Últimas Notícias
Presidência da República
Cremesp se reúne com o ex-presidente Michel Temer para discutir importantes temas da Medicina
Solenidade em Piracicaba
Cremesp realiza entrega de carteiras médicas aos recém-formados da Anhembi Morumbi
Edital
Cremesp abre inscrições para o credenciamento de peritos grafotécnicos
Atividade médica
Cremesp realiza julgamento simulado com médicos de Limeira
Notícias
29-05-2023 |
Evento - 1ºdia |
Palestras técnicas e homenagens marcaram 1º Congresso de Medicina do Cremesp |
O evento teve o apoio da Academia Brasileira de Neurologia, Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícia Médica, Associação Brasileira de Medicina Preventiva e Social e Administração em Saúde, Associação Paulista de Medicina do Trabalho, Associação Brasileira de Nutrologia, Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura, Federação Brasileira de Gastroenterologia, Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica, Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Sociedade Brasileira de Medicina Legal e Perícia Médica, Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Sociedade Brasileira de Reumatologia, Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo, Sociedade de Gastroenterologia de São Paulo, Sociedade de Nefrologia do Estado de São Paulo e Sociedade Paulista de Reumatologia. As palestras técnicas trouxeram um formato que conquistou a audiência, sendo seguidas pelo relato de denúncias reais de más práticas (que não foram identificadas no evento), recebidas pelo Cremesp. Foram discutidos os equívocos que poderiam ter sido evitados e que resultaram em má prática médica. Dor torácica Diagnóstico diferencial e conduta de AVC Complicações em cirurgia plástica Trabalho de parto e suas complicações Christianne comentou sobre a importância da boa comunicação com as pacientes, além do trabalho em equipe e da monitorização frequente durante o parto. Já Albertina, após agradecer publicamente o apoio da presidente do Cremesp, Irene Abramovich, à causa do atendimento ao adolescente, falou sobre a situação de vulnerabilidade que se encontram as meninas e qual é o papel dos médicos nesses casos. “Essa gravidez não é um desejo, é sintoma da falta de acesso a informações”, completou. A discussão ética com casos clínicos reais, apresentados por Martinez, que mostraram a atuação do Conselho e as penas aplicadas, encerrou o debate. Kalil, em sua apresentação, discorreu sobre os dados, sintomas, diagnóstico e tratamento do infarto agudo do miocárdio (IAM). “A prevenção é fundamental. Pelo menos 40% das mortes causadas por doenças cardiovasculares poderiam ser evitadas se as pessoas parassem de fumar e controlassem a hipertensão e diabetes”, explicou. Por outro lado, Elizabeth mostrou o cenário da urgência cardiológica na mulher, a dificuldade de diagnóstico da isquemia cardíaca e os fatores de riscos que se diferem das mulheres para os homens. A discussão da mesa presidida pelo corregedor do Cremesp, Rodrigo Lancelote Alberto, e moderada por Vattimo foi encerrada após a apresentação de casos clínicos de denúncias recebidas pelo Conselho sobre politraumatismo e fratura da bacia. A mesa 9, presidida por Lancelote, contou com a moderação do delegado do Cremesp, Edson Umeda, e do membro da Câmara Técnica de Urologia do Conselho, Oscar Fugita. “Os colegas urologistas precisam entender a importância do diagnóstico seguindo o protocolo correto. Na dúvida, é melhor operar o paciente”, concluiu o urologista. Cuidados paliativos Muitas dúvidas e estereótipos no âmbito conceitual ainda permeiam a prática dos cuidados paliativos no Brasil. Douglas Crispim, médico geriatra e coordenador da Câmara Técnica de Cuidados Paliativos do Cremesp, destacou que, mesmo profissionais da saúde ainda questionam se tais cuidados se resumem a pessoas em fase final de vida. “Se fosse definir cuidados paliativos, diria que são a maneira de ‘prevenir e cuidar de pessoas que vivem com doenças graves’”. Para atingir esse objetivo, afirma, é preciso “sair da subjetividade e tomar decisões prognósticas com bases em critérios subjetivos e científicos”, a exemplo das demais especialidades. Na moderação desta discussão esteve a intensivista e emergencista Maria Camila Lunardi, diretora 2ª secretária do Cremesp e responsável pela Câmara Técnica Cuidados Paliativos, que lembrou sobre as convergências entre ética e cuidados paliativos, em