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25-02-2024 |
Estigmatização da Medicina |
Cremesp repudia charge da Folha de S. Paulo, intitulada “Como se veste um estuprador” |
Com indignação e profunda tristeza, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) repudia a publicação da charge na coluna Opinião do jornal Folha de São Paulo no dia 24 de fevereiro de 2024, intitulada "Como se veste um estuprador". Ao associar o jaleco branco, símbolo universal da medicina e do cuidado à saúde a figura de um estuprador, a Folha de São Paulo comete um crime contra a verdade, a decência e o respeito. O jaleco, envergado por 183 mil profissionais, sendo quase 80 mil médicas mulheres, representa anos de estudo, dedicação e compromisso com a vida. Reduzi-lo a um emblema de atrocidade é uma afronta à inteligência, à ética e à história da medicina. Mais do que um símbolo, o jaleco é a pele daqueles que se dedicam a salvar vidas, a aliviar a dor e a oferecer esperança inclusive às vítimas de crime tão hediondo. São homens e mulheres, pais, mães, filhos e netas que vestem o branco com a missão sagrada de cuidar do próximo. A insinuação leviana da Folha de São Paulo de que todos os que vestem o jaleco branco são potenciais agressores é uma calúnia cruel e infundada. A esmagadora maioria dos médicos jamais cometeria um crime tão repugnante como o estupro. A generalização irresponsável da Folha de São Paulo não apenas fere a classe médica, mas também contribui para a perpetuação de estigmas e estereótipos que fragilizam as vítimas de violência sexual. É inadmissível que um veículo de comunicação com a tradição da Folha de São Paulo se renda ao sensacionalismo vulgar e à espetacularização da dor. A publicação da coluna reacende o fantasma de episódios lamentáveis como o da Escola Base, onde a irresponsabilidade da mídia causou danos irreparáveis a profissionais inocentes. O Cremesp repudia com veemência a atitude negligente da Folha de São Paulo e exige retratação pública. Ao contrário do que a publicação sugere, a realidade é que os médicos estão na linha de frente no combate à violência contra às vítimas. São eles que acolhem e atendem as vítimas, que oferecem o primeiro socorro e que contribuem para a investigação e punição dos agressores. As médicas, em particular, desempenham um papel fundamental nesse combate. Sua presença na área médica é essencial para garantir o atendimento humanizado e acolhedor às vítimas, além de ser um símbolo de esperança e de força para todas as mulheres e homens que também podem passar por este tipo de crime. A classe médica, composta por homens e mulheres de bem, não merece ser vilipendiada por um jornal que se esqueceu de sua responsabilidade social. A Folha de São Paulo, com a publicação da infame coluna, não apenas mancha o jaleco branco, mas também mancha a alma da medicina. O Cremesp se coloca à disposição para debater o tema com a Folha de São Paulo e com toda a sociedade. É urgente que se promova um diálogo sério e responsável sobre a violência sexual, sem espaço para sensacionalismo, estigmas ou generalizações. O Cremesp irá promover medida judicial por possível dano moral coletivo contra todas as médicas e médicos tutelados por este estado contra a Folha de São Paulo, e informa que mantém uma Comissão permanente para tratar de casos relacionados a assédio sexual e moral, colocado a disposição da sociedade e comunidade médica. |