vida para conquistar este título. Então, adotei meu filho e, para mim, isso bastou. Não faria transplante de útero, mas creio que a cirurgia é válida para todas as mulheres que, de fato, sonham em gerar uma vida."
F.A, 35
"Ser a primeira mulher no mundo transplantada com útero de doadora falecida para mim é um privilégio. O desejo de ser mãe sempre me acompanhou, mas tornou-se ainda mais latente quando me casei, aos 28 anos. Até então, não havia procurado um médico, nem conversado com a minha família sobre o fato de eu nunca ter menstruado, pois, em minha inocência, isso não representava um problema grave. Após inúmeras consultas médicas, recebi um diagnóstico que, para mim, era inimaginável, afinal, as pessoas podiam nascer sem perna, sem dedo, mas não sem útero. Após passar por
episódios de depressão, vi no transplante de útero a possibilidade de meu sonho de ser mãe tornar-se palpável e, quando se concretizou, foi uma felicidade sem fim. É divino saber que minha filha é a primeira a nascer deste procedimento! Mas mesmo com toda minha alegria, creio que as mulheres só devem optar pela cirurgia se tiverem total certeza sobre a maternidade, pois é um método arriscado, que demanda uma série de cuidados no pré e pós-operatório."
(Colaboraram: Arthur Gutierres, Júlia Remer e Maria Melo)