O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) participou, no dia 22 de maio, de uma conversa informal com sextanistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp-EPM). Atividade já consagrada da Casa, na qual seus representantes compartilham informações e experiências relativas ao dia a dia da profissão com futuros médicos, esta edição contou com a participação de Irene Abramovich, 1ª Secretária da Casa, Eliane Aboud, conselheira, abordando temas nem sempre valorizados, mas que ensejam infrações éticas, como documentos médicos.
“O prontuário é a história de vida do paciente”, explica a 1ª secretária, que, além dos alunos, foi recepcionada por Marimelia Aparecida Porcionatto e Samira Yarak, respectivamente, vice-diretora e coordenadora do Curso de Medicina da (UNIFESP-EPM). Informações detalhadas nesse documento são essenciais para a sequência do caso em um próximo plantão, e como provas de prudência do médico, perante eventuais queixas. “É comum o Cremesp identificar fichas de atendimento que se resumem em ‘Dor. Alta às 14 horas’. Isso não significa nada’, lamenta Irene.
Siglas
Uma intervenção da plateia abriu o caminho sobre algo recorrente em erros no preenchimento do prontuário: o emprego excessivo de siglas, às quais nem todos os médicos entendem e que, muitas vezes, são usadas para designar termos diferentes. “Existem algumas que até hoje estou tentando decifrar”, brinca Irene, “não há desculpas para não registrar de forma clara o atendimento. Se a letra for ruim, escreva no computador”.
Documento também lembrado, de cuja destinação dá margens a problemas éticos foi o atestado médico. “Eu não dou atestado médico sem fazer a consulta. Não adianta um amigo, um familiar pedir, é algo antiético”, destacou Eliane Aboud. Para ela, ainda que a situação seja do tipo “saia justa”, é necessário aprenda a negar, pelos riscos de consequências negativas ao paciente e ao próprio médico.
Outras iniciativas
No evento, também foram trazidas à tona iniciativas protagonizadas pelo Conselho, que a partir da última gestão, tem buscado ir muito além de suas atribuições apenas judicantes, mas educativas e de prevenção de erros éticos, na esfera individual.
Conforme Eliane Aboud é preciso aprender a ouvir os pacientes, ou seja, o foco do atendimento deve ir além do que apenas fazer exame e prescrever remédio: há quem percorra longos trajetos e enfrente grandes dificuldades para chegar à consulta. “Mesmo que a queixa seja aparentemente banal, merece a atenção, o olho no olho. Não é possível fazer isso, por exemplo, checando o celular a cada minuto”.
No âmbito coletivo, a entidade trabalha ainda em várias ações, como a criação da Comissão de Defesa do Ato Médico, que luta contra a invasão de profissionais não habilitados na área; e da Comissão de Prerrogativas Médicas, que acolhe denúncias, entre outras, de agressões a médicos, encaminhando-as a quem de direito, como órgãos estaduais.
Todas as fotos da Conversa com o Cremesp podem ser acessadas aqui
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