especial, quanto aos princípios bioéticos de beneficência e não maleficência. Seguindo a estrutura do Congresso, foi trazido para debate um caso que foi a motivação de sindicância e, depois, de processo ético-profissional, a médico de transporte móvel de emergência, que se recusou a atender e transportar idoso portador de Alzheimer com infecção aguda, por este estar inserido em acompanhamento paliativo. Neste caso, a conclusão é que faltou um adequado plano de atendimento. Sessão solene Na ocasião, além de declarado aberto oficialmente o Congresso, foi realizada uma homenagem a expoentes da Medicina. Como forma de agradecer profissionais que influenciaram gerações de profissionais médicos, foram entregues placas aos professores Carlos Gilberto Carlotti Junior - IEA-USP, professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP; Dario Birolini e professor emérito da Universidade de São Paulo FMUSP; Drauzio Varella, oncologista, cientista e escritor brasileiro; Henrique Duarte Prata, filantropo cujas atividades são voltadas ao Hospital De Amor de Barretos; Hong Jin Pai, médico do Centro de Acupuntura do Instituto de Ortopedia e Traumatologia IOT/HC/FMUSPIOT - FMUSP; e Roberto Kalil, cardiologista, diretor clínico e de cardiologia do Instituto do Coração (Incor), professor livre docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e diretor-geral do centro de cardiologia do Hospital Sírio-Libanês. Defesa profissional O ginecologista e corregedor do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Carlos Isaia Filho, foi mais longe ao dizer que “há glosas sistemáticas e retenção de honorários. Esse é um comportamento frequente de várias operadoras de saúde. O honorário é devido a quem efetivamente prestou o serviço. Qualquer coisa diferente disso é prática condenável”, disse. Ele também apontou para a solicitação das operadoras de preenchimento obrigatório de dados sensíveis de pacientes, o que infringiria a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Já o assessor jurídico do Conselho Federal de Medicina (CFM), Francisco Camargo, fez um contexto histórico da pejotização. “O CFM entende que dificilmente conseguiremos fugir deste modelo econômico legalizado, mas temos buscado, dentro dos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo fazer com que os médicos sejam valorizados”, afirmou. Outra mesa redonda sobre a carreira do médico - Convivendo com os planos de saúde -, teve lugar durante o Congresso, mediada por Rodrigo Souto de Carvalho, coordenador das delegacias do interior do Cremesp. Tomas Tenshin Sataka Bugarin, chefe da seção de Processos Ético-Processionais do Cremesp, afirmou que, sob o prisma ético, é dever do médico indicar o tratamento mais adequado ao paciente e que ele não pode receber censura por isso. E que, de acordo com a Resolução CFM nº 1.401/1993, a operadora não poderia interferir nisso. No entanto, essa norma foi revogada (por perda de objeto) pela Resolução CFM n° 2.293/2021. Desta forma, passou a valer a Lei aprovada no Congresso Nacional, disposta na Resolução Normativa DC/ANS nº 153 de 28/05/2007, que “estabelece padrão obrigatório para a troca de informações entre operadoras de planos privados de assistência à saúde e prestadores de serviços de saúde sobre os eventos de saúde, realizados em beneficiários de planos privado de assistência à saúde e dá outras providências”. Ele lembrou que o Cremesp ajuizou ação civil pública, julgada procedente, que impede operadoras de saúde exigirem informação de CID do paciente. Os honorários médicos representam apenas 6% das despesas das operadoras, percentual que já foi de 15% no passado. “A contenda com as operadoras não é simples, evidenciando muitos desafios”, declarou o conselheiro Mario Cezar Pires. Ele comentou que 90% de seus pacientes tiveram que judicializar a obtenção de medicamentos para dermatite atópica porque eles não estão no rol da ANS para o público infantil, o que interfere na autonomia do médico. Silvia Jaldin, diretora de Ética, Defesa e Valorização Profissional da Sociedade Brasileira de Auditoria Médica, recomendou aos médicos que, antes de se vincularem a uma operadora, que conheçam como ela atua, leiam o contrato, tomem ciência da legislação do setor, entendam o sistema mutualista, tenham prontuário eletrônico que permita emitir relatórios, criem indicadores que suportem e demonstrem a qualidade, entre