Os achados clínicos de episódios tromboembólicos têm aumentado consideravelmente nos atendimentos ambulatoriais dos últimos anos. Seguramente, diversos fatores corroboraram para a ascensão e alteração do perfil da doença, o que demandou atenção dessa Câmara Técnica.
Os casos clássicos em que o uso de medicamentos antitrombóticos são consagrados, --tais como as artroplastias de quadril e joelho, fraturas de fêmur, fraturas de bacia, cirurgias de coluna, cirurgias de grande porte--, ou que devido a fatores técnicos ultrapassam 90 minutos, trombose venosa prévia e puérperas até a 6º semana, são casos de indicação formal.
O que tem suscitado dúvida são os casos onde não há formalidade no uso dos antitrombóticos, como as cirurgias das extremidades, as imobilizações após trauma, as artroscopias, etc.
Todas as recomendações abaixo visam abranger, de uma forma resumida, a maioria dos procedimentos ortopédicos em pacientes sem co-morbidades prévias.
Dessa forma, podemos considerar que:
1. Imobilização dos Membros Superiores
Não há respaldo na literatura para uso de medicamento antitrombótico nas cirurgias e imobilizações dos Membros Superiores.
2. Imobilizações em Membros Inferiores:
2.1. Considere profilaxia farmacológica de TEV com medicamento antitrombótico oral para as pessoas com imobilização de membros inferiores cujo risco de TEV supera seu risco de sangramento.
São fatores de risco que podem favorecer eventos TEV: mulheres em uso de anticoncepcional, puérperas até a 6º semana, obesidade, faixa etária acima de 70 anos, imobilização no leito.
2.2. Viagens Aéreas
Em uso de “Robot Foot”, Goteira, Gesso circular ou Gesso acrílico, seguir orientação constante no item 2.1.
Nos casos de viagens prolongadas, acima de 1 hora, mesmo com possibilidade de caminhar nos corredores e sem fatores de risco prévio, sugere-se o uso de profilaxia para TEV.
2.3. Nos casos de imobilização prolongada em uso de profilaxia para TEV, considere interromper a profilaxia se a imobilização do membro inferior for continua além de 42 dias.
3. Fraturas da pelve, quadril e fêmur proximal tratadas conservadoramente
Não há consenso na literatura, mas mesmo sem fatores de risco sugere-se o uso de profilaxia para TEV, iniciando após 6 horas do trauma e oferecer profilaxia de TEV por um mês se o risco de TEV superar o risco de sangramento.
4. Fraturas cirúrgicas do pé e tornozelo:
Considere a profilaxia farmacológica de TEV :
4.1. Quando requer imobilização (por exemplo, artrodese ou artroplastia); considerar interromper a profilaxia se a imobilização continuar além de 42 dias,
4.2. Quando o tempo total de anestesia for superior a 90 minutos,
4.3. Quando o risco da pessoal de TEV superar o risco de sangramento.
5. Artroscopias de joelho e tornozelo:
5.1. Esteja ciente de que a profilaxia de TEV geralmente não é necessária para pessoas submetidas as cirurgias artroscópicas dos MMII onde:
5.1.1. O tempo total de anestesia é inferior a 90 minutos,
5.1. 2. O paciente tem baixo risco de TEV.
5.2. Nos pacientes cujo tempo cirúrgico for superior a 90 minutos, sugere-se o uso de antitrombótico oral iniciando 6-12 horas após a cirurgia e mantido por 14 dias.
LUCIO TADEU FIGUEIREDO – Coordenador
ANTONIO AUGUSTO NUNES DE ABREU
CLEUGEN LUIZ BONETTI
EVANDRO PALÁCIO
GUILHERME PEREIRA DA SILVA JUNIOR
JOÃO BAPTISTA GOMES DOS SANTOS
JORGE ALBERTO DE CASTRO VERAS
MARCELO TOMANIK MERCADANTE
OSMAR PEDRO ARBIX DE CAMARGO
Agradecimento: Dra. Ana Clara Kneese Nascimento
Assistente da Santa Casa de São Paulo