outros fatores. E que também denunciem irregularidades ao Cremesp pelo e-mail prerrogativas@cremesp.org.br. Prerrogativas médicas O procurador autárquico do Conselho, Marcelo Cheli de Lima, explanou sobre o pagamento de honorários médicos por meio de pacotes e eventuais retenções à luz da legislação. “A retenção de pagamentos indevida é um ilícito contratual e de natureza civil, cabendo ação judicial de danos morais. É possível o médico acionar juridicamente e pedir indenização”, indicou, informando que o Conselho também realiza ações civis públicas, em favor da classe médica. “Os médicos estão habituados a trabalhar e não cobrar. Mas o Cremesp, como maior Conselho de Medicina do País, agregando 40% dos profissionais, é uma interface para essas ações, já que o médico não pode ser abandonado diante desses calotes. Também estamos fazendo fiscalizações em empresas porque temos que lutar por melhor entendimento dos contratos”, disse Angelo Vattimo, diretor 1º secretário do Cremesp. Ato Médico e Cuidados com a Carreira Médica Na abertura desta atividade, Irene informou que a campanha do Conselho em defesa do ato médico busca mostrar à sociedade que os resultados realizados por quem não está habilitado podem ser desastroso, e atingir diretamente o médico. “Chegam casos para o profissional tentar consertar, que muitas vezes não têm jeito, em especial, na área da Cirurgia Plástica”. Para interromper a tendência, várias reuniões estão sendo promovidas no bojo da Comissão de Defesa do Ato Médico (Cedam). “Discutimos a invasão da área por outros profissionais, não só da saúde. Há cabeleireiros fazendo botox, tatuadores, anestesia, como se tudo isso fosse simples”, Maria Camila concorda que “não são procedimentos inócuos, não se trata de corporativismo. Essas pessoas não estão treinadas para promover esses procedimentos”. Por isso, encontros com as sociedades de especialidade são salutares, em defesa da saúde e da integridade do nosso paciente, nosso bem maior. Angelo Vattimo, que encabeça junto com Maria Camila a Cedam, conta que a trajetória da Comissão começou a partir de um vídeo ao qual teve acesso, no qual um dentista oferecia um curso sobre um tratamento sem comprovação científica para tratar câncer de próstata. “Até então nos limitávamos a Notas de Repúdio, que algumas vezes funcionam. Mas quando conseguimos impedir o tal curso por liminar, percebemos ser possível, em nome da proteção da sociedade”. Para Carlos Magno Michaelis Júnior, procurador jurídico do Cremesp, por meio da luta pela Lei do Ato Médico, que completa dez anos em 2023, o Conselho mostrou que suas atribuições em favor do médico podem ir bem além de promover sindicâncias e processos ético-profissionais. “A trilha até então percorrida meio que escravizava o maior conselho regional do País a ser mero coadjuvante (...) A ideia da Procuradoria Jurídica do Cremesp era ir ao encontro do que o médico espera, ou seja, um dos marcos do Conselho foi passar a defender e trabalhar em cima da transgressão e invasão ao Ato Médico”. Impactos da Judicialização Mendonça trouxe sua experiência adquirida durante os 21 anos em que foi advogado-geral da União. “No início dos anos 2.000 não tínhamos judicialização da saúde nas esferas judiciais. Ocorriam ações demandando medicamentos de alto custo, nas quais os juízes se viam no dilema. De um lado, se não der o medicamento, a pessoa morre. Se conceder, não havia elementos para assegurar a eficácia e segurança”. Com o passar dos anos, a judicialização da saúde foi se expandindo. Em 2021, a Justiça concedeu R$ 2 bilhões para cerca de 5.800 pessoas, o mesmo valor destinado à Farmácia Popular, que atende 10 milhões de pessoas. “Mas qual é o valor de uma vida?”, questiona o juiz André Mendonça. “Se a vida não tem preço, certamente ela tem um custo”, opina. É preciso uma reflexão, quando se concede um novo remédio para o tratamento de uma doença genética, cuja dose única custa R$ 19 milhões, o mesmo valor de 3 mil diárias do SUS. Explica que uma das formas de controle da constitucionalidade é o Supremo Tribunal Federal (STF) avaliar todo o arcabouço jurídico para emitir uma opinião. Nesse sentido, os ministros têm opinado de forma a criar limites para a judicialização. Entre outros precedentes, indicam que o Estado não pode ser obrigado a fornecer remédios experimentais e, como regra, sem registro na Anvisa. Fotos: Luciana Cássia |